A MALDIÇÃO DO FARAÓ
A lenda conta que às margens do Nilo um jovem Faraó está
morto e a mais de 30 séculos depois um homem está morrendo. Duas mortes
separadas por muitos séculos e ainda assim interligadas.
O homem era um nobre Inglês no ímpeto de encontrar o jovem
Faraó.
Sua busca disparou a maior caça ao tesouro da História e uma
reação de mortes em cadeia. Um a um aqueles que perturbavam a tumba do Faraó,
pereceram. Até hoje as casualidades crescem e a ciência segue um assassino
esquivo de 3.000 anos de idade.
A cena do crime começa no Vale dos Mortos, onde esculpido em
rochas está o maior mausoléu do mundo. É o local onde a 1500 anos antes de
Cristo, os Faraós do Egito foram postos para descansar. Porém, quando os
arqueólogos chegaram, séculos depois, encontraram apenas ossos ressecados,
outros estiveram aqui antes.
Para os arqueólogos, o Vale dos Reis ainda é o lugar mais
rico da Terra, ainda assim um dia acreditaram que ele não escondia mais
surpresas, até que algo extraordinário foi descoberto, a tumba de Tutankamon.
Aos 9 anos ele assumiu o trono e recebeu uma esposa, 9 anos
depois ele estava morto. Pouco se sabe a respeito. Deixando apenas o invólucro
de sua vida, ele sofreu um destino muito pior do que a morte, o esquecimento.
Dois homens eram igualmente desconhecidos, um era o arqueólogo
chamado Howard Carter, o outro seu financiador Jorge Eduard Moline Herbert, o
quinto Conde de Carnarvon.
Pode-se dizer que Carter era o Indiana Jones de sua época, e
assim iniciou uma jornada rumo ao Egito, procurando por algum tesouro ainda não
encontrado.
Os especialistas consideraram essa busca ser um Tiro no
Escuro, era uma época em que não havia detectores de metal e nenhum sonar
sofisticado para pesquisar em bolsas ou buracos sob o solo ou areia. Então foi
um tiro no escuro para todos, menos para Howard Carter.
Diferente de seus predecessores, Carter metodicamente
escavou o Vale dos Reis metro a metro e encontrou hectares de desapontamento.
Logo antes do Natal de 1921, Carnarvon mandou chamar Carter para
dizer que não poderia mais sustentar o que, aparentemente, era um projeto
inútil. Carter explicou que faltava pouco a fazer e implorou por mais uma
temporada. Finalmente Carnarvon concordou, mas deixou absolutamente claro que
essa seria a última temporada.
Logo após o retorno de Carter ao Egito, os trabalhadores
descobriram degraus de pedra que levavam a uma entrada escondida carimbada com
um selo antigo. Era a marca da realeza. Após 5 anos de más notícias, Carter
enviou a seu sócio um raio de esperança e solicitou sua presença o mais rápido
possível. Enquanto Carnarvon estava a caminho algo assustador aconteceu a
Carter.
Carter vivia sozinho e para lhe fazer companhia tinha se
comprado um canário. Todos tinham ficado muito curiosos sobre esse pássaro
amarelo, e diziam que esse pássaro amarelo iria levá-los à tumba.
Tendo acabado de encontrar a tumba, quando Carter retornou à
sua casa, lá chegando seu serviçal saiu correndo segurando um punhado de penas
amarelas dizendo que havia visto uma Naja comendo o canário, e que isso era um
mau presságio, era azar.
Os
trabalhadores naturalmente associaram o fato à Naja que está presente no
ornamento de todo Faraó, crendo ser o próprio Faraó que teria vindo e comido o
sinal da esperança. E que seria uma época péssima para todos, as pessoas iriam
passar por uma época terrível e de muito azar.
Cético, Carter desdenhou do presságio não dando importância
para o acontecimento.
No anoitecer do dia 26 de Novembro de 1922, os trabalhadores
tinham escavado uma segunda entrada que levava ao selo de Tutankamon. Ela
também tinha a marca registrada de ladrões, uma área onde a tumba tinha sido
invadida. Parecia que Howard Carter estava 3000 anos atrasado.
Após alguns dias o financiador da excursão chega para
verificar a grande descoberta. Sozinhos na passagem estavam Lor Carnarvon, sua
filha Lady Evelyn Herbert, o assistente de Carter e o próprio Carter. Diante
dele, a descoberta de sua vida, ou uma tumba para seus sonhos. Carter
prescrutou na escuridão do outro lado da tumba e viu maravilhas.
A sala toda brilhou e tudo o que brilhava era ouro. Carter
estava petrificado. Nunca haviam sonhado com nada assim. Um museu inteiro,
cheio de objetos, alguns dos quais nunca tinham visto iguais. Era
impressionante. Nunca houve outro Faraó encontrado assim, praticamente intacto.
Não há outra escavação tão boa quanto essa.
Mais tarde, para as autoridades egípcias Carter disse que todos
deram uma olhada e depois saíram. Mas as evidências dizem que eles fizeram mais
do que só olhar.
A licença de escavação que Carter e Carnarvon tinham não
permitia que entrassem na tumba sem a presença de uma autoridade em
antiguidades de uma organização egípcia. Na versão de Carter para as
autoridades eles nunca disseram que tinham entrado. Contaram que esperaram e
que apenas olharam lá dentro, selaram o buraco e esperaram três dias para a
autoridade do Cairo chegar e ir com eles.
Mas será que após 10 anos de enormes dificuldades, você
teria esperado? Não, não teria feito isso!
Eles fizeram o que qualquer um teria feito, eles entraram e passaram
a noite toda lá dentro.
Inebriados pelo sucesso, os descobridores cometeram um erro
profético. A Tumba de Tutankamon iria se tornar uma das maiores histórias da
história. Mas para compensar suas despesas, Lord Carnarvon vendeu seus direitos
exclusivos para um jornal. Carter viveria para lamentar o erro, Carnarvon não.
Numa manhã de primavera de 1923, Lord Carnarvon se cortou
exatamente onde um mosquito o havia picado dias antes. O ferimento não sarava.
Dias depois numa viagem ao Cairo, Carnarvon foi devastado pela febre e ficou
extremamente enfermo. Seu secretário enviou as más notícias para Carter, a
picada de mosquito tinha infeccionado. Aquela picada envenenada se espalhou
pelo seu corpo e seu sangue está envenenado. O quadro de Carnarvon era irreversível!
No momento em que ele morreu, todas as luzes do Cairo se
apagaram, sendo que os administradores dos serviços públicos da época não
localizaram nenhum motivo para as luzes terem se apagado. Após 20 minutos a
energia foi restaurada como num passe de mágica, sem ninguém interferir.
Naquele exato momento, outra coisa inexplicável aconteceu, a
mais de 3200 km de distância, na Inglaterra. A pequena Fox Terrier de
Carnarvon, estava dormindo na sua cesta, e no mesmo segundo que ele morreu, a
cachorrinha se sentou na sua cesta, uivou e morreu.
Como o Rei, cujo sono ele perturbou, o nobre inglês também
não descansaria em paz. O corpo de Carnarvon ainda não tinha esfriado quando a
imprensa deu o nome do culpado pela sua morte.
Inscrita na tumba, escreveu um repórter, também estava uma
maldição que alertava “Matarei todos aqueles que cruzarem esta entrada.”
Um outro jornal relatou uma maldição exata: “Aqueles que
penetrarem nesta tumba sagrada, logo serão visitados pelas asas da morte.”
Mas a morte de Carnarvon não seria a última.
Entre os visitantes da tumba de Tut em 1995, estavam Gerry
Mansel e sua esposa Sharryl. Para Sherryl, uma estudante da história da arte,
era a viagem de uma vida. As paisagens a impressionavam tanto que apenas vê-las
não era o bastante.
Descendo até as tumbas,Sherryl e seu esposo estavam olhando
as pinturas azuis escuras e vermelhas, ela se inclinou pra frente e estava
olhando uma pintura muito de perto, ergueu a mão até a pintura e tocou-a.
Esfregou o dedo na tinta, o guia viu e gritou com ela.
Quando o casal retornou à Pensilvânia, os problemas de
Sherryl começaram. Três semanas após termos voltado, ela começou a ter uma leve
tosse, que foi piorando até que ela finalmente estava tossindo a maior parte do
tempo. Ela já havia sido tratada pela doença de Rodkin, e eles suspeitaram que a
doença havia retornado novamente porque os sintomas eram muito parecidos.
Cerca de um dia ou dois depois, eliminaram esta
possibilidade e começaram a pensar que o problema era algo nos pulmões. Os
médicos nunca tiveram a chance de descobrir porque a doença evoluiu muito
rápido, então decidiram fazer uma biópsia dos pulmões. Através dessa biópsia os
médicos puderam identificar um fungo, o Aspergirus Niger e muito provavelmente
foi esse o evento que precipitou a sua doença.
Esporos microscópicos do fungo são facilmente inaláveis,
corpos saudáveis resistem a eles, mas o sistema imunológico de Sherryl estava
debilitado devido a sua batalha contra a doença de Rodkin. Sherryl Mansel
estava faminta de oxigênio. 10 dias após ela ter dado entrada no Hospital, os
seus pulmões falharam. Ela tinha 38 anos de idade. Mas o caso ainda não estava
fechado, o mistério era a cena do crime. Onde Sherryl Mansel encontrou seu
assassino?
Seu marido relatou a viagem que fizeram ao Egito e ligou a o
acontecido à cena do crime, ela podia
ter pego algo lá. Então tínhamos que descobrir se esse fungo também estava
presente nas tumbas que ela tinha visitado. Era o único lugar de onde poderia
ter vindo.
Os médicos ligaram para o departamento de egiptologia da
Universidade da Pensilvânia. Eles estavam imaginando que isso tinha algo a ver
com a maldição.Também era muito importante saber se esse evento já havia sido
descrito antes. E a resposta foi impressionante, havia sim sido descrito
anteriormente. Em 1923, dois homens tiveram morte súbita após visitarem a tumba
de Tut. O que os médicos chamaram de febre foi anunciado como “A Maldição de
Tutankamon”. Mais duas mortes súbitas se seguiram, o assistente que ajudou
Howard Carter a penetrar na tumba e outro homem que ajudou Carter a retirar o
conteúdo da tumba.
O verdadeiro assassino espreita nas próprias paredes da
tumba. Parecia tinta descascada até que se olhou de perto. As paredes estão
cobertas de um afloramento de fungos marrons, os germes originais que
provavelmente foram introduzidos pelo gesso ou pela tinta. Os fungos se
alimentaram da umidade do gesso após a câmara ter sido lacrada. O fungo é o
Aspergirus Niger. Na tumba, cálida e úmida, ele prosperou. A única coisa que
viveu durante 3000 anos.
Quando Sherryl Mansel chegou no Egito, com seu sistema
imunológico debilitado, ela era uma ótima hospedeira para o fungo. Ligando o
caso de Sherryl, que é um caso atual, à visita das próprias tumbas, os
pesquisadores foram capazes de estabelecer uma relação direta entre o que pode
ter acontecido aos arqueólogos que visitaram a tumba em tempos remotos. Eles
estavam muito certos de que o Aspergirus pode ter desempenhado um papel
fundamental na morte destas pessoas.
A ciência estava pronta para encerrar o caso de Sherryl
Mansel, mas não a maldição de Tutankamon.
Em 11 de Novembro de 1925 Howard Carter comete o que seria
um sacrilégio para a memória do Faraó e do povo Egípcio, para recuperar os
amuletos que estavam com Tutankamon, Carter realizou uma operação radical, ele
cortou o corpo.
O resultado dessa autópsia foi fatal. Em 14 dias dois
participantes do grupo morreram. Até 1927 seis homens tinham morrido devido a
uma única causa aparente, a Maldição da Múmia.
Apesar de morta a milhares de anos, uma múmia permanece viva
com bactérias, algumas inofensivas, outras letais.
A tosca autópsia de Carter liberou um assassino invisível. O
pó de uma múmia, esse era o perigo na tumba de Tutankamon.
O homem que encontrou a tumba de Tutankamon, estava entre os
poucos que escaparam de sua maldição, ou quase. Quando fez a maior descoberta
da arqueologia, Howard Carter teve o mundo a seus pés, e então, ele tropeçou.
Ele tinha que trabalhar em um ambiente terrível, árido, seco, com tempestades
de pó, seu melhor amigo Carnarvon estava morto, ele estava sendo muito
pressionado pelos Egípcios e estava sob enorme pressão da imprensa que não teve
acesso a história, ele tinha um espaço muito pequeno para trabalhar, estava
enlouquecendo, estava irritado, seu temperamento estava explosivo. Howard
Carter chegou ao limite, ele não agüentou mais e enlouqueceu.
Obcecado e com acesso ao que ele sentia ser a sua tumba, um
dia Carter trancou todos para fora, inclusive os egípcios. Isso foi um grande
erro, como estrangeiro trabalhando em um país ele tinha de saber que era
convidado, e se você é convidado precisa respeitar as pessoas com quem está
trabalhando.
Quando ele fez essa insanidade de instalar um enorme portão
de ferro e trancá-lo, foi como se a Inglaterra estivesse tomando algo que
pertencia ao povo egípcio, o que era verdade. Os egípcios se enfureceram e o
puseram para fora.
Após um ano de exílio, permitiram que Carter retornasse, mas
a um preço terrível, ele tinha que renunciar o seu direito ao tesouro de
Tutankamon.
O destino o poupou para viver dia após dia com o tesouro que
ele encontrou mas que nunca poderia possuir. Talvez a maldição definitiva.
Carter passou a década seguinte no Vale dos Reis catalogando
as 5000 peças maravilhosas de Tut. No dia 02 de Março de 1939 aos 65 anos ele
morreu de causas naturais.
Antes de morrer Carter ressarciu Tutankamon, remendando os
ossos do Faraó e deixando que ele descansasse em paz em sua tumba.
Mas ele não descansaria. Numa reação em cadeia de tragédias,
sua maldição fez mais cinco vítimas.
Primeiro, Lady Carnarvon morreu subitamente vítima de uma
picada de inseto, como seu marido. Então Richard Bitchel, o secretário de Lord
Carnarvon morreu misteriosamente enquanto dormia. Três meses depois o pai de
Bitchel, lançou-se para a morte do sétimo andar de um edifício, ele deixou um
bilhete culpando a maldição do rei Tut pela morte de seu filho.
A caminho do cemitério, o carro fúnebre do pai de Bitchel
atingiu um garoto de 8 anos. No exato momento da morte do garoto, morreu também
um funcionário do museu britânico cujo campo era a egiptologia.
Durante três décadas a maldição ficou adormecida, até a
última vez que o sono de Tutankamon foi perturbado.
Os tesouros reais deveriam acompanhar o Rei para a jornada
do pós vida. Ao invés disso eles fizeram um desvio. Na década de 70 o Egito
cedeu a uma exigência popular e enviou muitas das relíquias de Tut a uma turnê
mundial. O diretor de antiguidades do Egito sonhou que morreria se os tesouros
deixassem o país. Três meses depois, num acidente de carro, ele foi a 25 vítima
da maldição de Tut.
No mesmo dia em que a máscara de Tut foi preparada para ser
levada a Londres, uma autoridade egípcia que zombou da maldição, morreu de
ataque cardíaco.
Quando o tesouro chegou a Londres lá estava Lady Evelyn
Herbert, a primeira pessoa a entrar na tumba de Tut.
Nesta época as TV´s e rádios procuravam por Lady Evelyn
Herbert para saber sobre a maldição. Ela ria e dizia que estava viva e bem aos
70 anos e que não acreditava nela. Porém, saindo do museu, provavelmente em sua
quinta visita, ela sofreu um derrame e ficou paralisada. Mas isso poderia ser
facilmente explicado por uma coincidência e ter acontecido devido ao stress.
A coincidência conseguiu explicar a morte da maioria das
vítimas da Maldição de Tut. Para explicar as outras, a ciência voltou para dar
uma olhada mais de perto.
Um renomado egiptólogo afirma que nenhuma das inscrições da
tumba pode ser consideradas uma maldição, então o que se consideraria como uma
maldição não ocorre na Tumba do Rei Tut.
A chamada Maldição foi inadvertidamente espalhada quando da
morte de sua primeira vítima.
Quando Lord Carnarvon vendeu os direitos exclusivos para o
Jornal London Times, os jornais locais ficaram ultrajados. Quando Carnarvon
morreu eles se vingaram publicando sobre os rumores de uma maldição.
Grasi Marchioro
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