10 dezembro 2014

Wicca – Introdução à religião Pagã



Wicca – Introdução à religião Pagã




No início dos tempos os homens acreditavam que a divindade criadora do Universo era feminina e não masculina.
Durante milhares de anos os antigos povos europeus reverenciavam a Grande Mãe como sua principal divindade até que uma nova religião surgiu para tomar o posto do culto à Deusa e implantar sua fé em solo europeu, o Cristianismo.
Isto fez com que as práticas Pagãs entrassem num declínio crescente e constante. Os antigos mitos da Deusa foram aos poucos se transformando em contos de fada e parecia que a Antiga Religião Pagã havia definitivamente desaparecido.
Durante milênios, os valores femininos foram colocados em segundo plano e em muitas culturas as mulheres foram subjugadas e passaram a ocupar uma posição inferior aos homens, quer seja no nível social ou espiritual.
A Wicca busca recuperar o Sagrado Feminino e o papel das mulheres na religião como Sacerdotisas da Grande Mãe, além da complementaridade e equilíbrio entre homem e mulher, simbolizados através da Deusa e do Deus, que se complementam. A Wicca dá à Deusa um papel preponderante, quer nas suas práticas quer nos seus ritos, sendo assim é a principal Divindade adorada e invocada nos ritos sagrados.
Quando a cristianização aconteceu na Europa, a palavra Bruxaria, que era anteriormente aplicada somente às práticas religiosas Pagãs européias de culto à Deusa, foi largamente utilizada para descrever qualquer prática religiosa existente antes do Cristianismo.
Com isso, todas as vezes que os inquisidores cristãos se deparavam com novas práticas religiosas que não sabiam como denominar davam a ela o nome de Bruxaria. Muitas e muitas pessoas de outros subgrupos como judeus, ciganos, curandeiros, cientistas foram condenadas à fogueira pelo crime de Bruxaria.
 Isso trouxe uma confusão sobre o que e quando a terminologia Bruxaria deve ou não ser utilizada.
Depois de séculos de perseguições e execuções através da Santa Inquisição, a religião das Bruxas está de volta e é com a finalidade de esclarecer mal entendidos sobre a Wicca e esta maravilhosa religião que escrevo hoje.
A Wicca surgiu em 1951, quando a última lei ainda existente contra a Bruxaria foi revogada na Inglaterra. Considerado o pai do Neo-Paganismo, Gerald Gardner, decidiu revelar que as práticas da Bruxaria da Europa antiga não haviam morrido, mas continuavam vivas e ainda eram praticadas por muitas famílias de Bruxos sob um novo nome, Wicca!
Foi em 1970 que o movimento feminista abraçou a Wicca como sua religião “oficial”, encontrando na Deusa uma figura forte e capaz de provocar mudanças profundas na forma de encarar o mundo. 
            A Wicca é uma religião mal compreendida e atacada até hoje, devido à ignorância e falta de conhecimento. O Cristianismo, arraigado na alma das pessoas e os contos de Bruxas más de Walt Disney contribuíram para deturpar a imagem dessa linda religião de mistérios e veneração à natureza.
A Wicca é ao mesmo tempo uma religião, uma filosofia e uma forma de vida. Como religião, ela nos ensina as várias formas de nos conectarmos ao Sagrado. Como filosofia, ela nos ensina como crescer pessoalmente e interiormente. E como forma de vida, ela nos ensina a aplicar seus ensinamentos em nosso cotidiano.
Esta linda filosofia nos ensina a viver como filhos da Mãe Terra e a tratá-la com o devido respeito que merece pois é nosso lar e é dela que nascem todas as formas de vida do planeta. É o reavivamento e a sobrevivência da Antiga Religião européia baseada na Terra e suas manifestações.
A Wicca vai muito além das relações humanas entre si, ela fala não só sobre as nossas relações, mas também das relações dos humanos com os animais, natureza e conosco mesmos.
Os Wiccanianos expressam uma grande reverência à natureza e buscam no seu dia a dia formas de se integrarem à ela, procurando viver em harmonia com as leis naturais. Todos Wiccanos amam incondicionalmente todos os animais, sem distinção, e possuem um profundo respeito e amor à todas as formas de vida.
Wiccanianos celebram a mudança das estações e das fases lunares através de rituais capazes de nos conectar com os fluxos e refluxos trazidos para a Terra e consequentemente para nossas vidas em decorrência dessas mudanças naturais.
As principais características da Wicca como religião da natureza baseiam-se :
- Na crença de que rituais e poderes adormecidos dentro de nós precisam ser despertos para transformar e curar a vida.
- Na convicção de que devemos buscar através da natureza formas de entrar em contato com ela, buscando nossa reconexão com os seus fluxos naturais que invariavelmente trazem mudanças interiores em cada ser.
- Na Afirmação da vida e de sua sacralidade da Terra como símbolo da perfeição, totalidade, unidade, completitude e cura para todos os males.
- Nas forças da natureza como a energia sustentadora da vida, vendo nela a própria Deusa manifestada.
- Na preservação e cuidado com a natureza considerado templo e moradia dos Deuses que acreditamos.
Embora os ritos, símbolos e costumes possam ser diferentes, todas as Tradições Wiccanas apoiam-se em pontos comuns:

• Convicção na reencarnação
• Crença nos aspectos femininos e masculinos do Divino
• Respeito na mesma proporção não só a seres humanos, mas para a Terra, animais e plantas
• Observação da mudança das estações do ano, com 8 Sabbats Solares e 13 Esbats lunares(21 ritos anuais)
• Repúdio ao proselitismo
• Igualdade à mulheres e homens, pois ambos são complementares, apesar de sempre a mulher ser mais enfocada muitas vezes
• Realização dos rituais no interior de um Círculo Mágico, pois o Círculo é um espaço sagrado usado para a adoração
• Importância aos “3 Rs”: REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR
• O sentido de servidão à Terra
• O respeito a todas as religiões e à liberdade religiosa
• O repúdio por qualquer forma de preconceito
• Conscienciosidade em relação à cidadania

A Wicca também fala sobre feitiços e rituais capazes de provocar as mudanças que tanto desejamos, mas nada tem haver com a magia sobrenatural dos contos de fadas da Disney. Baseado no fato comprovado cientificamente de que tudo no universo é energia, sabemos que nossa mente é tão poderosa que podemos alterar os padrões vibracionais ao nosso redor.Sabe-se que o ser humano utiliza somente 1/3 da sua capacidade mental, sendo assim ainda há muito a ser explorado.
Os Bruxos, como são chamados os Wiccanos, lançam seus feitiços concentrando seu mental na intenção de transmutar algo, direcionando sua capacidade mental e energia para o que que deseja transmutar. Nada tem de fantasioso nisso, todos podem alterar as energias que nos cercam, basta treino e concentração, é científico!
Apesar de ser uma religião que prega a liberdade também existem regras para que a Wicca não seja deturpada por pessoas de má fé. Existem dois códigos morais simples que são observados: O Dogma da Arte e a Lei Tríplice.
O Dogma da Arte, é um código moral simples que diz "Faça o que desejar, sem a ninguém prejudicar". Deve ser seguido por todos os praticantes da Wicca, assim como os 10 mandamentos devem ser seguidos por todos os Cristãos.
A Lei Tríplice é outro fundamento Wiccaniano aceito e que diz que "Tudo o que eu faço para o bem ou para o mal volta para mim triplicado e nesta encarnação". Pode-se resumir esta Lei dizendo apenas, você colhe em triplo aquilo que plantar!. Os Wiccamos acreditam que todas as energias somos nós que criamos e elas influenciam o que acontece conosco.
Como muitas religiões, a Wicca pratica Magia. Nós Bruxos acreditamos que a mente e o corpo humano possuem o poder de efetuar mudanças nos acontecimentos de maneiras ainda não compreendidas pela ciência.
A principal diretriz Wiccaniana que é levada em consideração sempre que realizamos um ato mágico e no nosso comportamento diário é:
“Sem nenhum mal causar, faça o que desejar”
Por isso, para que não haja confusão, faz-se necessário relacionar uma lista com respostas para as diversas deturpações criadas e atribuídas à Bruxaria e à Wicca:

• Bruxos não acreditam nem honram a Deidade conhecida como Satã, Diabo ou Demônio
• Bruxos não sacrificam animais ou humanos
• Bruxos não usam fetos abortados em seus rituais
• Bruxos não renunciam formalmente o Deus Cristão, apenas acreditam em outros aspectos divinos
• Bruxos não odeiam os cristãos, a bíblia ou Jesus, nem são anti-cristãos, apenas não são cristãos
• Bruxos não são sexualmente anticonvencionais
• Nos Sabbats e Esbats não são utilizados nenhum tipo de drogas ou são feitas orgias sexuais
• Bruxos não praticam necessariamente Magia Negra
• Bruxos não forçam ninguém à fazer algo que agrida o seu interior
• Bruxos não estão tentando subverter o Cristianismo
• Bruxos não profanam Igrejas Cristãs, hóstias e bíblias
• Bruxos não fazem pacto com o Diabo
• Bruxos não cometem crime em nome de sua religião
Os Wiccanos acreditam que o retorno da ligação com a natureza é a única maneira de preservar a existência do ser humano, formando assim uma profunda conexão com o Divino.
A Wicca é baseada na dualidade que reflete o equilíbrio e energia da natureza, mesmo sendo considerada uma religião centrada no Sagrado Feminino, sendo assim,  a  Deusa é considerada a doadora da vida enquanto o Deus é o fertilizador.
Para os Wiccanos a Deusa é simbolizada pela Lua e o Deus pelo Sol, expressando mais uma vez o perfeito equilíbrio das forças naturais. Assim sendo, a Deusa se expressa de forma Tríplice como a Donzela, a Mãe e a Anciã, representando os diferentes estágios da vida da mulher e da Lua respectivamente como crescente, cheia e minguante. 
Como Donzela, Ela representa o início, o idealismo e o florescer da vida. Sua cor sagrada nesta face é o branco.
Como a Mãe, Ela representa o nascimento, a fertilidade e a maternidade. Sua cor sagrada nesta face é o vermelho.
Como a Anciã , Ela representa a sabedoria, o conhecimento e a transformação. Sua cor sagrada nesta face é o preto.
O Deus Cornífero é o filho e consorte da Deusa. Ele é o senhor da fauna e da flora e também o protetor da criação da Deusa.
Com a chegada do Cristianismo com todo o seu conjunto de pecados, proibições e tabus sexuais, o Deus Cornífero foi transformado na figura do Demônio e do mal pelos cristãos. Até então o Diabo jamais tinha sido representado com chifres na cabeça e isso só aconteceu para denegrir a imagem do Deus dos Bruxos e intensificar a perseguição aos praticantes da Bruxaria.
O Deus Cornífero orna chifres em sua cabeça não por ser o Diabo, pois Bruxos nem nele acreditam, mas por causa da sua ligação com os animais e a caça. Ele não é de nenhuma forma o Demônio e muito menos é o Deus cristão.
Dentre as comemorações dos Wiccanos existem os Sabbats que são as 8 celebrações ou rituais marcados pelo ciclo Solar, considerados os mais importantes do calendário litúrgico Wiccaniano que representam o eterno ciclo de nascimento, vida e morte do Deus Cornífero que é o próprio Sol. Isto é a personificação do antigo calendário agrícola europeu de plantio, fertilização e colheita. 
As celebrações do Sabbats eram o momento onde os homens agradeciam aos Deuses pela colheita e garantiam a continuidade da abundância através dos rituais.
            A Roda do Ano, calendário Wicca de comemorações, é divida em 4 Sabbats maiores chamados de Samhain, Imbolc, Beltane e Lammas que celebram o ciclo agrícola da Terra, marcando a semeadura, o plantio e a colheita, e 4 menores nomeados de Yule, Ostara, Litha e Mabon, que marcam os Equinócios e Solstícios e a trajetória do sol pelo céu.
Todos os rituais Wiccanos, sendo Sabbats ou Esbats,  se iniciam com a abertura do círculo mágico sagrado, invocação aos quadrantes, aos Deuses e terminam com o destraçar do Círculo. 
Além da celebração dos Sabbats, os Wiccanianos reverenciam outras importantes mudanças que ocorrem na natureza como a mudança das fases lunares, as quais são chamadas de Esbats.
Treze fases da Lua são celebradas no decorrer de um ano. Isso acontece por que os Wiccanianos seguem os antigos calendários lunares dos povos celtas, baseados em 13 meses com 28 dias.
Nas comemorações de Esbat os Wiccanos honram a Deusa e agradecem suas bênçãos. Neste período também são lançados feitiços de acordo com as influências lunares em questão ou momento do ano em que nos encontramos. Se houver necessidade, também podemos realizar práticas divinatórias e rituais de cura. Um Ritual de Lua Cheia pode também consistir simplesmente em sentir o fluir das energias ou uma prática meditativa, única e exclusivamente.
                As comemorações Wiccanas dos Sabbats e Esbats nos colocam em harmonia com toda a natureza pois se as mudanças das fases solares e lunares exercem influência sobre as marés e plantio das sementes, elas seguramente influenciam nossas emoções e acontecimentos diários.
                Em resumo, ser Wiccana é ser Bruxa e esta é a palavra que nos define. A palavra bruxa se origina de uma palavra em latim, que significa larva de borboleta.  Isto demonstra o sentido correto da bruxa, aquela que modifica e se transforma, assim como a lagarta se transforma em borboleta. A bruxa tem o poder e o conhecimento para transformar a sua realidade e a si própria, se aperfeiçoando e criando uma vida melhor para si e para o mundo.
Ser bruxa é ouvir a sua intuição, sua voz interior, comungar com a natureza e respeitar a vida, é tratar todos os seres com respeito, é nunca desejar o mal a ninguém, é um modo de vida. Ser bruxa é viajar sem sair deste lugar, é estar no escuro mas enxergar. Ser Bruxa é ser verdadeiramente livre. Nós somos netas e bisnetas das Bruxas que a Santa Inquisição não conseguiu queimar!

Grasiela Marchioro

Fontes de Pesquisa: http://www.wiccanaweb.com.br/

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