Cerberus tinha como significado "o demônio do
poço". Ele era um monstruoso cão de múltiplas cabeças que guardava a
entrada do Hades, o reino subterrâneo dos mortos, deixando as almas entrarem
mas jamais saírem, despedaçando os mortais que por lá se aventurassem.
Existem inúmeras descrições de Cerberus, todas elas monstruosas. Cerberus
deriva da palavra Kroboros, que significa comedor de carne, isto porque
Cerberus comia as pessoas. Filho igualmente de dois seres monstruosos,
Tífon e Equídna, era irmão de outros monstros. Da sua união com Quimera, nasceram
o Leão de Neméia e a Esfinge.
Como o guardião das portas do Tártaro, não impedia a entrada no reino de Hades
mas impedia a saída. Como castigo, Cerberus comia o corpo dos condenados.
Quando Piritoo tentou seduzir Perséfone a esposa de Hades, ele foi entregue
ao cão. Os únicos que conseguiram passar por Cerberus e sair ilesos do submundo
foram Héracles, Orfeu,Enéias e Psiquê.
Quando chegava um novo visitante, Cerberus se mostrava uma criatura adorável.
Porém quando o visitante quisesse sair, Cerberus tornava-se um cão temido
e feroz. Para acalmar a sua fúria, os mortos que residiam no submundo jogavam-lhe
um bolo de farinha e mel que os seus entes queridos deixavam em seus túmulos.
Os gregos acreditavam que a morada dos mortos era o reino de Hades. Localizado
nos subterrâneos, era rodeado pelos rios do esquecimento. Os mortos
atravessavam o rio transportados na barca de Caronte que cobrava uma moeda pela travessia.
Os mortos conservavam a forma humana mas não tinham corpo e não se podia
tocá-los. O acesso ao reino se dava por uma porta de diamantes junto a
qual Cérberus montava guarda.
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Cérberus simboliza o terror da morte, da ideia do inferno mas principalmente
simboliza ainda o enfrentamento do pior dos infernos, aquele que habita no
interior de cada ser humano. A idéia mais comum de inferno é sobre um local no interior
da Terra, onde as almas são condenadas a viver eternamente, em verdadeiro
suplício como consequência dos erros cometidos durante a vida terrena.
Argumenta-se que o inferno é um local imerso em lavas e fogo que queimam aqueles
que ali chegam, assim como queima na alma o inferno interior. A maioria
dos seres humanos passa a vida debatendo-se entre estes dois símbolos: o
inferno e o paraíso. Logicamentetodos anseiam pelo paraíso após a morte; muitos
estão convictos de que é um lugar perfeito onde a dor e o sofrimento não
existem. No entanto, esses dois lugares coexistem em nós a todo tempo.
Se o inferno é um estado onde não existe a luz e o paraíso é onde a luz
brilha intensamente, eles se referem ao nosso próprio interior. Quanto
mais nos identificamos com a negatividade e os sentimentos negativos que brotam
em nós, como a mágoa, oódio, o desejo de vingança, mais fortemente experimentaremos
o inferno. O sentimento de vitima também é um componente essencial do
inferno interior, pois nos paralisa num estado de permanente lamentação em que responsabilizamos
o mundo e os outros como causa de nossa infelicidade.
Cérberus era o cão que impedia a saída do reino de Hades. Da mesma forma,
encontramos dificuldades para sairmos do nosso inferno interior. Assim
como os únicos que conseguiram sair ilesos do reino utilizaram o amor puro
e verdadeiro, só o amor, o perdão e a compaixão pode nos libertar do nosso
inferno interior.
Quando estamos conectados com a bondade, a generosidade e o bem, a luz interior
é capaz de transmutar qualquer situação ou acontecimento em oportunidade
de crescimento interior. E assim criamos o paraíso em nossa vida, ao invés de
esperar por ele como uma promessa que só poderemos alcançar após a morte...
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