O senhor da floresta:
Curupira!
O Curupira é uma criatura do folclore brasileiro, conhecido
por ser o protetor da fauna e da flora amazônica. Existem muitas versões
diferentes da sua lenda e, portanto, a aparência e os hábitos desse ser podem
variar em cada região no Brasil.
Até mesmo seu nome é alvo de controvérsias, onde por vezes é
relacionado à "kuru'pir", que significa "coberto de bolhas"
em tupi, ou então é traduzido como "corpo de menino", considerando o
"curu" como uma abreviatura de "curumin" (menino) e
"pora" (corpo).
Mas quem é o Curupira?
De acordo com a lenda, essa criatura é descrita como um
menino pequeno, de cabelo de fogo e com os pés virados para trás, para
confundir os caçadores. Seu objetivo é proteger a natureza e os animais, e para
fazer isso ele pode ser bem perigoso.
Essa criatura usa de mil artimanhas para enganar a percepção
dos caçadores, usando gritos, gemidos, ou fazendo com que eles pensem que estão
na trilha de um animal selvagem, só que na verdade estão perseguindo o próprio
Curupira, que faz com que eles se percam na floresta. Ele também encanta os
caçadores para que eles andem em círculos e não consigam achar a saída da mata.
Porém o Curupira tem um ponto fraco: ele é extremamente
curioso. Então para que os caçadores consigam escapar, eles devem pegar uma
corda e dar um nó, escondendo muito bem a sua ponta. Isso deixa o Curupira tão
curioso sobre a ponta escondida, que ele se senta para desfazer o nó e acaba
esquecendo da pessoa, que se livra do encanto e consegue encontrar o caminho
pra casa.
Mas ele não protege os animais apenas impedindo os
caçadores. Segundo o folclore, quando uma tempestade está chegando, o Curupira
atravessa a floresta batendo nos troncos das árvores para verificar se elas são
fortes para suportar a tempestade. Se ele percebe que uma árvore pode ser
derrubada pelo vento, ele adverte os animais para que eles não fiquem perto
delas.
As várias faces do Curupira
Não só o nome do Curupira tem mais de um significado, mas
sua aparência também muda dependendo de cada região. Na maioria das vezes ele é
descrito como um menino de cabelos ruivos e pés virados para trás, mas no Pará
esse ser é conhecido por não ter gênero definido, possuir dentes longos e
cabelos azuis ou verdes.
Em alguns lugares ele também é retratado como um duende, de
orelhas grandes e pontudas, já outros descrevem ele sem cabelo e carregando um
machado.
Mas segundo o folclore brasileiro, ele também pode
transformar sua aparência através de feitiço, além de imitar a voz humana para
atrair os caçadores, fazendo com que eles se confundam e se percam.
Como surgiu a sua lenda?
O Curupira também é chamado de senhor das árvores, porque
ele protege os animais e a floresta, e entre os mitos indígenas o do Curupira é
sem dúvida o mais antigo, pois já era contado pela população indígena que
habitava o Brasil no período pré-colombiano.
Sua história começou com os Nauas, que os contou aos
Caraíbas e depois aos Tupis e Guaranis. Em 1560, o Padre José de Anchieta já
escrevia sobre a lenda do Curupira, descrevendo a criatura como “o demônio que
acomete os índios”.
O tempo e os locais mudaram a forma como as pessoas viam o
Curupira, e por isso hoje existem tantas versões de sua história, fazendo com
que ele ganhasse novos rostos e poderes.
Curupira: bom ou mau?
O Curupira é uma criatura de personalidade muito complexa.
Muitas vezes ele aparece como um justiceiro, defendendo a natureza dos
caçadores e seringueiros, e agindo de forma impiedosa com quem maltrata sua
casa.
Ele era muito temido tanto pelos índios quanto pelos
navegantes, que o consideravam extremamente perigoso, e por isso sempre
ofereciam fumo e cachaça para tentar agradá-lo.
O motivo de tanto medo é porque ele não só faz as pessoas se
perderem na floresta, mas também pode torturar e matar a quem o desrespeitar.
A lenda também conta que o Curupira rouba crianças,
levando-as para a floresta para brincar com ele. Ele enfeitiça essas crianças,
que fogem com ele e só retornam depois de sete anos, quando começam a se tornar
adultos e não são mais interessantes para a criatura.
Apesar do medo e fascínio que ele desperta, a história do
Curupira pode ser resumida como um mito da proteção da natureza. Esse ser,
representado por um menino, é uma força sobrenatural que defende as plantas e
os animais da caça, da pesca e da extração de recursos feita pelos homens, e
por isso foi tão importante na época dos descobrimentos quanto ainda é hoje,
sendo uma marca inesquecível na cultura brasileira, e especialmente útil para a
conscientização ambiental em crianças e adultos.
Como toda figura do imaginário, também o Curupira não possui
uma origem completamente exata, sabe-se que já no século XVI, o garoto de
cabelos vermelhos e pés para trás, já era conhecido como protetor das matas
contra todos aqueles que pretendiam depredar fauna e flora.
Originalmente, a palavra Curupira vem da língua Tupi e
significa Diabo. Entre os indígenas o Diabo, ainda não possuía a conotação
cristã, portanto, a palavra diabo significava um ente fantástico, um espírito
arredio que nesse caso, protegia as matas.
Na civilização grega, os demônios são seres divinos ou
semelhantes aos deuses devido a um determinado poder. Posteriormente, a palavra
passou a designar os espíritos inferiores e, por fim, os espíritos maus. Na
demonologia cristã, os demônios são anjos que traíram a própria natureza, mas
que não são maus nem na origem e nem na sua natureza, pois se fossem
naturalmente maus não teriam nascido do Bem e nem teriam se separado dos anjos
bons, de modo que se houve uma separação é por que sua origem é boa.
O Curupira de pele escura, dentes verdes, corpo coberto por
pelos é um gênio da floresta que além de despistar a todos devido aos seus pés
estarem às avessas, ainda produz silvos e sons que desnorteiam seus inimigos.
Os ruídos misteriosos que vem da mata são por ele produzidos
e se um caçador malvado encontrá-lo no caminho e se apenas o encontro não o
matar, acabará enlouquecido devido a tanta traquinagem de Curupira.
Quando imita gritos humanos, acaba fazendo com que as
pessoas se percam na floresta. Os seringueiros e os caçadores que só caçam para
comer são por ele tolerados, mesmo assim, esses caçadores e trabalhadores
costumam ofertar pinga e fumo ao Curupira para que este não os incomode com
suas travessuras.
O belo protetor das plantas e dos animais, quando percebe
uma pessoa predadora usa de suas artimanhas para iludir tais como gritos,
assobios, gemidos e devido a sua incrível rapidez, tal qual o vento, ele se
esconde e é capaz de se fazer acreditar que esteja aqui e ali ao mesmo tempo.
Às vezes, o caçador é levado a pensar que Curupira é um
animal ou uma ave, só que ao ir atrás dele acaba irremediavelmente perdido na
floresta.
Ao se aproximar uma tempestade, velozmente, Curupira vai
alcançando cada uma das árvores para verificar se estas estão firmes ou se
correm o risco de queda, dessa maneira busca proteger os animais para que esses
não fiquem próximos do que poderia ser sua tragédia.
Não gosta de ser visto pelas pessoas, mas todos sabem que
ele adora descansar sob os mangueirais, de modo que se você tiver a curiosidade
em conhecê-lo e não tiver má intenção para com as plantas e animais selvagens,
bem à tardinha, naquela horinha da preguiça gostosa, basta se colocar bem
quietinho e escondido para avistá-lo ali.
Se for criança deverá tomar cuidado, pois Curupira leva para
si as crianças e após sete anos de ensinamentos, as devolve para seus legítimos
pais que se encantam com o respeito e sabedoria com que agora lidam com a
natureza.
Os índios costumam contar uma interessante história que
ilustra o comportamento de Curupira, sua honestidade e coerência diante de suas
convicções; sua inocência, o que é diferente de ingenuidade, esta é um descuido
em relação à voz dos instintos, enquanto que aquela é a leveza de não ser
culpado e de nem se quer buscar a culpa nos outros contra a
"esperteza", aquele desejo de poder que busca tirar vantagem e que é
o adubo de toda corrupção. Esta é a história:
Estava o Curupira andando pela floresta, quando encontrou um
índio caçador que dormia profundamente. Como estava com muita fome, cismou em
comer o coração do homem. Assim, fez com que ele acordasse.
O caçador levou um susto, mas como ele era muito controlado,
fingiu que não estava com medo. O Curupira disse-lhe:
- Quero um pedaço de seu coração!
O Caçador, que era muito esperto, lembrando-se que havia
atirado num macaco, entregou ao Curupira um pedaço do coração do macaco. O
Curupira provou, gostou e quis comer tudo.
- Quero mais! Quero o resto! - pediu ele. O Caçador
entregou-lhe o que havia sobrado, mas, em troca, exigiu um pedaço do coração do
Curupira.
- Fiz sua vontade, não fiz? Agora você deve dar-me em
pagamento um pedaço de seu coração, disse ele.
O Curupira não era muito esperto e acreditou que o Caçador
havia arrancado o próprio coração, sem ter sofrido nenhuma dor e sem haver
morrido.
- Está certo, respondeu o Curupira, empreste-me sua faca.
O Caçador entregou-lhe a faca e afastou-se o mais que pôde,
temendo levar uma facada.
O Curupira, porém, estava sendo sincero. Enterrou a faca no próprio
peito e tombou, sem vida.
O Caçador não esperou mais, disparou pela floresta com tal
velocidade que deixaria para trás os bichos mais velozes...
Quando chegou à aldeia, estava com a língua de fora e
prometeu a si mesmo não voltar nunca mais à floresta. Pensou: "Desta
escapei. Noutra é que não caio"
Durante um ano, o índio não quis saber de entrar na mata.
Quando lhe perguntavam por que não saía mais da aldeia, ele se desculpava,
dizendo estar doente.
O Caçador tinha uma filha que era muito vaidosa. Como
haveria uma festa dentro de poucos dias, ela pediu ao pai um colar diferente de
todos os que ela já tinha visto.
O índio, pai dedicado, começou a pensar num modo de
satisfazer o desejo da filha. Lembrou-se, então, dos dentes verdes do Curupira.
Daria um bonito colar, sem dúvida.
Partiu para a floresta e procurou o lugar onde o gênio havia
morrido. Depois de algumas voltas, deu com o esqueleto meio encoberto pelo
mato. Os dentes verdes brilhavam ao sol, parecendo esmeraldas.
Conseguindo vencer o receio, apanhou o crânio do Curupira e
começou a bater com ele no tronco de uma árvore, para que se despedaçasse e
soltasse os dentes.
Imagine a sua surpresa quando, de repente, viu o Curupira
voltar à vida! Ali estava ele, exatamente como antes, parecendo que nada havia
acontecido!
Por sorte, o Curupira acreditou que o Caçador o ressuscitara
de propósito e ficou todo contente:
- Muito obrigado! Você devolveu-me a vida e não sei como lhe
agradecer!
O índio percebeu que estava salvo e respondeu que o Curupira
não tinha nada que agradecer, mas ele insistia em demonstrar sua gratidão.
Pensou um pouco e disse:
- Tome este arco e esta flecha. São mágicos. Basta que você
olhe para a ave ou animal que deseja caçar e atire. A flecha não errará o alvo.
Nunca mais lhe faltará caça. Mas, agora, ouça bem: jamais aponte para uma ave
ou animal que esteja em bando, pois você seria atacado e despedaçado pelos
companheiros dele. Entendeu?
O índio disse que sim e desde aquele momento não mais lhe
faltou caça. Era só atirar a flecha e zás! O bicho caía. Tornou-se o maior
caçador de sua tribo. Por onde passava, era olhado com respeito e admiração.
Um dia, ele estava caçando com outros companheiros que não
tinham mais palavras para elogiá-lo. O índio sentiu-se tão importante que, ao
ver um bando de pássaros que se aproximava, esqueceu-se da recomendação do
Curupira e atirou...
Matou somente um pássaro e, como o Curupira avisara, foi
atacado pelo bando enlouquecido pela perda do companheiro.
De seus amigos, não ficou um: dispararam pela floresta,
deixando-o entregue à própria sorte.
O pobre índio foi estraçalhado pelos pássaros. A cabeça
estava num lugar, um braço no outro, uma perna aqui, outra longe... O Curupira
ficou com pena dele. Arranjou cera e acendeu um fogo para derretê-la. Depois
recolheu os pedaços do Caçador e colou-os com a cera. O índio voltou à vida e
levantou-se:
- Muito obrigado! Não sei como lhe agradecer!
- Não tem o que agradecer, respondeu o Curupira, mas preste
atenção. Esta foi a primeira e ú1tima vez que pude salvá-lo! Não beba, nem coma
nada que esteja quente! Se o fizer, a cera se derreterá e você também!
Durante muito tempo, o índio levou uma vida normal. Ninguém
sabia do acontecido. Um dia, porém, sua mulher lhe serviu uma comida quente e
apetitosa, tão apetitosa que o índio nem se lembrou que a cera poderia
derreter-se. Engoliu a comida e pronto! Não só a cera se derreteu, mas também o
próprio índio. (1)
Essa história guarda em si mesma, vários aspectos de
Curupira que se aproximam dos deuses da vegetação, como por exemplo, Dioniso
que também fora desmembrado e depois juntado, significando que é uma entidade
consagrada e iniciada nos mistérios.
Por outro lado, Curupira tem o mesmo poder para com os
homens, desmembrar e juntar, devolvendo-lhes a energia vital. É um deus da
vegetação com o poder da caça e do rejuvenescimento.
Curupira possui os pés para trás e os calcanhares para
frente, de modo que suas pegadas ficam na direção oposta da qual realmente
veio.
Enquanto as pernas criam os laços sociais por que são elas
que nos levam aqui e ali, os pés simbolizam o senhor e a chave dos laços
sociais por que eles estão diretamente ligados ao chão, ao princípio de
realidade e de concretude.
Os pés para trás representa uma habilidade maliciosa em se
esquivar para em seguida, fazer sucumbir o inimigo das matas.
Curupira possui dentes verdes, como se fossem esmeraldas.
Os dentes simbolizam a energia vital, uma força agressiva de
defesa que abre caminho, bem como representam a assimilação do alimento, ou, do
conhecimento que nutre.
O verde situado entre o amarelo e o azul é o mediador entre
o calor e o frio, entre o alto e o baixo. Significa a força nutridora da
natureza, sua capacidade de regeneração e de sua refrescância.
A pedra de esmeralda é símbolo de fertilidade e de poder
regenerador para muitos povos indígenas. Para os alquimistas era a pedra de
Hermes ou Mercúrio. Hermes que também usou o artifício de fazer pegadas as
avessas para escapar de represálias e para enganar.
Na tradição hermética se afirma que durante a queda de
Lúcifer, uma esmeralda tombara de sua fronte. Assim, a esmeralda ressalta a
simbologia de ser essa pedra a representante do pensamento que ilumina ao mesmo
tempo em que está impregnado dos mistérios e dos sentidos.
Ela também é a pedra do Papa na religião cristã, assim como,
anteriormente, representava a religião do paganismo como símbolo de primavera,
vida manifestada e evolução de pujança verde da força natural. Onde expressava
a periódica renovação da natureza e das forças ctônicas da terra, daí também
ser referida como originária do inferno, embora hoje seja uma das
representações do poder papal.
Esse fato, a princípio tão incongruente, se explica devido
ao sincretismo que se fez entre as religiões. Esse mesmo sincretismo explica
também que ora se diz que Curupira é um deus e ora se diz que Curupira é um
demônio. Pois, no paganismo o demônio era um ente chamado de deus por possuir
poder semelhante a um deus. Já na religião cristã, ocorreu uma separação entre
bem e mau, dessa dicotomia, o demônio passou a representar a carne, os
sentidos, o feminino e, portanto, o pecado.
Sendo os dentes de Curupira verdes feito esmeraldas, temos
aí uma clara simbologia de que esse ente das matas é um demônio ou um deus de
grande poder sobre a própria vida. Em Curupira ocorre a assimilação e a defesa
do conhecimento racional e dos sentidos quanto ao conjunto da natureza.
Curupira é o nosso deus ecológico de evidente influência pagã.
O fantástico Curupira possui cabelos vermelhos. O
desencadear da vida parte do sangue, do útero, das paixões, ou simplesmente, do
vermelho e desabrocha no verde.
O vermelho é considerado como símbolo fundamental do
princípio de vida. É a cor da força, do poder e do brilho do fogo e do sangue.
Já a simbologia dos cabelos significa como que a síntese da
personalidade de um indivíduo, daí o costume de se guardar mechas de cabelos
para resguardar a pessoa de um mau destino. Os cabelos também representam a
força e a virilidade como se vê no mito de Sansão.
O fato de Curupira ter os cabelos vermelhos significa que
ele concentra em si mesmo o poder e a virilidade das matas e dos animais
selvagens, bem como sua força de vida e restauração.
Assim é que o nosso Curupira representa o conjunto de
conhecimento, de adaptabilidade e do grande poder de regeneração e de criação
da natureza.
Curupira é uma figura do folclore brasileiro. Ele é uma
entidade das matas, um moleque de cabelos compridos e vermelhos, cuja
característica principal são os pés virados para trás.
"Curupira" e "currupira" procedem do
tupi kuru'pir, que significa "o coberto de pústulas". Segundo o
folclorista ítalo-brasileiro Ermanno Stradelli, procedem de curu, contração de
corumi, "menino", e pira, "corpo", significando, então,
"corpo de menino". Já segundo Eduardo Navarro, especialista em tupi
antigo, o termo se origina da contração entre kuruba, "sarna" ou
"verruga", e pira, "pele", significando, portanto,
"pele de sarna" ou "pele de verrugas".
História
Um dos mais populares e espantosos entes fantásticos das
matas brasileiras, o curupira é um anão de cabeleira ruiva, pés ao inverso,
calcanhares para a frente. A mais antiga menção de seu nome é de José de
Anchieta, em São Vicente, em 30 de maio de 1560:
"É coisa sabida e pela boca de todos corre que há
certos demônios, chamam Curupira, que acontece aos índios muitas vezes no mato,
dão-lhe açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhos disso os nossos
irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os
índios deixar em certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das
terras, no cume da mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves,
abanadores, flechas e outras coisas semelhantes, como uma espécie de oferenda,
rogando fervorosamente aos Curupiras que não lhes façam mal."
Nenhum outro fantasma brasileiro colonial determinou
oferenda propiciatória.
Demônio da floresta, explicador dos rumores misteriosos, do
desaparecimento de caçadores, do esquecimento de caminhos, de pavores súbitos,
inexplicáveis, foi lentamente o Curupira recebendo atributos e formas físicas
que pertenciam a outros entes ameaçadores e perdidos na antiguidade clássica.
Sempre com os pés voltados para trás e de prodigiosa força física, engana
caçadores e viajantes, fazendo-os perder o rumo certo, transviando-os dentro da
floresta, com assobios e sinais falsos.
Do Maranhão para o sul até o Espírito Santo, seu apelido
constante é Caipora. Eduardo Galvão informa: "Curupira é um gênio da
floresta. Na cidade ou nas capoeiras de sua vizinhança imediata não existem
currupiras. Habitam mais para longe, muito dentro da mata. A gente da cidade
acredita em sua existência, mas ela não é motivo de preocupação porque os
currupiras não gostam de locais muito habitados."
"Gostam imensamente de fumo e de pinga. Seringueiros e
roceiros deixam esses presentes nas trilhas que atravessam, de modo a
agradá-los ou pelo menos distraí-los. Na mata, os gritos longos e estridentes
dos Currupiras são muitas vezes ouvidos pelo caboclo. Também imitam a voz
humana, num grito de chamada, para atrair vítimas. O inocente que ouve os
gritos e não se apercebe que é um Currupira e dele se aproxima perde
inteiramente a noção de rumo."
O estado de São Paulo, pela lei de 11 de setembro de 1970,
assinada pelo governador Roberto Costa de Abreu Sodré, "institui o
Curupira como símbolo estadual do guardião das florestas e dos animais que nela
vivem." No município de Olímpia, nesse estado, por mais trinta anos
consecutivos, não são assinados quaisquer documentos oficiais durante a semana
em que ocorre o Festival de Folclore, no mês de agosto, período em que a
autoridade municipal é representada pelo Curupira, que exerce seu poder
protegendo a população local e os visitantes que ali comparecem, pássaros,
matas, etc. No Horto Florestal da capital paulista há um monumento ao Curupira,
inaugurado no Dia da Árvore, 21 de setembro.
No folclore brasileiro, o Curupira é um personagem descrito
como um anão forte e ágil de cabelos ruivos que possui os pés virados para
trás.
Assim, ao caminhar, o curupira consegue enganar alguém que
pretenda segui-lo olhando para suas pegadas. O perseguidor pensará sempre que
ele foi na direção contrária.
A lenda afirma que o Curupira vive na mata fazendo
travessuras, sendo considerado o protetor das florestas.
A história do Curupira no folclore brasileiro
O Curupira, conhecido como “demônio da floresta”, assobia e
utiliza falsos sinais.
Ele reúne muitas histórias que envolvem mistérios
inexplicáveis, por exemplo, o desaparecimento de caçadores, bem como o
esquecimento dos caminhos.
Dizem que com seus pés virados para trás, o Curupira engana
e confunde as pessoas que danificam seu habitat, por exemplo, os caçadores,
madeireiros, lenhadores, etc.
curupira
Esse personagem folclórico, que adora fumar e beber pinga,
não gosta de locais muito habitados e, por esse motivo, prefere viver nas
florestas.
Uma outra característica e, talvez o ponto fraco do
Curupira, é a sua curiosidade. Assim, a lenda adverte que para escapar de suas
armadilhas, a pessoa deve fazer um novelo com cipó e esconder bem a ponta.
Muito curioso, ele fica entretido com o novelo e a pessoa
consegue fugir. Até os dias atuais, para que não sejam incomodados pelo
Curupira, muitos caçadores e lenhadores costumam oferecer-lhe pinga e fumo
quando chegam à floresta.
Qual a origem da lenda do Curupira?
Há controvérsias sobre a data de criação da lenda do
Curupira. Contudo, o padre jesuíta espanhol José de Anchieta (1534-1597)
escreveu sobre o personagem no XVI, denominando-o como “demônio que acometem os
índios”.
Para os índios e os bandeirantes, o Curupira era considerado
uma criatura perigosa, demoníaca, maliciosa, muito temida.
Isso porque esse personagem esteve associado a muitos casos
de violência, abusos sexuais, rapto de crianças e horror psicológico.
Capaz de enfeitiçar as crianças, o Curupira as raptava e
somente depois de sete anos elas eram devolvidas aos pais. Por isso, ele ficou
conhecido como o mau espírito, disposto a assombrar as noites dos índios e dos
bandeirantes.
Curiosidades sobre o Curupira
Do tupi guarani, o termo Curupira (kuru'pir) significa
“corpo de menino”.
O Dia do Curupira é comemorado 17 de julho.
Em São Paulo, no Horto Florestal, há um monumento ao
Curupira, inaugurado no Dia da Árvore (21 de setembro).
A lenda do Curupira pode variar de região para região. Há
lugares em que ele é representado por um duende, com orelhas grandes e
pontudas. Em outros, ele não possui cabelo e aparece carregando um machado.
O Curupira é muitas vezes confundido com outro personagem do
folclore brasileiro: a Caipora. Os dois personagens gostam muito de fumar e de
beber, são muito ágeis e, sobretudo, zeladores das florestas.
Correspondências:
É deus: da fauna, da flora, da ilusão;
Oferendas: Fumo, cachaça, frutas, novelo de corda com a ponta
escondida;
Cores: vermelho, marrom, verde, azul;
Invocar quando: precisar caminhar com segurança em florestas,
para ajudar na caça, a proteger os animais;
Fontes: https://www.bonde.com.br/colunistas/mitos-e-sonhos/o-curupira-mito-brasileiro-95113.html
https://www.hipercultura.com/lenda-do-curupira/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Curupira
Que sejam prósperos.
Raffi Souza
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