O Deus dos Médicos:
Esculápio!
Esculápio (em latim: Aesculapius) ou Asclépio (em grego: Ἀσκληπιός,
transl.: Asklēpiós), na mitologia grega e na mitologia romana, é o deus da
medicina e da cura.
Existem várias versões de seu mito, mas as mais correntes o
apontam como filho de Apolo, um deus, e Corônis, uma mortal. Teria nascido de
cesariana após a morte de sua mãe, e levado para ser criado pelo centauro
Quíron, que o educou na caça e nas artes da cura. Aprendeu o poder curativo das
ervas e a cirurgia, e adquiriu tão grande habilidade que podia trazer os mortos
de volta à vida, pelo que Zeus o puniu, matando-o com um raio.
O seu culto disseminou-se por uma vasta região da Europa,
pelo norte da África e pelo Oriente Próximo, sendo homenageado com inúmeros
templos e santuários, que atuavam como hospitais. A sua imagem permaneceu viva
e é um símbolo presente até hoje na cultura ocidental.
A história de Esculápio é reconstituída através da coleção
de lendas e mitos criados pelo paganismo grego. Sua religião era politeísta,
com uma infinidade de divindades e semidivindades associadas a todos os
aspectos da vida humana e a vários lugares especialmente sagrados, como alguns
rios e fontes, montanhas e florestas. Essa multidão de deuses estava
subordinada a um grupo de poderosas deidades principais, cuja maioria habitava,
segundo eles, o monte Olimpo, e estes por sua vez eram presididos por Zeus.
Entre os deuses principais estava Apolo, filho de Zeus, deus do sol, da luz, da
música e das artes, da profecia e da cura, patrono dos jovens, da palestra e
regente das musas, que foi, segundo algumas versões do mito, o pai de
Esculápio.
O mais antigo registro de seu nome é encontrado na Ilíada de
Homero, e nessa citação aparentemente ele ainda era considerado um mortal,
descrito como o governante de Tricca e também como um médico que havia
aprendido a arte do centauro Quíron e a ensinado a seus dois filhos, Podalírio
e Macaão. Uma vez que atualmente o relato homérico sobre a Guerra de Troia é
considerado a poetização de um evento possivelmente histórico, Esculápio pode
ter existido de fato, vivendo em torno de 1200 a.C., e sido mais tarde
divinizado. Na cultura grega era comum que heróis célebres fossem objeto de
culto após sua morte. Escrevendo no século I, explicou que pelo fato de ter
aperfeiçoado as artes médicas, antes primitivas, ele mereceu um lugar entre os
imortais. As origens de seu nome são obscuras. É possível que significasse
"curador gentil", também foi relatado que a princípio ele se chamava
Epios, e que depois de curar Ascles, tirano de Epidauro, passou a se chamar
Asclepios. Seu status divino não era unânime entre os antigos, alguns o tinham
como um deus, outros como um herói-deus ou como um semideus. Em torno do século
V a.C., já havia uma grande quantidade de folclore criado a seu respeito, e
Píndaro escreveu dizendo que ele era filho de Apolo com a mortal Corônis, filha
de Flégias, o governante da Tessália. O local de seu nascimento era disputado
por várias cidades: Lacereia, Tricca e Epidauro.
Bem mais tarde o poeta romano Ovídio deixou um relato sobre
sua história em suas Metamorfoses. Segundo a narrativa, não havia donzela mais
formosa em toda Tessália do que Corônis. Apolo estava apaixonado por ela e se
tornaram amantes, mas o corvo do deus descobriu que ela havia se deitado com o
jovem Ischys, filho de Elatus, e voou até seu mestre para relatar o fato. Enfurecido,
Apolo tirou uma seta da aljava e disparou contra o peito daquela que que havia
abraçado tantas vezes. Arrancando a seta ensanguentada, Corônis bradou:
"Oh Febo Apolo, decerto eu mereci esta punição, mas por que não esperaste
até que eu desse à luz ao nosso filho? Agora ambos morremos!" E assim
dizendo, expirou. Arrependido do que fizera, Apolo sentiu ódio de si mesmo, e o
corvo que levara tão nefasta notícia, que era branco, foi amaldiçoado e suas
penas se tornaram negras. Então Apolo desceu dos céus e foi para seu lado,
tomou o corpo sem vida em seus braços, mas seus poderes não bastaram para
devolvê-la ao mundo dos vivos. Quando ela foi posta sobre uma pira para ser
cremada, Apolo, tomado pela dor, derramou perfumes sobre seu peito e iniciou a
celebração dos ritos fúnebres. Mas antes que as chamas consumissem o corpo de
Corônis, retirou o filho ainda vivo do ventre materno e o levou para Quíron, o
sábio centauro que havia educado vários heróis, para que o criasse. A filha de
Quíron, Ocirroé, que podia prever o futuro, ao chegar à caverna de seu pai, viu
a criança e disse: "Menino, tu que trazes a saúde para todo o mundo, que
possas crescer e florescer! Os mortais muitas vezes deverão suas vidas a ti, e
te será concedido o poder de trazer de novo à vida os que morreram. Mas um dia
deixarás os deuses zangados por tamanha ousadia, e o raio de teu avô impedirá
que o repitas, e de um deus imortal serás reduzido a um cadáver inerte. Mas
depois, deste cadáver mais uma vez serás tornado um deus, e por uma segunda
vez, renovarás o teu destino".
Outros autores clássicos acrescentaram detalhes: Apolodoro
disse que Quíron o criou e lhe ensinou as artes da cura e da caça. De Atena ele
recebeu o sangue mágico da Górgona, por cujo poder o seu próprio sangue que
corria pelo seu lado esquerdo podia tirar a vida de alguém, e o do seu lado
direito ressuscitava os mortos. Quando Zeus matou Esculápio, Apolo, em
vingança, como não podia agir contra seu pai, matou os ciclopes que forjavam os
raios de Zeus, pelo que foi punido e enviado sem seus poderes à Terra para
servir o mortal Admeto por um ano. Diodoro explicou o motivo de sua morte
dizendo que seu poder curativo era tão grande que restaurava a saúde para
muitos desenganados, e que por isso se dizia que ele ressuscitava os mortos.
Como Hades, o deus dos mortos, estava tendo seu reino despovoado, exigiu de
Zeus uma solução para este ultraje. Outras fontes referem Hígia, Panaceia,
Telésforo, Acésio e Iaso como também seus filhos.
Teodoreto disse que alguns, como Hesíodo, o tinham como
filho de Arsinoé de Messênia, e deu outra versão para o seu nascimento de
Corônis, dizendo que ao nascer foi abandonado pela mãe numa montanha e foi
achado por um pastor junto de um cão, que lhe dava de comer. Confiado a Quíron,
depois de crescido passou a exercer a Medicina em Tricca e Epidauro. Pausânias
repetiu versões em que o pastor se chamava Arestanas ou Autolaus, mas que este,
vendo uma aura de luz divina ao redor da criança, atemorizou-se, e foi embora.
Também referiu que em vez de um cão que o alimentava, teria recebido leite de
uma cabra, que Corônis teria sido morta por Ártemis, para punir o ultraje a seu
irmão Apolo, e quem o teria tirado do ventre da mãe teria sido Hermes.
Cirilo[desambiguação necessária] escreveu dizendo que corriam versões de
Corônis sendo seduzida por um sacerdote do templo de Apolo, o qual teria
ensinado a Esculápio sua arte. Lactâncio disse que o corvo foi tornado negro
porque havia sido posto como guardião de Corônis, e falhara em sua função. Além
disso, disse que sua alta reputação não era justa, pois só teria curado
Hipólito. Outros disseram que ele tinha pais desconhecidos, que ele teve uma
esposa, Epione, que seu pai fora Arsipo ou o próprio Zeus, amara Hipólito,
tivera uma irmã chamada Eriopis, e que o pai de Corônis teria ficado furioso
quando soube que Corônis fora violada por Apolo, teria ateado fogo ao templo do
deus e assim matado involuntariamente a filha que lá estava. Também corriam
versões, derivadas de Píndaro, que o descreviam como avarento, cobrando em ouro
pela sua arte, e arrogante, chamando a si mesmo de um deus, sendo por isso
morto por um raio em punição de sua húbris, mas Platão refutou as acusações
dizendo que se ele fosse filho de um deus não poderia ter tais defeitos, e se
os tivesse, não era filho de um deus. Tertuliano também duvidava delas como
sendo indignas. Algumas versões do mito dizem que depois de morto com o raio
Zeus o transformou na constelação do Ofiúco, para que Apolo fosse consolado. O
oráculo de Delfos foi certa vez consultado sobre quem era a mãe de Esculápio e
onde nascera, e a pitonisa disse que era Corônis, e que ele viera ao mundo em
Epidauro. Algumas versões do mito dizem que depois de morto Esculápio foi
ressuscitado por Zeus, permitindo-lhe continuar sua prática, desde que não mais
interferisse no destino final dos mortais, tornando-se conhecido por sua
bondade e compaixão no trato dos doentes, e dedicando sua atenção antes para os
pobres
Suas curas
Entre as curas que teria operado, estão as de vários heróis
feridos em Tebas, de Filocteto em Troia, do tirano de Epidauro, Ascles, de uma
doença nos olhos, as filhas de Proetus que haviam sido enlouquecidas por Hera,
restaurou a visão aos filhos de Fineu, curou com ervas as feridas de Hércules
em sua luta contra a Hidra de Lerna, devolveu à vida Órion, Hipólito, Himeneu,
Tindareu, Glauco, Capaneu, Panassis e Licurgo. Após sua morte outras curas lhe
foram atribuídas. Rufus de Éfeso, um dos grandes médicos em torno de 100 a.C.,
disse que por intervenção de Esculápio um epilético foi salvo; um médico de
Smirna dedicou uma estátua a ele em c. 200 d.C. por ter evitado muitas doenças
seguindo o seu conselho; Élio Aristides, depois de buscar a cura para um
volumoso tumor na perna junto de muitos doutores, sem sucesso, apelou para ele,
teve uma visão do deus e foi curado milagrosamente, e assim como estas mais
continuaram acontecendo em seus santuários ao longo de séculos, como provam os
muitos ex-votos preservados nas ruínas de vários deles. Mas é interessante
assinalar algumas mudanças verificadas nesse período de tempo. Enquanto que no
santuário de Epidauro, de onde se irradiou seu culto, os médicos não atuavam,
mas apenas os sacerdotes, ele aparecia nos sonhos dos pacientes e intervinha
diretamente nas doenças, mais tarde ele passou a aparecer de forma mais
indireta, dando conselhos e orientando a atuação de médicos convencionais, como
as crônicas antigas referem sobre suas curas em Pérgamo, outro grande
santuário, já do período helenista. Algumas de suas intervenções em sonhos eram
dramáticas. Uma mulher relatou que o deus lhe apareceu em sonho e cortou fora
seu olho doente, imergiu-o em uma poção e colocou-o de volta na órbita, e ao
acordar ela estava curada. Outro paciente disse que foi buscar a cura para um
abcesso no abdômen, sonhou que o deus o amarrou sobre uma prancha e cortou a
área, removendo o abcesso, costurando a pele em seguida. Acordando, estava
curado, mas o chão em seu redor estava banhado de sangue. Outra pessoa chegou
ao templo com a ponta de uma lança cravada dentro de sua mandíbula, onde estava
há seis anos. Dormiu e sonhou que Esculápio a removia, e acordou com o ferro
entre as mãos, curada. Um que era calvo acordou com cabelos na cabeça, e um que
não possuía um dos olhos acordou com ambos. Além dessas curas extraordinárias e
de outras mais prosaicas, Esculápio também era invocado para encontrar pessoas
desaparecidas ou para resolver problemas de relacionamento ou dificuldades do
cotidiano. Um porteiro que havia quebrado um vaso reuniu os fragmentos e se
dirigiu ao santuário, e lá chegando abriu o saco onde os trazia e viu o vaso
reintegrado. Curiosamente, apesar dos muitos testemunhos sobre suas aparições
em sonho, não sobrevive nenhum relato sobre sua aparência física.
Além de sua ligação direta com a Medicina, Esculápio teve
sua imagem transformada e magnificada, assumindo outros significados. Os
neoplatônicos acreditavam que Esculápio era a alma do mundo, através da qual a
Criação era mantida coesa e organizada com simetria e equilíbrio. Élio
Aristides disse que ele era o guia e regente de todas as coisas, o salvador do
universo e o guardião dos imortais. Juliano declarou que ele era o curador dos
corpos e, com a ajuda das Musas, de Hermes e de Apolo, era o educador das
almas. Sua figura foi assimilada sincreticamente à de Imhotep no Egito, a
Eshmun na Fenícia, a Zeus em Pérgamo, e a Júpiter em Roma, onde era chamado de
Aesculapius Optimus Maximus.
Ele é representado usualmente como um homem maduro, vestido
de uma túnica que lhe descobre o ombro direito, e apoiado a um cajado onde se
enrola uma serpente. Às vezes aparece a seu lado um menino, símbolo da
recuperação da saúde, ou a de Telésforo, uma espécie de elemental da terra
encapuzado que levava o processo de cura a bom termo, e que algumas fontes
dizem ser seu filho. Também pode ser mostrado junto de algum de seus outros
filhos, especialmente Higéia, que se tornou uma figura importante em seu culto
e chegou a ter templos próprios. Sobrevivem da Antiguidade várias de suas
estátuas e imagens em moedas e camafeus. A estátua de seu principal templo, em
Epidauro, fora feita, segundo Pausânias, de ouro e marfim, tinha cerca de seis
metros de altura, e ele aparecia sentado em um trono, pousando sua mão direita
sobre uma serpente, enquanto que com a esquerda segurava um cajado. Tinha um
cão ao seu lado. Esculápio foi representado em moedas cunhadas por 46
imperadores e imperatrizes romanos, e essas moedas circulavam em todo o Império
Romano.
O principal símbolo de Esculápio é um bastão ou cajado com
uma serpente enrolada, que muitas vezes tem sido confundido erroneamente com o
caduceu, que possui duas serpentes. A origem do símbolo é muito antiga,
anterior aos gregos. Mais de 5 mil anos atrás os mesopotâmios usavam um bastão
com uma serpente como emblema de Ningizzida, o deus da fertilidade, do
matrimônio e das pragas. Para os gregos e romanos a serpente estava associada a
Apolo por ele ter matado a Píton de Delfos, e era um símbolo da cura porque
periodicamente abandona sua pele velha e aparentemente renasce, da mesma forma
que os médicos removem a doença dos corpos e rejuvenescem os homens, e também
porque a serpente era um símbolo de atenção concentrada, o que era requerido
dos curadores. Era conhecido também dos judeus antes de Cristo, como se lê no
relato bíblico de Moisés erguendo um poste com uma serpente de bronze para
livrar o seu povo de uma praga de serpentes. Ao longo do desenvolvimento do
Cristianismo este símbolo foi transformado, e o poste se tornou um Tau.
A ligação de Esculápio com a serpente deriva de uma das
lendas associadas ao seu mito. Chamado para socorrer Glauco, que havia sido
morto por um raio, viu uma serpente penetrar no aposento onde estava, e a matou
com seu bastão. Logo uma segunda serpente entrou, carregando ervas em sua boca,
que depositou sobre a boca da outra morta, fazendo-a voltar à vida. Tomando
dessas ervas, Esculápio colocou-as na boca de Glauco, que também ressuscitou, e
desde então fez da serpente seu animal tutelar. Seu bastão se tornou o símbolo
da Medicina na contemporaneidade em grande número de países do mundo e está
presente na bandeira da Organização Mundial da Saúde. O outro animal a ele
associado era o cão, presente em uma das versões de seu mito como o animal que
lhe trouxe comida ao ser abandonado ainda bebê nas montanhas, e por ser capaz
de seguir uma trilha invisível com seu olfato, o que simbolizava a capacidade
do médico de identificar a doença através de sintomas invisíveis para os
leigos. Finalmente o galo, que era amiúde sacrificado em sua honra, era o
símbolo do raiar do sol, o astro regido por Apolo, o seu pai divino
Asclépio era o antigo deus grego da medicina, filho do deus
Apolo e Coronis, filha de Phlegyas, Rei dos Lapiths.
Ele era casado com Epione, a deusa da calmante; juntos, eles
tinham um número de filhos; suas filhas eram Panacea (deusa de medicamentos),
Hygeia (deusa da saúde), Iaso (deusa da recuperação), Aceso (deusa do processo
de cicatrização), Aglaea ou Aegle (deusa da magnificência e esplendor).
Eles também tiveram quatro filhos; Machaon e Podalirius eram
curandeiros lendários que lutaram na guerra de Tróia; Telesphorus que
acompanhou sua irmã, Hygeia, e simbolizava recuperação; e Arato.
Asclépio foi dado ao centauro Chiron, que o ressuscitou e
lhe ensinou a medicina e as artes da cura.
Em algum momento, Asclépio curou uma cobra, que em troca lhe
ensinou conhecimento secreto – cobras eram consideradas seres divinos que eram
sábios e poderia curar.
Isto é como o símbolo de Asclépio e cura mais tarde foi
coroado com uma haste de uma cobra.
Asclépio era tão bom em cura que ele tinha conseguido
enganar a morte e trazer as pessoas de volta a partir do submundo.
O culto a Asclépio/Esculápio, deus greco-romano da medicina,
teve muito prestígio no mundo antigo, quando seus santuários converteram-se em
sanatórios.
Os textos primitivos não concediam caráter divino a
Esculápio, que os gregos chamavam Asclépio.
Homero o apresenta na Ilíada como um hábil médico e Hesíodo
e Píndaro descrevem como Zeus o fulminou com um raio, por pretender igualar-se
aos deuses e tornar os homens imortais.
Com o tempo, passou a ser considerado um deus, filho de Apolo
e da mortal Corônis, com o poder de curar os enfermos.
Seu templo mais famoso era o de Epidauro, no Peloponeso,
fundado no século VI a.C.
O teatro dessa cidade foi construído para acolher os
peregrinos que acorriam para a festa em honra de Esculápio, a Epidauria. Era
também patrono dos médicos e sua figura aparecia nos ritos místicos de Elêusis.
Seu culto foi iniciado em Roma por ordem das profecias
sibilinas, conjunto de oráculos do ano 293 a.C.
Na época clássica, Esculápio era representado, quer sozinho,
quer com sua filha Higia (a saúde), como um homem barbudo, de olhar sereno, com
o ombro direito descoberto e o braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu,
em volta do qual se enroscam duas serpentes, e que se transformou no símbolo da
medicina.
Deus da Medicina
Asclépio é o Deus da Medicina, filho de Apolo e Corónis, uma
princesa mortal.
Ao contrário do Seu pai, que se preocupa com o equilíbrio
entre a saúde e a doença, visionando a população em geral, e cujos métodos
abrangem mais a área da Cura Espiritual, Asclépio preocupa-se com a saúde de
cada indivíduo em si, com os pequenos problemas do homem e com a Medicina mais
física.
Asclépio nasceu como mortal, mas os Seus feitos
eventualmente fizeram com que se tornasse num Deus que não encontramos no Hades
entre os mortos nem no Olimpo entre os Deuses, mas antes caminha na Terra,
entre os homens.
As serpentes são a sua epifania e está presente no espírito
dos médicos e profissionais de saúde, estimulando a um conhecimento do corpo
humano e também das ervas e drogas. Este Deus não é, ao contrário do seu pai,
um Deus distante que se preocupa pouco com a parte física do homem, mas um dos
que mais toma nas suas mãos a proteção da humanidade e estende a sua mão para
nos auxiliar.
De fato, podemos dizer que é tão bem-feitor para o homem
como Prometeu, pois se o Titã nos ensinou a destruir e a criar, Asclépio
ensina-nos a preservar.
Origem
Asclépio, ou Esculápio para os romanos, era filho de Apolo
com a mortal Corônis, filha única de Flégias, rei da Beócia.
Este, revoltado com a gravidez inesperada de sua herdeira,
incendiou o templo de Delfos consagrado ao deus, e por esse crime foi lançado
ao Tártaro, onde permanece com um grande rochedo suspenso sobre si, ameaçando
cair a qualquer momento e esmagar sua cabeça.
Asclépio teve muito prestígio no mundo antigo, embora os textos
primitivos apresentem-no apenas como herói, sem o caráter divino.
Segundo a lenda, o centauro Quiron foi quem lhe ensinou a
arte de curar as feridas e as doenças, transmitindo-lhe também o conhecimento
das plantas medicinais e o da composição dos remédios.
A partir daí ele se transformou em um médico extremamente
hábil, conseguindo tantas curas que chegou mesmo a ressuscitar os mortos.
Essa situação desagradou a Zeus (Jupiter), que um dia,
incomodado com o fato de um mortal pretender igualar-se aos deuses e estender
aos homens a imortalidade divina, o fulminou com um raio.
Com o passar do tempo Asclépio também passou a ser
considerado um deus pelos gregos, com poder de curar os enfermos, e algumas
fontes afirmam que ele se transformou em uma constelação: o Serpentário..
O culto a Asclépio concentrou-se primeiramente na Tessália,
região onde nasceu, espalhando-se depois, gradativamente, por toda a Grécia,
especialmente pelas regiões de Trica, Cós, Pérgamo, Epidauro e Atenas, em cujas
cidades ficavam seus principais santuários, sendo o mais importante de todos o
de Epidauro, no Peloponeso, erguido no século 6 a.C., onde também foi
construído um teatro e um monumento abobadado destinado a acolher os peregrinos
que acorriam à festa celebrada em honra ao deus (Epidáurias, para os gregos, e
depois, Esculápias, para os romanos). Em escavações realizadas nas duas últimas
cidades mencionadas, foram encontrados muitos objetos relacionados com a
prática religiosa.
Por volta do século 3 a.C. as profecias sibilinas, feitas
por oráculos ou profetas conhecidos como sibilas, seres misteriosos que
pretendiam receber mensagens do deus Apolo e que chegaram a constituir uma
importante instituição do mundo antigo, transformando-se em um dos temas mais
complicados de sua vida religiosa, induziram os romanos ao culto de Esculápio,
que passou a ser representado como um homem barbudo, de olhar sereno, com o
ombro direito descoberto e o braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu, em
volta do qual se enroscam duas serpentes, e que se transformou no símbolo da
medicina.
Sobre este símbolo, Joffre M. de Rezende, Professor Emérito
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, esclarece que várias
esculturas encontradas nos templos greco-romanos de Asclépio, o representam
segurando um bastão com uma serpente em volta.
Muito embora os historiadores da medicina não sejam unânimes
sobre o simbolismo do bastão e da serpente, as seguintes interpretações têm
sido admitidas por eles:
Em relação ao bastão:
Árvore da vida, com o seu ciclo de morte e renascimento.
Símbolo do poder, como o cetro dos reis
Símbolo da magia, como a vara de Moisés
Apoio para as caminhadas, como o cajado dos pastores
Em relação à serpente:
Símbolo do bem e do mal, portanto, da saúde e da doença.
Símbolo do poder de rejuvenescimento, pela troca periódica
da pele
Símbolo da sagacidade
Ser ctônico (subterrâneo) que estabelece a comunicação entre
o mundo inferior e a superfície da Terra; elo entre o mundo visível e o
invisível
As serpentes não venenosas eram preservadas nos lares e
templos da Grécia não só por seu significado místico como pelo seu fim
utilitário, já que devoravam os ratos.
O culto de Asclépio
A Medicina racional grega não implicou uma ruptura com as
crenças mágico-religiosas, mantendo-se um florescente culto a Asclépio, depois latinizado
como Esculápio.
Asclépio é filho de Apolo e da ninfa Coronis. Como deus
solar (não o deus do sol: Hélios), Apolo é também deus da saúde (Alexikakos),
devido às propriedades profilácticas do sol.
O fato de Apolo ter tirado o filho do ventre da mãe no
momento em que esta se encontrava na pira funerária, confere-lhe o simbolismo
de deus da medicina logo à nascença: a vitória da vida sobre a morte.
A arte da medicina foi-lhe ensinada pelo centauro Quirón e
uma serpente ensinou-lhe como usar uma certa planta para dar vida aos mortos.
Acusado de diminuir o número dos mortos, Asclépio foi morto
por um raio de Zeus. Esta saga heróica, cantada pelo poeta Píndaro (ca. 522-443
a.C.), traduziu-se depois na deificação de Asclépio, transformado em Deus e
tornado imortal por vontade divina.
O seu culto terá começado em Epidauro, mas também existiam
templos ou santuários (asklépieia) em outros locais, como Kos, Knidos e
Pérgamo, onde os sacerdotes se dedicavam à cura de doentes.
Asclépio é representado com o caduceu, bastão com uma
serpente enrolada.
Dos filhos de Asclépio e de Epione são particularmente
importantes Panaceia e principalmente Higeia, a qual foi intimamente associada
ao culto a seu pai.
A cura nos templos de Asclépio era feita através da
incubatio, que consistia em os doentes passarem a noite no templo, normalmente
em grupo, onde eram visitados individualmente pelo deus no seus sonhos.
Este curava-os dando-lhes indicações a seguir no seu tratamento
ou praticando um milagre, que tomava a forma de uma administração de
medicamentos ou de um ato cirúrgico, praticado pelo próprio deus.
O enorme número de pedras votivas encontradas nas imediações
dos templos, agradecendo a intervenção e a cura dos deuses, mostra que a crença
no seu culto era muito difundida e foi muito persistente no tempo.
Também é interessante referir que as pedras votivas referem
diferentes intervenções de Asclépio em diversos períodos.
Assim, nas pedras encontradas em Epidauro e datando do Séc.
IV a.C., a intervenção de Asclépio é feita prestando diretamente cuidados
curativos, enquanto nas de Pérgamo, datando do Séc. II d.C., ele se limitava a
indicar qual a prescrição a ser seguida pelo doente quando saísse do templo.
A ausência de incompatibilidade entre a medicina racional
grega e o culto de Asclépio é atestada pelo fato de este ser geralmente
considerado o patrono dos médicos, um papel que seria anterior ao da difusão do
seu culto como deus.
O próprio juramento de Hipócrates se inicia com a invocação
aos deuses: “Juro por Apolo médico, por Asclépio, por Higeia e Panaceia, por
todos os deuses e deusas, fazendo-os minhas testemunhas, que eu cumprirei
inteiramente este juramento de acordo com as minhas capacidades e discernimento”.
O voto de pureza do juramento é também uma estatuição
presente numa inscrição epigráfica em Epidauro: “Puro deve ser aquele que entra
neste fragrante templo”
Que sejam prósperos.
Raffi Souza.
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