O deus das tempestades: Indra!
Indra é o deus das tempestades no hinduísmo, filho de Aditi
com o sábio Kasyapa. Rei de todos os deuses no passado, perdeu importância no
período pós-védico. A lenda relata sua fúria quando seus seguidores abandonaram
seu culto e passaram a venerar Krishna. Quando Indra enviou uma tempestade para
puni-los, eles oraram a Krishna, que ergueu uma montanha para protegê-los da
força da tormenta.
Diz-se que Indra não é propriamente um indivíduo, mas o nome
genérico para o rei dos céus. Ao executar certos sacrifícios e penitências, um
mortal pode ascender ao paraíso e tornar-se o rei dos céus. Seu reino deve
durar até que outra pessoa se torne elegível para sua posição. Diz-se que, ao
executar mil sacrifícios de Ashwamedha (http://betoquintas.blogspot.com.br/2014/10/o-sacrificio-do-cavalo.html),
uma pessoa torna-se elegível para ser Indra. Assim sendo, o Indra em exercício
sempre teme por sua posição e permanece atento aos mortais que realizam
sacrifícios e penitências, cuidando para que eles não cumpram as condições para
destroná-lo.
Em textos posteriores ao Rig Veda ele é descrito como
enganoso e de fraca determinação em muitas histórias. Em decorrência de seus
atos, é frequentemente amaldiçoado por sábios ascetas. Seu feito mais
importante foi a derrota do asura Vritra, que era um dragão (ahi).
Indra, também conhecido como Sakra, Saudharmendra, Phra In,
Indara, Indera, Indrudu, Inthiran, Dishitian e Taishakuten, é o Deus Hindu das
tempestades, dos relâmpagos, da chuva, do clima, das estações, do ar, da
guerra, da soberania, da fertilidade, da bebedeira, da dança, da felicidade e
do céu. Esposo de Shachi, seu nome significa Pura Beleza. Por vezes é retratado
como filho de Aditi, Deusa do Céu, com o sábio Kasyapa ou como filho da Deusa
da terra Prthivi e do Deus do céu Dyaus Pita e, assim, irmão de Agni. Em
algumas outras versões Indra é o pai de Prthivi e Dyaus, o que foi o motivo
para o início do esquecimento do culto dessas duas deidades por Indra assumir
seus atributos. Seus filhos com Shachi foram: Jayanta, Midhusa, Nilambara,
Rbhus, Rsabha, Sitragupta e o famoso Arjuna.
A história conta que Indra nasceu totalmente adulto e pronto
para a batalha e que antes de se tornar o governante dos Deuses teve que vencer
o asura (demônio) Vritra, pois o demônio, tomando a forma de um dragão, havia
absorvido toda a água do mundo e com isso a vida estava se deteriorando no
planeta. Então, Indra tomou uma grande quantidade de Soma (bebida ritual e
sagrada do hinduísmo) fazendo com que sua força triplicasse lhe dando a
capacidade de lutar adequadamente com seu inimigo. Com isso, Indra conseguiu
destruir as 99 fortalezas de Vritra e, após partir o inimigo ao meio, a água
finalmente voltou a jorrar para a terra em forma de chuva. Depois disso, todos
proclamaram Indra como o Rei supremo dos Deuses.
Após esse grande feito, Indra decidiu refazer seu palácio
celestial tornando-o grandioso em magnificência e esplendor, porém, chegou um
momento em que sua ambição começou a ser tão grande que seu arquiteto principal
foi até Brahma reclamar e pedir ajuda para fazer Indra voltar ao seu juízo
perfeito. Brahma prometeu ajuda-lo e, juntamente com Vishnu, foram ao palácio
do Rei dos Deuses conseguindo fazer Indra voltar a si depois de vários
discursos sobre a humildade e um ensinamento sobre os Indras seus sucessores. Indra
então se tornou um asceta e foi para as montanhas para redenção, ao passo que
sua esposa teve com Brahma clamando que o Criador trouxesse seu marido de
volta. Brahma, portanto, foi novamente ao encontro dele para lhe ensinar que
cada um tem um papel a cumprir no grande destino da vida e que Ele poderia ser
um grande guerreiro e também um Rei humilde. Com isso Indra retorna ao seu
palácio e aos seus afazeres de Rei dos Deuses como um Deus mais poderoso e
humilde.
Indra era a divindade mais respeitada, contudo, seu culto
foi suplantado pela Trimurti védica (Brahma, Vishnu e Shiva) e com isso perdeu
proeminência tornando-se apenas o Rei dos Deuses Menores, tanto que em algumas
versões mais recentes Ele é retratado como vingativo e covarde e que conseguiu
sua vitória apenas com o auxílio de Vishnu e Shiva. Há uma história que conta
da fúria de Indra por ter perdido seus adoradores para Krishna e que, com isso,
tentou puni-los com uma grande tormenta, mas que Krishna protegeu os fiéis ao
erguer uma montanha como uma barreira entre eles e Indra. Ainda assim, sua
força é tão grande que Ele é a divindade mais citada em todos os escritos
sagrados do hinduísmo, haja visto que um total de 250 hinos do Rig Veda são
dedicados exclusivamente a Ele.
É importante notar também a complexidade da figura de Indra,
pois além de ser visto como uma deidade Ele também é visto como um cargo, um
posto que um mortal detém e pode adquirir. A lenda conta que se um devoto
realizar 1.000 sacrifícios ou penitências de Ashwamedha (em que se oferecia um
cavalo para expiar os pecados) aos deuses antigos ele ascende aos céus como o
novo Indra e como esposo de Shachi (também chamada de Indrani – a esposa de
Indra). Por este motivo, conta-se que o velho Indra sempre observa os humanos
para que ninguém consiga atingir a marca dos 1.000 sacrifícios e assim
destrona-lo, porém, um novo Indra sempre consegue atingir seu feito e
substituir o antigo reinado por um novo, fazendo assim com que o universo se
mantenha e se sustente até o momento de Shiva destruir o antigo mundo e Brahma
criar um novo.
Inicialmente Ele era visto como uma divindade solar, visto
que faz parte das doze divindades que compõe os Aditya: divindades solares que
são considerados como descendentes da Deusa do Céu Aditi. Com o passar dos
tempos, seu retrato como o Deus que Brande o Raio foi o que permaneceu no
imaginário da sociedade e seu encargo como divindade solar foi sendo esquecido.
Indra cavalga os céus em uma carruagem dourada e é adorado no festival de
Indrajata, onde seus adoradores fazem procissões com máscaras, danças, luzes e
criam uma imagem de barro de Indra jogando-a ao rio clamando por chuvas. Ele é
frequentemente representado com uma pele bem avermelhada (por vezes marrom ou
amarela) tendo quatro braços, ou dois muito longos, segurando a Vajra (Parafuso
Relâmpago) que é sua arma principal, além do arco, a rede e um gancho,
cavalgando o grande elefante branco Airavata de quatro chifres ou o cavalo
branco Uchchaihshravas. Um de Seus símbolos mais conhecido é o lótus. Seu poder
é tão imenso que é capaz de ressuscitar os mortos em batalhas, mover seu
palácio celestial para onde quiser e de colocar ordem no universo, uma
qualidade compartilhada apenas com o Deus Brahma. Seu mantra é Om Indraya
Namah.
Indra também possui 1.000 olhos ao redor do corpo e há um
mito que explica esse fato. O sábio Gautama (Buda) havia criado a mulher mais
bela de todas e Indra havia se apaixonado por ela. Quando não conseguia mais
suportar ficar sem tê-la Ele enganou o Gautama fazendo-o sair de casa e fez
amor com a mulher, mas Gautama pressentindo algo ruim O pegou fazendo amor com
sua esposa. Então, este proferiu que já que Indra gostava tanto de mulheres,
que 1.000 vaginas crescessem pelo seu corpo. Envergonhado, Indra não aparecia
mais em público e com isso deixou de cumprir com suas obrigações e, por isso,
Brahma intercedeu por Indra junto a Gautama e este disse que as vaginas se transformassem
em olhos para que Ele sempre se lembrasse de observar aonde suas ações o
levavam.
É um dos deuses mais adorados no Oriente, pois Ele
ultrapassa as fronteiras do hinduísmo e se assenta em outras grandes religiões
como tendo papel muito importante, dentre elas: Zoroastrismo, Budismo e
Taoísmo. No Japão é conhecido como Taishakuten, por exemplo. Mas,
diferentemente dos deuses greco-romanos que são vistos como divindades
distintas, por exemplo, Vênus é Vênus e Afrodite é Afrodite, mas que as unem em
uma única figura (sincretismo religioso), Indra e Taishakuten não são deuses
diferentes. Ele é uma divindade que, por ser tão respeitada, é adorada em
várias religiões distintas apenas com nomes locais diferentes. Sua importância
é tão grande que arqueólogos encontram na figura de Indra uma possível origem
para os deuses Triptólemo e Dionísio, na Grécia. Existe também uma relação de
Indra com o Deus Sakra no budismo, onde alguns autores afirmam que são
divindades distintas e que Indra sincretizou parte do mito de Sakra, onde um
antigo Sakra é destituído do poder por outro mais jovem e puro. Outras grandes
divindades que são relacionadas a Indra, são os Deuses Zeus, Júpiter e Thor.
É interessante como Indra consegue agir na vida de um
adepto, pois enquanto o devoto trabalha para desenvolver seus conhecimentos e
sua conexão com a divindade Indra o auxilia em tudo. Porém, a partir do momento
que Indra percebe que o adepto está se desenvolvendo o suficiente para atingir
um novo estágio, evoluir de um ponto a outro em sua caminhada, Ele começa a
criar barreiras e obstáculos para que o buscador não consiga acessar um novo
mistério. Por isso podemos entender também como sendo um trabalho do Indra deus
assim como do Indra interior, pois esses obstáculos/barreiras são boicotes
ocasionados pelo próprio aspirante que, em conexão com a divindade, não quer
ver seu “reinado” ser suplantado por outro. Indra é uma divindade muito antiga
e, assim como toda divindade, é antropomórfica. Desta forma, se você não
consegue entende-lo em sua total extensão e complexidade, corre o perigo de
cair sobre o domínio negativo do deus e não conseguir continuar com sua
caminhada. E, claro, isso não deve ser visto como algo ruim, mas como um teste
que o próprio Deus nos impõe para termos a certeza se estamos prontos e
preparados para seguir adiante rumo ao desligamento da Samsara.
INVOCAÇÃO A INDRA
Om bhur bhuvaha svaha
Tat savitur varenyam
Bhargo devasya dhimahi
Dhiyo yonah prachodayath
Ó Deus da Vida que traz felicidade
Dá-nos tua luz que destrói pecados
Que a Tua Divindade nos penetre
E possa inspirar nossa mente
Nós meditamos na glória do Criador
Que criou o Universo, que é digno de adoração
Que é a corporificação do conhecimento e da Luz, que é o
removedor de todos os pecados e da ignorância
Que Ele ilumine nosso intelecto
Senhor! Tu, que és a Fonte de Luz
Que tudo permeia, Sustentador, Protetor e Provedor da
Felicidade
Ascende, ilumina e inspire nossa inteligência
Para possuir qualidades eternas
Mão Divina,
Nossos corações estão cheios de escuridão
Por favor, afaste a escuridão
E promova a iluminação dentro de nós
Om Sahasra nethraye Vidhmahe
Vajra hasthaya Dheemahe
Thanno Indra Prachodayath
OM
Seus equivalentes divinos
ü Deus Indra
ü Deus Zeus
ü Deus Júpiter
ü Deus Thor
ü Deus Dionísio
Epítetos
ü Adribhit (O que
fende montanhas e nuvens)
ü Adridvit (O que é
inimigo de montanhas e nuvens)
ü Ajatasatru (Aquele
que não tem igual)
ü Akasesa (Senhor do
Céu)
ü Anabhayi (Que não
tem temor)
ü Anapi (O que não
tem amigos)
ü Devendra (Indra dos
Devas)
ü Divapati (Senhor
dos Deuses)
ü Gopati (Senhor dos
vaqueiros)
ü Gotradari (O que
abre os estábulos do céu)
ü Kapilasva (O que
tem cavalos marrons)
ü Indralokesa (Senhor
do Mundo de Indra)
ü Mahindra (O Grande
Indra)
ü Manavendra (Senhor
dos homens)
ü Meghavahana
(Cavaleiro das Nuvens)
ü Paksacchit (O que
corta as asas)
ü Prajapati (Senhor
das Criaturas)
ü Purandara
(Destruidor de Cidades)
ü Rjukratu (O que tem
ações sinceras e corretas)
ü Sahasraksha (O que
tem mil olhos)
ü Sakra (Poderoso)
ü Satacrata (O Deus
dos Cem Ritos)
ü Svargapati (Senhor
dos Céus)
ü Tapastaksa (O que
destrói o poder das austeridades)
ü Ugradhanvan (O que
tem o arco poderoso)
ü Uluka (Coruja)
ü Vajri (O que dirige
os raios)
ü Verethragna (Deus
da Vitória)
ü Vrsan (Poderoso /
Touro)
ü Vrtrahan (Assassino
de Vritra)
ü Yajnabhagesvara (O
Senhor dos Deuses).
Que sejam prósperos.
Raffi Souza.
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