Os 7 monstros da mitologia guarani!
Tau e Kerana eram figuras centrais da mitologia dos povos
guarani, onde o folclore predomina no norte da Argentina, sul e oeste do Brasil
e Paraguai.
Kerana era filha de Marangatu, o filho de um dos primeiros
humanos existentes da mitologia guarani. Kerana era a paixão do espírito do mal
denominado Tau, que a cortejava, e até tomava outras formas para tentar ganhar
seu coração, mas ela nunca ligou, até que ele a capturou.
Fugindo com Kerana para um lugar distante, Tau teve sucesso
em seu objetivo, fazendo-a de sua mulher, mas foi amaldiçoado pela grande deusa
Arasy(um dos nomes de Jaci deusa da lua), que fez quase todos os filhos de Tau
nascerem como monstros terríveis, apenas um escapou da maldição.
Uma história alternativa da lenda conta que o oposto de Tau,
o espírito do bem Angatupry, o desafiou para uma batalha que durou sete dias, e
no oitavo, Tau fugiu com Kerana, que foram amaldiçoados pelo próprio Angatupry.
Aqui se encontra a lista das criaturas as vezes consideradas
Deuses ou Espíritos por ordem de nascimento:
Teju Jagua, o espírito das cavernas e das frutas.
Mboi Tu'i, espírito das águas e todos os seres que vivem
nela.
Moñai, espírito dos campos abertos.
Jaci Jaterê, deus da sesta (descanso após a refeição), único
dos sete que não parece como monstro.
Kurupi, espírito da sexualidade e fertilidade.
Ao Ao, espírito dos montes e montanhas.
Luison, espírito da morte.
Teju
Jagua:
Teju Jagua é um dos sete filhos de Tau e Kerana, um monstro
do folclore guarani, era conhecido como o deus das cavernas, grutas, lagos
internos e frutas, era uma quimera assustadora.
Teju Jagua possui um corpo de lagarto, em lendas variantes
possuía sete cabeças de cachorro, ou apenas uma de lobo.
Acredita-se que ele protegia suas frutas e o mel das abelhas
que moravam nas arvores de onde habitava, ficava à espreita, esperando os
humanos furtar, para poder arrastá-los até sua caverna, onde os prendia e
estocava para se alimentar.
Teju Jagua era conhecido por viver nos lugares fechados de
água doce, e foi o primeiro dos filhos a ser abandonado, também o mais velho.
Mboi Tu’i
Mboi Tu’i é o segundo dos sete filhos monstros de Tau e
Kerana, do folclore guarani.
Algumas pessoas acreditam que Mboi Tu’i era um deus das
águas e criaturas marinhas, uma bizarra quimera com corpo de serpente e a
cabeça de papagaio, tem a língua furada da cor de sangue, e a pele cheia de
escamas e listrada. Às vezes pode possuir penas em sua cabeça.
Existem histórias que afirmam que Mboi Tu’i pode voar, mesmo
sem possuir asas, ele subia em rochas e montanhas enquanto procurava alimento.
Dizem que ele não ataca pessoas, nem se alimenta delas, mas
tem um olhar prejudicial que assusta e dá má sorte a todos que se encontram com
ele pelo meio das matas.
Para proteger os anfíbios e outros animais dos lagos, o Mboi
solta um tenebroso grito que pode ser ouvido de muito longe, o que aterroriza
qualquer um que estiver por perto.
Mboi Tu’i significa ‘serpente papagaio’ e se alimenta da
neblina e das frutas, e gosta de viver em lugares úmidos e com flores.
Moñai
Moñai é o terceiro filho de Tau e Kerana, do folclore
guarani. Possui o corpo de cobra, e na sua cabeça tem um par de chifres que
servem como antenas, suas presas são super afiadas e furam como agulhas.
Lendas variantes envolvem Monãi, algumas dizem que ele não
mata, e sim protege todos os seres vivos, porém, tem o poder do hipnotismo, faz
isso com seus chifres, os que usa para caçar pássaros com facilidade, subindo
nas árvores para os pegar.
Dizem também que Moñai gosta de roubar, provocando assim a
discórdia em vilas, o que levava a todos acreditar um tempo depois, que Moñai
sempre era acusado por desaparecimentos misteriosos de qualquer pertence.
Ele escondia todas as coisas furtadas em uma caverna ao lado
de uma montanha.
Os domínios de Moñai eram os campos abertos, onde se
locomovia com grande facilidade deslizando o seu corpo.
Existe uma história que Moñai foi destruído por uma jovem e
os moradores de uma cidade, quando armaram uma armadilha para o queimar, a
jovem fingiu estar apaixonada pelo mesmo, oferecendo-lhe um casamento, mas
antes queria conhecer todos os seus irmãos, assim ele a levou para uma caverna,
onde todos estavam se embriagando.
A caverna era fechada por uma pedra enorme, impossível de
escapar, com isso a jovem Porâsý se sacrificou, gritando para as pessoas atear
fogo com a mesma ainda lá dentro.
Em troca do sacrifício, os deuses elevaram a alma da jovem e
a transformaram em um pequeno, mas intenso ponto de luz destinada a acender a
luz da aurora. Assim explicam no folclore guarani surgimento da estrela d’alva
ou Vênus no céu.
Jaci
Tererê
Jaci Tererê ou em guarani Yasi Yateré, é o quarto dos sete
filhos de Tau e Kerana, e o único que não tem aparência monstruosa, é muito
importante no folclore guarani e seu nome significa ‘Pedaço da lua’.
Ele é descrito como um homem de pequena estatura, ou talvez
um menino, com o corpo já desenvolvido, com cabelos loiros cacheados, e grandes
olhos azuis. Como a maioria dos seus irmãos, habita as matas e é considerado o
protetor da erva-mate, e o senhor da sesta, o descanso depois do almoço.
Sendo o protetor da sesta, todos deveriam descansar,
principalmente as crianças que desrespeitavam a tradição, ele as encantaria com
seu cajado e levaria para seu irmão canibal Ao ao, que as devoraria ou eram
transformadas em feras.
O ponto fraco do Jaci Tererê é o seu cajado, se alguém
consegue o tirar de sua mão, ele chora e esperneia igual uma criancinha
indefesa, assim poderá ser detido.
Dizem que o Jaci Tererê esconde tesouros, no estado de manhã
onde se encontra pelo furto do seu cajado, ele pode revelar vários segredos,
assim como a localização de algum tesouro.
Kurupi
Kurupi o quinto filho de Tau e Kerana, um monstro tenebroso
do folclore guarani, tido como o deus do sexo, sexualidade e fertilidade.
Um homúnculo horroroso que habita as florestas verdes e é
descrito como um ser pequeno, de coloração amarelada ou esverdeada, com olhos
negros sem pupilas, dentes afiados como presas, um cabelo muito ruim e sua
característica marcante, curiosa e absurda: Ele usa o falo como ‘cinto’,
enrolado em seu corpo, e como uma arma para atacar pessoas ou se pendurar em
arvores, o enrolando nelas.
Também é conhecido por atormentar a vida dos índios e
animais, além de se alimentar de filhotes e recém-nascidos, soltar gargalhadas
estrondosas enquanto faz isso, e consegue dar enormes saltos com muita rapidez.
O Kurupi ficava atento à noite, procurando índios perdidos e
caçadores, quando encontrava se satisfazia sexualmente, estuprando com sua
enorme arma, não os deixando escapar, pois esticava em longas distâncias.
Raramente o Kurupi pegava mulheres, isso costumava ocorrer
em noites de lua nova, onde encontrava virgens na mata, para conceber um filho
endiabrado, um híbrido humano e sobrenatural que daria muito trabalho.
Ao Ao
Ao Ao, é um monstro a da Mitologia guarani, e um dos Sete
Filhos de de Tau e Kerana, é frequentemente descrito criatura selvagem parecida
com um carneiro, portando um par de presas afiadas.
O seu nome é derivado do barulho que produz ao perseguir
suas vítimas. O primeiro Ao Ao teria uma enorme força e disposição sexual e por
isso era considerado antigamente o Deus da fertilidade pelos guaranis. Para
eles, Ao ao teve vários filhos iguais a ele, que servem coletivamente como
senhores e protetores das colinas e montanhas.
É descrito ainda como sendo canibal devorador de gente,
embora sua descrição física seja claramente não humana, é meio humano por
nascimento, então o termo canibal se aplicaria. De acordo com a maioria das
versões do mito, quando avista uma vítima para se alimentar, persegue o humano
por qualquer distância ou em qualquer lugar, não parando até conseguir sua
comida.
Se a presa tentar escapar subindo em uma árvore, o Ao Ao
derrubará a mesma, uivando incessantemente e cavando as raízes até a árvore
cair. De acordo com o mito, a única árvore segura para escapar seria a
palmeira, que conteria algum poder contra o monstro, e se a vítima conseguisse
subir em uma, ele desistiria e sairia em busca de outra refeição.
Luison
O sétimo e último filho de Tau e Kerana, Luison um macabro
monstro do folclore guarani, tendo em seu controle o poder da morte. Dos sete
filhos, Luison é o mais temido.
Seu nome é derivado de uma criatura que conhecemos bem, o
famoso lobisomem, pois tem uma característica semelhante, o Luison foi
amaldiçoado a passar as noites de lua cheia transformado em uma criatura com
características de porco, cachorro, e humano, de tamanhos desproporcionais.
Sua forma mais comum é a de um macaco esquelético de olhos
vermelhos brilhantes, com barbatanas de peixe e um falo de anta.
Luison costuma passar as noites vagando por cemitérios como
os Carniçais, comendo carne de defuntos, quem passar por perto, será atacado e
dilacerado.
Muita gente se preocupava apenas com noites de lua cheia,
mas muitas vezes era dito aparecer em outras noites, na sua forma ‘normal’,
vagueando com um bando de cachorros sem dono por qualquer noite.
No Brasil o Luison é conhecido na região Amazônica, no norte
do Mato Grosso e em outros países como Bolívia e Peru.
Que sejam prósperos.
Raffi Souza.