04 junho 2019

As deusas das estações: Horas!


As deusas das estações: Horas!


As Horas (do grego antigo Ὧραι, transl. Hôrai, 'estações'; em latim) constituíam, na mitologia grega, um grupo de deusas que presidiam sobre as estações do ano. Filhas de Zeus e Têmis, elas personificavam a ordem do mundo e originalmente eram três:
Eunomia (Εὐνομία, "legalidade") representa a legalidade, a boa ordem, as leis cívicas.
Irene (Εἰρήνη, "paz") representa a paz.
Dice (Δίκη, "justiça") representa a justiça.
Têmis e Dice elucidam o lado ético do instinto, a voz miúda e calma no seio do impulso. Dice para a humanidade é a função de base institual muito sintônica com o que chama de instinto para reflexão. As três Horas também são as porteiras do monte Olimpo.
Posteriormente, o número de Horas passou de três a nove, dez ou doze deusas guardiãs da ordem natural, do ciclo anual de crescimento da vegetação e das estações climáticas anuais, que seriam:
Talo (Θαλλώ), florescimento.
Auxo (Αὐξώ), crescimento.
Carpo (Καρπώ), frutificação.
Ortosia (Ορθωσία), prosperidade.
Euporia (Εὐπορία), abundância.
Ferusa (Φέρουσα), substância.
Auxesia (Αὐξησία), crescimento.
Damia (Δαμία), terra nutriz.
Teoria (Θεωρία), festejos.
Opora (Οπώρα), banquete.
As 4 Horas que personificam as quatro estações do ano, filhas e companheiras do deus-sol, Helios:
Eiar (Εἶαρ), primavera.
Teros (Θέρος), verão.
Ftinoporão (Φθινόπωρον), outono.
Quimão (Χειμών), inverno.
As 12 Horas que personificam as horas do dia, filhas e companheiras do deus-tempo, Chronos:
Auge (Αὐγή), a hora da alvorada.
Anatole (Ανατολή), a hora do nascer-do-sol.
Musique (Μουσική), a hora da música.
Ginastique (Γυμναστική), a hora do atletismo.
Ninfe (Νυμφή), a hora do banho.
Mesembria (Μεσημβρία), a hora do meio-dia.
Esponde (Σπονδή), a hora da libação.
Elete (Ηλετή), a hora da oração.
Acte (Ακτή), a hora da refeição.
Hesperis (Ἑσπερίς), a hora do entardecer.
Disis (Δύσις), a hora do pôr-do-sol.
Arctos (Άρκτος), a hora da noite.
Segundo alguns, Clóris (Χλωρίς), deusa da primavera, era também uma das Horas.
As Horas eram originalmente deusas do ano, das estações climáticas e da ordem natural da natureza. Mais tarde passaram a personificar também a ordem humana e social. Associadas com as Moiras que eram suas meias-irmãs, cuidaram de Hera na sua infância e foram suas servas, ajudaram no aperfeiçoamento de Pandora e assistiram o nascimento de Hermes e Dioniso.
Elas eram as guardiãs das portas do Olimpo, organizando a passagem das estrelas e participavam do cortejo de Afrodite e dos demais deuses e deusas relacionados ao trabalho agrícola e à passagem das estações como Perséfone. Serviam e eram encarregadas de guardar a ambrosia que era o alimento dos deuses e oferecê-lo aos humanos que viessem a merecer a imortalidade e a divinização. Muito tempo depois, as Horas passaram a personificar a divisão do dia.
Filhas de Zeus e Têmis, as mais velhas e mais conhecidas eram Eirene, Eunômia e Dikê. Posteriormente surgiram as demais Horas: Auxo, Acme, Anatole, Disis, Dicéia, Euporia, Gimnásia, Talo e Carpo. Na versão arcaica ateniense, as Horas cultuadas pelos camponeses eram representadas como jovens rodeadas de flores coloridas, vegetação e outros símbolos de fertilidade. Originalmente representavam apenas três estações do ano: primavera, verão e outono e na versão mais conhecida das eras helenística e romana, as Horas eram:
Diké ou Dice era a deusa dos julgamentos e da justiça humana, vingadora das violações da lei que na mão direita sustentava uma espada e na mão esquerda sustentava uma balança de pratos que representava a igualdade de direitos. Representava a organização das coisas para harmonizar a sociedade e as relações dos indivíduos. Na mitologia grega era representada com os olhos abertos simbolizando a busca pela verdade. Chamada de Iustitia pelos romanos, passou a ter os olhos vendados simbolizando a imparcialidade nos julgamentos.
Eunomia era a deusa da disciplina ou equidade, das leis e da legislação. Representava o resultado do esforço contínuo do indivíduo para melhorar suas habilidades e aperfeiçoamento. Era deusa auxiliar de artistas e da maioria dos mortais que chegaram a desenvolver habilidades excepcionais devido à disciplina e persistência.
Eirene ou Irene personificava  a paz, descrita na arte como uma bela jovem que portava uma cornucópia, um centro e uma tocha, chamada pelos romanos de Pax. Estaria ligada a compreensão da ordem natural sem se opor à ordem natural dos eventos. Esta seria a verdadeira paz para os gregos da época, uma harmonia e consequente conforto ante os eventos cotidianos.
Dicéia era a deusa menor da justiça e dos acordos
Gimnásia era a deusa da ginástica e dos esportes.
Euporia era a deusa da abundância.
Disis era a deusa da finalização do dia, o por do sol.
Acme era a deusa do apogeu.
Anatole era a deusa da alvorada e do nascer do sol.
Talo ou Thallo que significa broto, era a deusa dos brotos e dos botões de flores, protetora da juventude.
Auxo ou Auxésia que significa crescer, era a deusa do florescimento.
Carpo ou Karpo que significa fruto, era a deusa do amadurecimento, encarregada do outono e da colheita. Era filha de Clóris ou Flora - a deusa da primavera e Zéfiro, o vento da primavera.
Frequentemente associadas às Graças, as deusas Horas foram representadas por muitos artistas como dançarinas de eterna juventude a quem se prestavam inúmeros cultos. Na mitologia romana tornaram-se alegóricas representando as estações.
Por personificarem as horas do dia e da noite, eram consideradas como filhas de Cronos - o Senhor do Tempo e companheiras do Sol e da Lua. E foi assim que as 12 Horas passaram a personificar as doze horas do dia a partir do nascer do sol,  tendo como deusas tutelares:
Auge: a primeira luz
Anatole ou Anatólia: o nascer do sol ou alvorada
Música ou Mousika: a hora matinal de estudo da música
Ginástica, Gymnastika ou Gymnasia: a hora matinal do exercício físico
Ninfa ou Nymphe: a hora matinal do banho  
Mesêmbria: o meio-dia
Esponda ou Sponde: hora das libações após a refeição
Elete: a rezadora ou a primeira hora de trabalho da tarde
Acte ou Akte: a segunda das horas de trabalho da tarde
Hésperis ou Hespérides: a tarde ou entardecer
Dísis ou Dysis:  o pôr-do-sol
Arctos ou Arktos: a constelação da noite, a Ursa Maior.
O que fazemos com as nossas horas disponíveis? Diariamente temos 24 horas, mas parece que o tempo escorre pelas nossas mãos. Estamos vivendo na era da velocidade e, indignados, corremos querendo ultrapassar o tempo. Se pudéssemos criaríamos mais horas para o nosso dia e, como não é possível, passamos o dia lutando com o tempo. Nessa pressa foram criados produtos químicos para acelerar a germinação e a maturação, mas consequentemente aceleram a finalização.
A velocidade se tornou um novo paradigma, um padrão de comportamento para quem quer obter sucesso, estar integrado, fazer parte do sistema, concorrer no mercado e ser aceito e aplaudido. No entanto, podemos ser simplesmente sugados pelo sistema e acabarmos sendo consumidos velozmente, sem nos darmos conta de que podemos fazer mais, porém administrando o tempo com lucidez e planejamento.
É preciso tempo para tudo: para nascer, para germinar, para dar frutos, para morrer; essa é a ordem natural das coisas.  Ser veloz não é a mesma coisa que ter pressa. Fazer as coisas rapidamente não é o mesmo que terminar no menor tempo. Sair na frente não garante chegar em primeiro lugar. Há uma certa dose de relatividade. Quando fazemos as coisas com calma, colocamos mais atenção ao momento presente e erramos menos. Quando abandonamos o "Fast Food" estamos optando pelo "Slow Food", e não se trata de comida, se trata de estilo de vida.
A maioria das pessoas no mundo estão sempre apressadas vivendo no estilo "Fast Food", um jeito urbano de comer rapidamente um sanduíche encostado de pé no balcão em substituição ao almoço. E assim esquecem os prazeres do "Slow Food", de sentar-se à mesa, comer e beber devagar, dando-se o tempo para saborear a comida, transformando a refeição em um momento de encontro e comunhão com a paz e com o prazer, sem pressa e com muita qualidade e satisfação, essa é a idéia. Trata-se do contraponto ao espírito do Fast food e o que ele representa como estilo de vida moderno.
A idéia de respeitar o tempo de comer, valorizando a arte da culinária, o convívio familiar e melhorar a saúde, amplia sua ação para muito além da borda da mesa de jantar. Tem tudo para virar filosofia de vida, pois comer não é mais do que uma das múltiplas atividades a que o homem se submete em sua rotina diária, entre tantas outras. O Slow Food pode servir de base para um movimento maior, inicialmente chamado Slow Europe. Sua idéia é questionar a pressa do mundo, a angústia das pessoas, a loucura generalizada na sociedade imposta pela globalização, pela competitividade crescente e pela velocidade da informação proporcionada pela Internet.
Quando o engenheiro americano Frederick Taylor criou no início do século 20 as bases da administração moderna, procurava otimizar o trabalho dos operários em uma fábrica. Para isso estabeleceu uma relação matemática entre a produção que eles conseguiam e o volume de recursos utilizados na produção. E Taylor considerou o tempo como o mais importante entre todos os recursos.
A partir de então se estabeleceu a cultura do século que se iniciava: fazer mais em menos tempo. Porém fazer as coisas em menos tempo não significa fazer mais rápido, significa fazer com mais qualidade. A má interpretação de sua idéia acabou por criar um caos comportamental que se refletiu em pessoas apressadas, neuróticas e infelizes. "Pense antes de fazer, planeje seu trabalho, organize-se e só então faça", dizia ele.
Correr como baratas tontas diante da necessidade de fazer mais com menos, é bem diferente do que planejar, preparar, aprimorar a técnica e só então fazer, rápido mas sem pressa, saboreando cada momento como único, que de fato é. Não se pode lutar contra as horas do dia. Elas são poderosas e sempre ganham a batalha. A idéia não é de luta mas de aliança, porque se gastamos mais tempo para fazer bem feito, economizamos o tempo que gastaríamos refazendo ou corrigindo defeitos e erros.
Ter uma atitude sem pressa significa colocar mais atenção no que se faz, dedicando tempo para os valores que a rapidez do mundo moderno relega a um plano secundário: a família, os amigos, o lazer, a cultura, o tempo livre para simplesmente viver. É uma volta à valorização da casa, do bairro, da cidade, dos ambientes conhecidos, presentes, palpáveis, em oposição ao mundo globalizado, distante, anônimo, abstrato, frio.
O acesso aos valores essenciais à felicidade do ser humano, como a convivência, a fé, a esperança, a serenidade, os prazeres do cotidiano, torna-se mais fácil através de uma atitude sem pressa. Isso resulta em pessoas menos estressadas e neuróticas, mais leves, mais felizes e, por isso mesmo, mais produtivas. A sabedoria popular cunhou ditados para falar da importância de se reduzir a velocidade: "devagar se vai ao longe"; "o apressado come cru" são alguns deles.
Quer um bom resultado, com segurança e rápido? Então faça devagar, não se afobe, pense antes de agir, faça uma coisa de cada vez. Lembre-se: velocidade é diferente de pressa. Ser veloz é adequar-se às condições. O veloz chega antes, o apressado se cansa pelo caminho. O carro não pode ir mais rápido do que as condições que a estrada permite. A boca não pode falar com a velocidade do pensamento.
Chronos é o deus do tempo medido, do cronômetro, do relógio, do calendário, das ações repetitivas mas é Kairós quem governa o tempo vivido, aproveitado, saboreado, sentido, bem utilizado. Administrar o tempo é identificar como estamos usando as 24 horas de cada dia, detectando onde estamos perdendo tempo, as tarefas desnecessárias e improdutivas que estamos realizando. Esse processo possibilita auto-descoberta, além de que pode nos tornar mais produtivos e livres para fazer coisas que nos satisfaçam.
Muitas pessoas reclamam que nunca há tempo suficiente para fazer tudo que seja necessário e que gostariam de fazer, no entanto, elas tem mais tempo do que imaginam ter. Na verdade, elas estão sendo dominadas pelo tempo, quando o correto seria o contrário. Tempo perdido é tempo irrecuperável, e mesmo que se tenha agilidade, muitas vezes a vontade de recuperar o tempo compromete a qualidade do que se faz.
É o perfil de nosso comportamento diante do tempo que nos dirá, o que e como devemos mudar. Muitas vezes a pessoa começa uma tarefa, retoma outra sem concluir a primeira e depois outra sem concluir nenhuma. No final do dia, constata que está exausta, trabalhou o dia inteiro e não vê nenhum resultado. Outras vezes ela se propôs a fazer tantas coisas, se ocupou de coisas de menor importância, e quando percebe, algo importante deixou de ser feito, e aí reclama que as horas passam rápido demais...
Persistia em várias Deusas da mitologia grega e filhas de Zeus e Têmis (Deusa grega guardiã dos juramentos dos homens e da lei). Originalmente deusas do ano, das estações e da ordem natural necessária à prosperidade do campo e mais tarde foram incorporando outras divindades.
Elas são:
*Irene: A paz, é uma linda jovem que portava uma cornucópia (vaso em forma de chifre onde se colocava frutas e flores e que representa fertilidade, riqueza e abundância), um centro, uma tocha ou um ríton (taça com a forma de um chifre, usada em libações).
*Dice: Jugamento e justiça, na mão direita sustentava uma espada (simbolizando a força, elemento tido por inseparável do direito) e na mão esquerda sustentava uma balança de pratos (representando a igualdade buscada pelo direito). É representada descalça e com os olhos bem abertos. Nasceu como mortal e Zeus a pôs na terra para manter a humanidade no caminho da justiça, mas logo descobriu que isso era impossível e a trouxe para viver a seu lado no Olimpo.
*Eunômia: Lei e legislação.
*Tinha também Talo(deusa da primavera, dos brotos e dos botões, portadora de flores e protetora da juventude),Carpo(encarregada do outono, do amadurecer e da colheita, bem como de guardar o caminho para o monte Olimpo e afastar as nuvens que rodeavam a montanha quando um dos deuses saía),Auxo(deusa do período do crescimento dos vegetais), Acme, Analote (é a personificação da alvorada), Disis (deusa das doenças), Diceia (deusa menor da justiça), Eupória (deusas guardiãs da ordem natural, do ciclo anual de crescimento da vegetação e das estações climáticas anuais), Gimnásia (deusa da ginástica e dos esportes),
Segundo alguns, Clóris, deusa da primavera, era também uma das Horas. Em versões mais detalhadas, eram consideradas Horas: Dâmia (equivalente a Carpo) e Auxésia, que se tornaram deusas devido a suas morte violentas por causa de um julgamento errado. Ferusa (a que traz), Euporia (Abundância) e Ortósia (Prosperidade), Iar (Primavera), Tero (Verão), Quimo (Outono) e Ftinóporo (Inverno).
Para quebrar o paradigma de que as Hora so eram representavam períodos do ano surgiram mais 12 deusas que eram:
*Auge: a primeira luz
*Anatole: Nascer-do-sol
*Música: a hora matinal de estudo da música
*Ginástica: (Gymnasia): a hora matinal do exercício físico
*Ninfa: hora matinal do banho
*Mesêmbria: Meio-dia
*Esponda: hora das libações após a refeição
*Elete: primeira hora de trabalho da tarde
*Acte: (comer ou relacionada a prazer), a segunda das horas de trabalho da tarde
*Hésperis: a tarde, e que era mãe das Hespérides (ninfas do poente e das luzes douradas do pôr-do-sol, fenômeno que supostamente celebrava o casamento de Zeus e Hera.)
*Dísis: Pôr-do-sol
*Arctos: Constelação da noite (Ursa Maior).
Que sejam prósperos.
Raffi Souza.

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