A deusa da guerra:
Morrigan!
Morrígan ("Terror" ou "Rainha
Fantasma"), também escrita Mórrígan ("Grande Rainha") ou ainda
como Morrígu, Mórríghean, Mor-Ríogain, é uma figura divina da mitologia
irlandesa (céltica), embora não seja referida como "deusa" em alguns
textos antigos.
Representada comumente como uma figura terrível, nas glosas
dos manuscritos medievais irlandeses como uma equivalente a Alecto - uma das
Fúrias na mitologia grega - de fato, um dos textos refere-se a Lamia como
"um monstro de formas femininas, i. e., uma Morrigan" - ou ainda como
o demônio hebreu Lilith, a primeira esposa de Adão (Na mitologia cristã, Lilith
não aceita ficar debaixo do homem durante o ato sexual, e questiona sua
importância perante Deus. Ela abandona Adão e o paraíso, vagando solitária e
indo se envolver com os demônios e Lúcifer no inferno).
Associada com a vingança, a guerra e a morte no campo de
batalha, algumas vezes é anunciada com a visão de um corvo sobre carcaças,
premonição de destruição ou mesmo com vacas. Considerada uma divindade da
guerra, comparável às Valquírias da mitologia germânica, embora sua associação
com o gado bovino permita também uma ligação com a fertilidade e o campo.
Possui, também, associações com os rios, pois em suas premonições é encontrada
lavando a roupa dos mortos na beira de um riacho.
"Para os celtas, a morte não era um fim, mas um
recomeço em um Outro Mundo, o início de um novo ciclo".
A deusa, portanto, possui um vasto domínio na mitologia
celta, sendo deusa da guerra, da vingança, da fertilidade, das premonições, da
destruição, da morte em batalha, e da magia. Domínios que tem certa conexão. A
guerra destrói, abrindo caminho para algo novo renascer. A figura da mulher,
aquela bruxa que ficava em casa curando os feridos, preocupando-se com os
filhos e dando-lhes a vida, e trazendo a comida à mesa... e é justamente isso
que significa a sua "fertilidade", no sentido de um novo ciclo livre
para florescer. O uso de magia frequentemente está associado ao conhecimentos
de ervas (hoje conhecida como pharmácia).
É também vista nas visões como uma metamorfa que assume ora
a forma de um corvo, ora a forma de um lobo. Dois dos animais sagrados da
deusa. Com frequência vista como uma divindade trinitária, embora as
associações desta tríade variem: a mais frequente dá-se de Morrígan com Badb e
com Macha - embora algumas vezes incluem-se Nemain, Fea, Anann e outras.
Sabemos que na mitologia Celta a Deusa possui 3 aspectos - o
da Jovem, da Mãe e da Anciã, representando os 3 estágios de sabedoria pelos
quais passa a mulher: a virgem que dará filhos, a responsável pela colheita, e
a velha, que sabe tudo. Na mitologia grega encontramos as tecedeiras, chamadas
Moiras. Também elas representam conhecimento e poder sobre o destino da vida
dos homens.
Ciclo do Ulster
As mais antigas narrativas de Morrígan estão nas histórias
do "Ciclo do Ulster", onde ela tem uma relação ambígua com o herói
Cúchulainn. No Táin Bó Regamna (Rapto das Vacas de Regamain), o herói acorda
assustado com um grito, que seu cocheiro, Lõeg, também ouviu, e disse ter vindo
da noroeste, seguindo a rota que levava a Caill Cûan (Porto do Bosque). Ele
então encontra uma mulher ruiva com um manto vermelho, sobre um carro que
possuía um único cavalo vermelho, com apenas um pé. Acompanhava-a um homem alto
que segurava uma lança cinza. CuChulainn notou que ela estava a roubar uma das
vacas de Ulster, a qual ela dizia ser de sua posse, sendo a novilha o pagamento
por um poema. No entanto, o herói estava convencido de que ele era o
proprietário da novilha, e os dois compartilharam ameaças. Mais tarde, a mulher
revelou ser Morrigan, a deusa da guerra e da morte(também conhecida como Babd).
Ela partiu, deixando uma frase enigmática: "eu vigio sua morte".
No Táin Bó Cuailnge a Rainha Medb de Connacht comanda uma
invasão ao Ulster para roubar o touro Donn Cuailnge. Morrígan surge ao touro na
forma de um corvo, e o previne para fugir. Cúchulainn defende o Ulster,
travando no vau dum rio uma série de combates contra os campeões de Medb. Entre
os combates, Morrígan lhe surge, com aparência de uma bela moça, oferecendo-lhe
seu amor e auxílio na batalha - mas ele a rejeita. Como vingança ela interfere
no seu próximo combate, primeiro assumindo a forma de uma enguia, fazendo-o
tropeçar; depois, com a forma de um lobo, provocando um estouro da boiada, e
finalmente como uma novilha que conduz o rebanho em fuga - tal como havia
ameaçado em seu primeiro encontro. Cúchulainn é ferido por cada uma das formas
que ela assume mas, apesar disto, consegue derrotar seus oponentes. Ao final
ela reaparece-lhe, como uma velha que trata-lhe os ferimentos causados por suas
formas animais, enquanto ordenha uma vaca. Ela oferece a Cúchulainn três copos
de leite. Ele a abençoa por cada um deles, e suas feridas são curadas.
Numa das versões sobre o conto da morte de Cúchulainn,
falando sobre como o herói enfrenta seus inimigos, diz-se que este encontra
Morrígan como uma velha que lava sua armadura ensanguentada à margem do rio -
um presságio de sua morte. Depois, mortalmente ferido, Cúchulainn amarra-se a
uma pedra com suas próprias entranhas, para assim poder morrer em pé... somente
quando um corvo pousa sobre seu ombro é que os inimigos acreditam que realmente
está morto.
Ciclo mitológico
Morrígan também aparece em textos do chamado "Ciclo
Mitológico" celta. Na compilação histórica Lebor Gabália Érenn, do século
XII, ela está listada entre Tuatha Dé Danann, como uma das filhas de Ernmas,
neta de Nuada.
Primeira Batalha de Moytura
Durante a Primeira Batalha de Moytura, Morríghan, Macha e
Badb, "As filhas de Ernmas", atacam os Fir Bolg com "banhos de
magia e nuvens tempestuosas e névoa, e poderosas chuvas de fogo, e uma jato de
sangue derramado do ar sobre as cabeças dos guerreiros inimigos", uma
descrição perfeita do que se pode esperar de deusas celtas da guerra em ação.
Ao assistir a fúria com que a guerra era travada, o bardo dos Fir Bolg diz que
Badb, que significa corvo "ficará grata" pelos "corpos perfurados"
deixados no campo de batalha.
Na véspera da Segunda Batalha de Moytura, também o rei líder
dos Tuatha De Danann, Dagda, encontra Morrigan no vau do rio Unshin, lavando as
armas ensanguentadas e os cadáveres dos que viriam a tombar no dia seguinte.
A Deusa então dá a Dagda informações sobre o combate,
revelando seus dons proféticos. Igualmente, dá provas de coragem e poder quando
afirma que ela mesma arrancará o coração do seu inimigo. Em pagamento, Dagda
sacia seu apetite sexual, unindo-se a ela ali mesmo, em meio aos cadáveres que
morrerão, enfatizando a íntima ligação entre a vida e a morte.
A união entre uma deusa "sombria" com Dagda, deus
que traz vida e fartura, é a perfeita imagem do equilíbrio - especialmente por
ocorrer no entremeio de água e terra (o vau), dia e noite (crepúsculo), ano
velho e novo (Samhain). Nesse momento, Morrigan representa a Soberania da
terra, e Dagda o legítimo líder que a desposa. Dessa união surge a vitória dos
Tuatha Dé Danann.
Natureza e atributos
Morrígan é frequentemente considerada como uma deusa trina,
mas a sua suposta natureza tripla é ambígua e inconsistente. Às vezes surge
como uma de três irmãs, as filhas de Ernmas: Morrígan, Badb e Macha. Por vezes
a trindade consiste em Badb, Macha e Nemain - coletivamente conhecidas como
Morrígan ou, no plural, como as Morrígan. Ocasionalmente Fea e Anu também
surgem, em várias combinações. Morrígan, porém, muitas vezes aparece só, e seu
nome por vezes é transmutado para Badb, sem a terceira "forma" mencionada...
A Deusa nas mitologias celtas, e na religião da Wicca, por exemplo, pode se
apresentar em suas 3 formas, ou apenas em uma, e há ainda uma face oculta, que
é a da Morte. Esta metamorfose se atribui ao fato de que a existências de seres
como ela é etérea, ou será como ela o desejar.
Morrigan é aquela que tem o poder.
Morrígan é usualmente tida como "deusa guerreira":
W. M. Hennessey, em sua obra A antiga deusa irlandesa da guerra, escrita em
1870, foi influenciado por esta interpretação. O seu papel envolve frequentemente
a morte violenta de determinado guerreiro, ao tempo em que é sugerida uma
ligação com Banshee (espécie de fada) do folclore posterior). Esta ligação
torna-se mais evidente no livro de Patricia Lysaght (The Banshee: The Irish
Death Messenger - Banshee: a mensageira irlandesa da morte - pág. 15): "Em
certas áreas da Irlanda encontra-se este ser fantástico que, além do nome
feérico, também é chamada de Badhb".
Morrígan, também escrita Mórrígan ou ainda como Morrígu,
Mórríghean, Mór–Ríogain, é uma Deusa dos povos celtas da Irlanda que muitas
vezes é tida como patrona das sacerdotisas e das bruxas.
Seu nome significa “Grande Rainha” mas também pode
significar “Rainha Fantasma” ou apenas “Terror”.
Morrígan, como todas as deidades celtas está associada as
forças da natureza, ao poder sagrado da terra, o Grande Útero de onde toda a
vida nasce e depois deve morrer para que a fecundidade e a criação da terra
possam renovar-se. Por isso também é vista como uma Deusa da Morte e da Guerra,
invocada antes das batalhas, como a Deusa do Destino humano.
Associada com a vingança, a guerra e a morte no campo de
batalha, algumas vezes é anunciada com a visão de um corvo ou um lobo entre as
carcaças, premonição de destruição ou mesmo com vacas. Embora sua associação
com o gado bovino permita uma ligação com a fertilidade e o campo. Possui,
também, associações com os rios, pois em suas premonições é encontrada lavando
a roupa dos mortos na beira de um riacho.
A Deusa possui um vasto domínio na mitologia celta, sendo
deusa da guerra, da vingança, da fertilidade, das premonições, da destruição,
da morte em batalha, e da magia. Domínios que tem certa conexão. A guerra
destrói, abrindo caminho para algo novo renascer. Para os celtas, a morte não
era um fim, mas um recomeço em um Outro Mundo, o início de um novo ciclo.
Etimologia
“Mor” pode derivar de uma raiz indo-europeia que significa
“terror” ou “monstruosidade”, cognada com o inglês antigo “maere“(que sobrevive
na palavra inglesa moderna “nightmare” ou “pesadelo”) e a palavra escandinava e
eslavo”mara” com o mesmo significado de “pesadelo”; enquanto “Rígan” se traduz
como “rainha”. Conseqüentemente, Morrígan é traduzido frequentemente como
“rainha fantasma”.
No Irlandês, Mórrígan com o “o” prolongado pode significar
“Grande Rainha” já que no antigo irlandês “mór” significa “grande”
Também houve tentativas de escritores modernos de vincular
Morrígan com a figura literária galesa Morgan le Fay cujo nome pode derivar da
palavra galesa para “mar”, mas os nomes são derivados de diferentes culturas e
diferentes ramos da árvore linguística celta.
Triplicidade
Morrígan é frequentemente considerada como uma deusa trina,
mas a sua suposta natureza tripla é ambígua e inconsistente por isso nem sempre
é referida como “deusa” em alguns textos antigos.
Morrígan às vezes é descrita como sendo três irmãs, as “três
Morrígna” filhas de Ernmas: Badb, Macha e Nemain, enquanto em outro lugar é
dado como Badb, Macha e Anand (o último é dado o outro nome para o Morrígan).
Ocasionalmente Fea e Anu também surgem, em várias combinações. Morrígan, porém,
muitas vezes aparece só, e seu nome por vezes é transmutado para Badb, cujo
nome significa “Corvo” que é um dos animais a qual Morrígan se transforma.
Alguns defendem que estes eram todos nomes para a mesma
deusa. As três Morrígna também são nomeadas irmãs das três deusas da terra,
Ériu, Banba e Fódla.
Correspondentes em outras mitologias
Representada comumente como uma figura terrível, nos
comentários de manuscritos medievais irlandeses ela é vista como uma
equivalente a Alecto (uma das Fúrias na mitologia grega). Um dos textos
refere-se a Lamia como “um monstro de formas femininas, i. e., uma Morrigan“.
Há ainda comparação de Morrígan com a primeira esposa de Adão, a Lilith cristã
(vista como um o demônio hebreu e não uma Deusa).
Ela também é uma divindade da guerra, comparável às
Valquírias da mitologia germânica.
No folclore tardio, Morrígan foi associada a banshee, um
espírito que anuncia a morte através de gritos que só quem irá morrer pode
ouvir.
Parentesco
Filha de Ernmas:
Irmã de Badb, Macha
Deusas com atributos semelhantes:
Mitologia Celta: Macha, Badb, Nemain, Anand
Mitologia Cristã: Lilith, a 1ª esposa de Adão
Mitologia Germânica: As Valquírias
Mitologia Grega: Alecto, uma das três erínias
Guia rápido de Correspondências:
Invoque Morrígan para: justiça, maldições, mortes,previsões,
premonições, vingança, sombras, travessias, fertilidade, soberania, contra
inimigos, coragem
Animais: corvo, gralha, lobo, vaca ou novilho
Aromas e ervas: cheiros cítricos, absinto.
Alimentos e Bebida: vinho, suco de romãs, carne
Cores: Dourado, negro e vermelho
Pedras: Ágata do Fogo, Heliotropo, Cornalina, Fluorita,
Granada, Hematita, Jaspe, Vermelho, Rubi e Olho de Tigre
Face da Deusa: todas
Fase da lua: Negra e Minguante
Elemento: Fogo e Terra
Estação do ano: Inverno
Signo: Áries
Planeta: Marte
Símbolos: lâminas, caveiras, corvos
Morrigan é a patrona das sacerdotisas e das bruxas.
É também a deusa celta da guerra e seu nome significa
“Grande Rainha”.
Morrigan ou Morrigu, Macha e Badb formam a triplicidade
conhecida como as "MORRIGHANS", as FÚRIAS da guerra na mitologia
irlandesa.
Morrigan, como todas as deidades celtas está associada as
forças da Natureza, ao poder sagrado da terra, o Grande Útero de onde toda a
vida nasce e depois deve morrer para que a fecundidade e a criação da terra
possam renovar-se.
Imaginem uma mulher extremamente alta, cabelos longos até a
cintura que serviam como uma espécie de "capa" sobre os ombros, olhos
penetrantes tão negros como a noite, pele branca quase translúcida e corpo de
músculos bem delineados que não deixavam de revelar encantos femininos sem par
e fazer qualquer um pensar nos prazeres carnais que ela poderia oferecer.
Agora não se deixem enganar por sua bela aparência, pois
detrás delas há uma guerreira implacável, caçadora das mais hábeis, mestra no
manuseio de qualquer arma e invencível no combate por sua força descomunal e
invulnerabilidade.
Morrigan é também a Deusa da Morte, do Amor e da Guerra, que
pode assumir a forma de um corvo. Nas lendas irlandesas, Morrigan é a deidade
invocada antes das batalhas, como a Deusa do Destino humano. Dizia-se que
quando os soldados celtas a escutavam ou a viam sobrevoando o campo de batalha,
sabiam que havia chegado o momento de transcender. Então, davam o melhor de si,
realizando todo o tipo de ato heróico, pois depreciavam a própria morte. Para
os celtas, a morte não era um fim, mas um recomeço em um Outro Mundo, o início
de um novo ciclo.
Aliás, em qualquer batalha, seja entre deuses ou mortais, lá
estava ela liderando tropas com um grito de guerra tão alto quanto o de dez mil
homens e plenamente armada até os dentes onde se destacava em sua indumentária
de combate as duas lanças da mais pura prata que carregava nas mãos ( quando
lançadas capazes de partir ao meio o avanço de um exército inimigo e destroçar
em pedaços quem estivesse mais próximo ).
Compreender a morte no ponto de vista celta nos faz recusar
o fato de muitos autores associarem Morríghan ao aspecto Anciã. A morte é um
inicio de um novo ciclo, a entrada num novo mundo, e não somente o fim. Os
Celtas não tinham esta nossa moderna visão negativa da morte. Portanto antes de
Anciã, Morríghan Donzela é.
Durante a Primeira Batalha de Moytura, Morríghan, Macha e
Badb, "As filhas de Ernmas", atacam os Fir Bolg com "banhos de
magia e nuvens tempestuosas e névoa, e poderosas chuvas de fogo, e uma jato de
sangue derramado do ar sobre as cabeças dos guerreiros inimigos", uma
descrição perfeita do que se pode esperar de deusas celtas da guerra em ação.
Ao assistir a fúria com que a guerra era travada, o bardo dos Fir Bolg diz que
Badb, que significa corvo "ficará grata" pelos "corpos
perfurados" deixados no campo de batalha.
Na véspera da Segunda Batalha de Moytura, também o rei líder
dos Tuatha De Danann, Dagda, encontra Morrigan no vau do rio Unshin, lavando as
armas ensangüentadas e os cadáveres dos que viriam a tombar no dia seguinte.
A Deusa então dá a Dagda informações sobre o combate,
revelando seus dons proféticos. Igualmente, dá provas de coragem e poder quando
afirma que ela mesma arrancará o coração do seu inimigo. Em pagamento, Dagda
sacia seu apetite sexual, unindo-se a ela ali mesmo, em meio aos cadáveres que
morrerão, enfatizando a íntima ligação entre a vida e a morte.
A união entre uma deusa "sombria" com Dagda, deus
que traz vida e fartura, é a perfeita imagem do equilíbrio - especialmente por
ocorrer no entremeio de água e terra (o vau), dia e noite (crepúsculo), ano velho
e novo (Samhain). Nesse momento, Morrigan representa a Soberania da terra, e
Dagda o legítimo líder que a desposa. Dessa união surge a vitória dos Tuatha Dé
Danann.
Morrigan também tinha poderes mágicos como o de cegar os
inimigos jogando sobre o campo de batalha uma névoa penetrante bem como também
dotada do dom de mudar sua forma humana para de um corvo carniceiro, lobo ou
mesmo de uma anciã de aparência bem inocente. Conhecendo bem tanto o poder
curativo das ervas e raízes quanto a maneira de usa-las como um veneno mortal.
Esta em poucas palavras é a descrição de Morrigan, cujo o
nome em gaélico significa ´´Grande Rainha´´, deusa celta da guerra. Ao seu
lado, seguindo-a para todo lado como um séquito de uma rainha, haviam as suas
não menos importantes irmãs :
Fea ( chamada de ´´ a Odiosa ´´ ), Nemon ( conhecida também
popularmente como ´´ a Venenosa ´´ ) , Badh ( atendendendo pelo apelido
sugestivo de ´´a Fúria´´ ) e Macha.
Nemon e Fea eram ambas esposas do famoso Nuada da Mão de
Prata, um dos reis dos Tuatha Dé Danann (Povo da Deusa Danu) que em combate com
Sreng dos Fir Bolgs ( antigos habitantes da Irlanda e tribo aliada dos
Fomorianos ) teve a mão decepada e depois substituida por uma mão de prata
feita através das incriveis habilidades de Diancecht ( deus gaélico da medicina
)até ser restituida por Miach e Airmid ( filhos de Diancecht ).
Em poder se comparavam juntas a força de Morrigan.
Macha regia os pilares nos quais eram empaladas as cabeças
dos guerreiros mortos em combate para qual eram feitos pelos celtas o culto da
cabeça na idéia de ser assim capaz de capturar o espírito dos inimigos. Diziam
que Macha vivia a cantar nos campos de batalha, com uma voz bela e magnética
que tinha o poder de enfeitiçar os inimigos e leva-los a loucura ao ponto de
cometerem o suicídio.
Por sua vez, Badh vinha com suas irmãs para animar os
combatentes dos quais estavam ao seu lado na batalha para assim inspira-los a
ficarem cada vez mais ferozes , afastando o medo da morte do coração e o receio
da derrota. Era individualmente a irmã mais próxima no contato com Morrigan,
atuando como sua conselheira e confidente.
Curiosamente a Grande Rainha , sempre vitoriosa no combate,
acabou pelo amor não correspondido de Cuchulainn ( uma espécie de semi-deus e
herói celta ao estilo de Hércules dos gregos ) sendo atingida de uma forma mais
dolorosa do que em qualquer ferimento obtido em batalha.
Assim, ironicamente, o Amor foi a arma que finalmente
derrotou a invencível Morrigan.
Conta-se que Morrigan foi atraída pelas façanhas do herói
celta Cúchulain. Certa vez, Cúchulain foi acordado por um forte grito vinto do
Norte (que na lenda celta, é o Reino da Justiça e Morte). Ordenou, então, ao
seu cocheiro que ele preparasse a carruagem para que fossem atrás da origem do
estranho grito.
Durante a viagem pelo Norte, encontraram uma mulher vindo em
direção a eles: ela usava um longo vestido e manto vermelho, tinha cabelos
ruivos e carregava uma lança longa e cinza. Saudando-a, Cúchulainn perguntou
quem era ela. A mulher respondeu-lhe que era filha de um rei chamado Buan (o
Eterno), e que tinha caído de amor por ele depois de ouvir sobre seus feitos.
Cúchulainn não reconheceu que a mulher era uma encarnação da
deusa Morrigan, e bruscamente respondeu-lhe que tinha coisas melhores a fazer,
do que preocupar-se com o amor de uma mulher. Morrigan disse-lhe que ela havia
ajudado em seus combates, e que iria continuar a ajudá-lo em troca de seu amor.
Arrogantemente, Cúchulainn recusou, dizendo que não precisava da ajuda de
nenhuma mulher em uma batalha.
Morrigan enfureceu: "Se você não quer o meu amor e
ajuda, então você terá meu ódio e inimizade. Quando você estiver em combate com
um inimigo tão bom como a ti mesmo, irei contra você em várias formas e
impedirei-o, até que seu oponente tenha a vantagem."
O herói desembainhou a espada para atacar a mulher, mas
assim que iria ameaçá-la, viu um corvo sentado no galho de uma árvore. O corvo
era o pássaro totem da deusa e Cúchulainn finalmente percebeu que ele havia
rejeitado a ajuda da Morrigan, a temível.
No dia seguinte, Cúchulainn desafiou um grande guerreiro
chamado Loch. Este zombou de Cúchulainn e se recusou a lutar. Mas, o herói o
provocou e o combate iniciou-se e a deusa iria interferir. Morrigan veio contra
ele três vezes. A primeira foi na forma de uma novilha vermelha que tentou
bater-lhe; a segunda foi na forma de uma enguia, que envolveu-se em suas pernas
enquanto ele estava na água, e; pela terceira vez, ela veio de encontro a ele
como um lobo cinzento que agarrou o braço da espada.
Apesar das vantagens ganhas pelo seu adversário, Cúchulainn
conseguiu acertar a deusa: quebrou a perna da novilha, pisoteou a enguia e
espetou um olho do lobo. Apesar das desvantagens em relação à Loch, Cúchulainn
conseguiu, finalmente, matá-lo como sua lança mágica.
Depois que o confronto terminou, Morrigan apareceu-lhe
novamente, mas desta vez, sob a forma de uma velha que ordenhava uma vaca de
três tetas. Cúchulainn pediu-lhe um copo de leite, então, ela deu-lhe a bebida
da primeira teta, mas não foi o suficiente para saciar sua sede; deu-lhe então
mais leite, só que da segunda teta, e o efeito ainda fora o mesmo; finalmente,
a partir da terceira teta da vaca, a bebida pôde saciar a sede do herói. Grato,
ele perguntou como poderia recompensá-la, e ela pediu para que a curasse dos
ferimentos que ele a tinha causado enquanto estava sob os disfarces - apenas Cúchulainn
podia curar as feridas, e gentilmente o fez.
Morrigan apareceu para ele mais outras vezes, e por último
em sua morte na Batalha de Muirthemn, como um corvo que pousou em seu ombro.
Quando Lugo (Lugh) pergunta para Morrigan qual seria a sua
contribuição para derrotar os exércitos dos Fomore (dentro da segunda grande
batalha de Mag-Tured) ela responde: "Não te preocupes: tudo o que eu
quiser alcançarei, graças ao poder dos meus feitiços.
A minha arte aterrorizará de tal modo os Fomore que a planta
dos seus pés ficará branca, e os seus maiores campeões terão uns a seguir aos
outros devido à retenção da urina. Quanto aos outros guerreiros, fá-los-ei ter
tanta sede que ficarão enfraquecidos, e farei com que todas as fontes fujam
deles de modo a não poderem matar a sede.
E enfeitiçarei as árvores, as pedras e as elevações de terra
de tal modo que, confundindo-as com contingentes de homens armados, os inimigos
nelas se perderão cheios de terror e de pânico".
Muitos pronunciam seu nome, muitos clamam ser seus súditos.
Poucos a conhecem.
Muitos acham que encontrarão a Morrigan em modismos góticos
e ambientes dark... Talvez apreciem a morbidez pela morbidez – práticas
modernas que nada têm a ver com a Morrigan. A Morrigan é a Grande Rainha. Ela é
a majestade da terra;
- a Vida, e a preservação dela;
- a Beleza, e o esplendor dela;
- a Sabedoria, e a fonte dela.
Deusa Eriu ou Macha, Ela é a própria terra, mãe de todos os
seres vivos. Ser filho dela é compreender a Vida. É encantar-se com a beleza de
campos floridos, lagos cristalinos e do sol dourado sobre as plantações.
É correr como os cavalos e voar como o vento. Conhecer a
Morrigan é sucumbir prazerosamente à delícia dos frutos da terra, do leite
recém-ordenhado, da carne suculenta no prato, do peixe fresco do mar.
Idolatrada por muitos guerreiros, a Morrigan é Badb Catha, a
Guerra, o espírito da guerra. Espírito, alma, entendimento profundo,
conhecimento sutil. Conhecimento de causa e efeito. Saber por que lutamos, pelo
que vivemos e pelo que morremos. A certeza de uma causa nobre não nos permite
hesitar nem mesmo diante da ferocidade da batalha.
O corvo fala, a sabedoria antiga revela: a Soberania não
pode ser ameaçada. Pois dela dependem a Vida e a liberdade dos filhos da terra.
A coragem dos guerreiros é a Beleza preservada. A morte não é sinistra para os
que compreendem a Vida. Morremos, e nossa alma segue vivendo, em cada morte e
renascimento. E a Vida segue seu curso, como um rio de curvas infinitas, de luz
e escuridão.
Uma certa vez a Grande Rainha em olhos marejados e voz
embargada anunciou que teve uma visão sobre o que reservava o futuro para os
Tuatha Dé Danann.
Na profecia Morrigan via o fim iminente da Era Divina dos
Tuatha Dé Danann e o inicio de um tempo de miséria sem fim com mulheres sem
pudor, homens sem força, velhos sem a sabedoria da idade e jovens sem respeito
pelas tradições.
Uma era de injustiça, líderes cruéis, traição e sem nenhuma
virtude! Um tempo onde haveria árvores sem frutos e mares sem peixes onde a Mãe
Natureza só ofertaria um maná de veneno como alimento aos seres vivos ! Esta
era a chegada da Era dos Homens, do nosso mundo.
Que sejam prósperos.
Raffi Souza.
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