03 setembro 2019

A deusa da primavera galesa: Olwen!


A deusa da primavera galesa: Olwen!


Olwen é uma Deusa galesa da primavera e da luz solar; é descrita como uma mulher bonita com pele pálida e cabelo amarelo que brilha enquanto ela se move sua magia faz com que todos as flores e árvores floresçam.
Filha do rei dos gigante, Yspaddaden, e tinha por pretendente Culhwch, um dos guerreiros de Artur. A madrasta de Culhwch odiava-o tanto que lhe lançou a maldição de só poder casar com a filha do temível gigante, mas ambos os jovens apaixonaram-se profundamente um pelo outro.
Seu nome, Olwen (ol que significa “pegada, caminho” e gwen “branco, justo, abençoado, também conhecida como Olwyn) significa “A Roda de Ouro”, o que faz com que alguns a vejam como uma forca opositora a Arianrhod, cujo nome significa “A Roda de Prata”. Um outro nome para ela era “Senhora do Rastro Branco” porque ela era tão bela que trevos brancos brotavam onde quer que ela andasse. Isto indica que ela pode ter sido uma deusa tripla em si própria com várias outras associações há muito perdidos para nós.
O herói Culhwch era seu pretendente, que foi em uma jornada mítica para encontrá-la depois que seu pai, que saiba que ele iria morrer caso se casassem, a escondeu. Nesta parte do mito, ela é a Rainha de Maio, parceira do jovem Deus que toma lugar do antigo que se sacrifica.
Olwen também teve aventuras em terra das Fadas depois que ela foi capturada. Ela foi resgatada por seu pai depois de um ano e um dia de cativeiro. (As Rainhas de Maio estão muitas vezes ligadas aos reinos das fadas).
Ela é relacionada às artes, a criatividade e excelência, seus símbolos são flores que florescem tardiamente, itens e anéis vermelhos e dourados.
Culhwch e Olwen
Datado do século XI, a história de Culhwch e Olwen baseia-se em diversos contos folclóricos tradicionais e é a mais antiga lenda arturiana em Gales. O rei Arthur e seus cavaleiros aparecem num cenário totalmente céltico da Idade do Ferro, com referências à Mabon e aos ferreiros, descrevendo repleta de seres míticos e animais sagrados.
Culhwch era filho de Cilydd (filho do rei Celyddon) e Goleuddydd, filha de Amlawdd Wledig.
Goleuddydd enlouquece durante a gravidez e foge para o campo. Quando ela está em vias de dar à luz, seus sentidos volta, e ela se refugia com um guardador de porcos. O guardador dos porcos leva o bebê para longe para ser batizado como Culhwch.
Após o nascimento, Goleuddydd torna-se fatalmente doente e, antes de morrer, fala para o marido não se casar novamente até que ele veja um arbusto com duas flores em seu túmulo. Cilydd concorda. Ela também ordena que uma pessoa visite seu túmulo todos os anos e mantendo-o bem aparado, para que nada cresça lá. Cilydd envia uma pessoa para seu túmulo de sua esposa todos os dias para ver se há algum arbusto. Após sete anos, a pessoa encarregada a aparar o mato do túmulo negligencia seus deveres. Um dia, enquanto a caça, Cilydd vê um arbusto com duas flores em cima da sepultura de sua esposa. Ele toma isso como um sinal para se casar novamente. Ele mata o rei Doged e se casar com sua viúva.
A nova esposa de Cilydd pede a Culhwch que despose sua filha. Ele recusa o pedido e, ofendida, a nova rainha lança-lhe uma maldição fazendo com que o jovem não possa se casar com ninguém além da bela Olwen, filha de Yspaddaden Pencawr (Benkawr), um gigante pavoroso.
Embora ele nunca tenha visto sua prometida, Culhwch apaixona-se por ela, mas seu pai o adverte que ele nunca irá encontrá-la sem a ajuda de seu famoso primo Arthur. O jovem imediatamente parte para encontra-lo na corte de Celliwig, na Cornualha.
Arthur concorda em ajuda e envia seis de seus melhores guerreiros (Cai, Bedwyr, Gwalchmei, Gwrhyr Gwalstawd Ieithoedd, Menw e Cynddylan Cyfarwydd) para se juntar Culhwch na sua busca de Olwen.
Um dia o grupo chega a um castelo onde encontra um pastor chamado Custennin, que era irmão de Yspaddaden e cuja mãe era irmã da mãe de Culhwch. O casal levou Olwen ao encontro do herói que lhe pediu em casamento, mas a bela só aceitaria com o consentimento de seu pai, uma vez que, segundo uma profecia, ele morreria quando a filha se cassase.
Culhwch e seus companheiros entraram em um castelo onde servos mantinham abertos os olhos do gigante, usanso garfos, para que ele pudesse ver seus visitantes. Culhwch pediu a mão de Olwen em casamento  e o gigante concordou em pensar no assunto  mas, quando os cavaleiros iam se retirando, atirou uma lança contra eles. Bedwyr a segurou e atirou-a de volta, ferindo Yspaddaden no joelho. O mesmo aconteceu no dia seguinte e no outro, provocando o ferimentos no peito e num dos olhos do gigante.
Finalmente Yspaddaden consentiu no casamento com a condição do jovem realizar uma série de tarefas. Entre outras coisas, ele teria de extirpar uma floresta, queimar a madeira para fertilizante e arar a terra desbravada num só dia; convencer o Deus ferreiro Govannon a forjar-lhe as ferramentas; arrastar quatro fortes touros para o ajudar; obter sementes mágicas; produzir mel nove vezes mais doce que o de uma colmeia virgem; trazer um cálice mágico e um cesto de comida deliciosa; obter do rei Gwyddbwyll o corno de beber e de Teirtu a harpa mágica, um instrumento que tocava sozinho; capturar os pássaros de Rhiannon, cujo canto despertava os mortos e embalava os vivos; buscar um caldeirão mágico, um dente de javali para o gigante se barbear e creme para a barba feito do sangue de uma bruxa; roubar um cão de mágico, a trela e o açaime; empregar o caçador Mabon, filho de Modon, que primeiro teria de libertar da prisão; encontrar um corcel maravilhoso e cães velozes; furtar um pente, tesouras e uma lâmina de entre as orelhas de um javali feroz; e convencer uma quantidade de convidados improváveis a virem à praça-forte de Yspaddaden.
Sem se deixar atemorizar com o número e complexidade das tarefas, Culhwch disse que o rei Artur lhe dispensaria cavalos e homens para o ajudar e informou também o gigante de que havia de voltar para o matar. Culhwch obteve os seus intentos, matou Yspaddaden e casou com Olwen.
Einion e Olwen
O nome “Olwen” reaparece no conto folclórico Einion e Olwen, que fala de um pastor de ovelhas que viaja para o Outromundo para se casar com Olwen. O conto foi coletado na virada do século 20 e provavelmente era relacionada a Culhwch e Olwen.
Em um dia nublado e com neblina, um jovem pastor que ia para as montanhas se perdeu e andou por horas sem rumo até, finalmente, chegar a uma área baixa, cercada por juncos, onde viu uma série de anéis redondos. Ele tentou voltar para sua casa mas não conseguiu, então um velho de olhos azuis apareceu. o menino, tentando encontrar o caminho para a sua casa, seguiu o velho em silencio. Pouco depois eles chegaram a um menhir (uma pedra longa). O velho bateu três vezes na pedra e revelou um caminho estreito com degraus  que os levaram a uma terra arborizada, com solo fértil, um belo palácio, rios e montanhas.
No palácio havia música e vozes por todos os lados, durante as refeições, os pratos a apreciam e sumiam sozinhos mas o jovem não viu ninguém além do velho. Quando o jovem pastor quis perguntar ao velho onde eles estavam, percebeu que sua voz havia sumido. Logo uma velha senhora sorridente apareceu acompanhada de três belas donzelas que sorriam e tentaram conversar com o menino que nada pode dizer. Uma das donzelas beijou o jovem pastor e, de repente, ele começou a conversar livremente.
Em pleno gozo do maravilhoso local, o jovem pastor viveu com as donzelas no palácio por um dia e um ano, mas todo esse tempo pareceu ser apenas um único dia pois naquela terra não dava para perceber a passagem do tempo. Quando passou um ano e um dia, o jovem sentiu um desejo de ver seus velhos conhecidos; e agradecendo o velho por sua bondade, ele perguntou se poderia voltar para casa. O velho pediu que ele esperasse mais um pouco e assim ele esperou. A donzela que o beijou não estava disposto a vê-lo partir; mas quando ele prometeu a ela voltar, ela deixou-o ir embora carregado com muitas riquezas.
De volta a sua casa, nenhum de seus velhos amigos reconheceu o jovem pastor. Todos acreditavam que ele havia sido assassinado por outro pastor que foi acusado de assassino e fugiu para longe.
No primeiro dia da lua nova o jovem lembrou de sua promessa e retornou ao Outromundo e houve grande alegria no belo palácio quando ele chegou. Einion, pois esse era o nome do menino, e Olwen, pois esse era o nome da menina, agora queriam se casar; mas eles tinham que fazê-lo em silêncio e secretamente porque ao povo não agradava cerimonias e ruído. Quando o casamento estava acabado, Einion quis voltar com Olwen ao seu mundo. Então foram dados dois pôneis brancos como a neve e eles foram autorizados a partir.
Eles chegaram ao mundo superior com segurança; e com riqueza ilimitada, Einion viveu como um senhor generoso em uma grande propriedade. Einion e Olwen tiveram um filho chamado Taliessin. As pessoas logo começaram a pedir a ascendência de Olwen, e, como nenhum foi dada o povo decidiu supôs que ela era descendente do povo fada, fato que Einion admitiu ser verdade, afinal, ela também tinha duas irmãs tão belas quanto ela, que, se alguém visse as três juntas, teriam certeza serem fadas’. E esta é a origem do nome “Povo das Fadas” (Tylwyth Teg).
Epítetos
Senhora do rastro branco
Roda de Ouro
Parentesco:
Filha do rei dos gigante, Yspaddaden Pencawr.
Prima de Goreu.
Esposa de Culhwch (na versão do Mabinogion – coletânea de manuscritos em prosa escritos em galês medieval).
Esposa de Einion (em uma versão folclórica)
Deusas com os atributos semelhantes:
Mitologia Nórdica: Eostre e Freya
Mitologia Grega: Perséfone
Guia rápido de Correspondências:
Invoque Olwen para: Beleza, artes, nascimentos, riqueza, ouro, excelencia, fertilidade, iluminação, criatividade.
Aromas e Ervas: Trevos, flores brancas.
Cores: Dourado e vermelho.
Face da Deusa: Donzela.
Cristais: Rubi, pedra do sol.
Mês do ano: Maio.
Elemento: Fogo
Estação do Ano: Primavera
Número: 13
Símbolos: itens e anéis dourados, trevos, flores, sol.
Em "Culhwch e Olwen" o rei Arthur e seus cavaleiros aparecem num cenário totalmente céltico da Idade do Ferro, com referências à Mabon e aos ferreiros, descrevendo uma história envolvente, repleta de seres míticos e animais sagrados.
Logo após o nascimento de Culhwch (Keel-hookh), sua mãe adoeceu gravemente e, antes de morrer, fez o marido jurar que ele não se casaria novamente, até que em sua sepultura nascesse uma roseira com dois botões. Não tardou e a rainha faleceu.
Alguns anos mais tarde, a roseira floriu no sepulcro sagrado e, finalmente, o rei Celyddon casou-se com a viúva do rei Doged. Esta imediatamente fez com que seu enteado, Culhwch, prometesse que se casaria apenas com Olwen, da corte de Arthur.
- "Eu ainda não estou em idade de casar", respondeu o jovem. Então ela disse-lhe: "Declaro a ti que é teu destino casar-se com Olwen, a filha de Yspaddaden Penkawr".
O que fez o jovem corar de amor pela donzela, embora nunca a tivesse visto.
Passados alguns dias, seu pai, percebendo a agitação do filho, perguntou-lhe: - "O que veio abater sobre vós, meu filho, o que tens?"
- "Minha madrasta declarou que eu nunca terei uma esposa, a não ser que eu obtenha a mão de Olwen, filha de Yspaddaden Penkawr". Disse o rapaz, cabisbaixo.
- "Isso vai ser fácil", respondeu o pai. - "Arthur é seu primo. Vá até ele e peça a sua ajuda e sua bênção também."
Culhwch, então, cavalgou até a corte de Arthur, montado em seu belo cavalo cinzento, que estava adornado com uma capa de cor púrpura, com uma maçã dourada bordada em cada lado do tecido. O freio, a sela, os estribos e as ferraduras do cavalo eram de ouro e ele parecia flutuar sobre o solo, ao galopar. Em cada uma das suas mãos, empunhava uma lança de prata, na cintura, uma espada de ouro e, caminhando ao seu lado, dois cães de caça.
Todos na corte ficaram impressionados quando o jovem adentrou o pátio a cavalo.
Arthur, então, deu as boas-vindas ao estranho e lhe ofereceu um lugar de destaque no banquete. Culhwch agradeceu e disse: - "Senhor, não venho por comida e nem por bebida, mas para solicitar sua ajuda!"
- "Tereis qualquer coisa da terra ou do mar, que esteja abaixo do céu." Respondeu Arthur.
- "Exceto meus barcos, espada, lança, manto, escudo e minha amada Guinevere. Mas, antes se apresente, sei que vieste do meu sangue, portanto, diga-me quem és."
- "Eu te direi", disse o jovem. - "Sou Culhwch, filho de Celyddon e Goleuddydd, minha mãe, a filha do príncipe Anlawdd".
- "Isso é verdade", disse Arthur. - "Tu és o meu primo, seja qual for o seu pedido, a benção eu lhe concedo."
- "Então, peço-lhe Olwen, a filha de Yspaddaden."
- "Nunca ouvi falar dessa mulher, mas meus homens irão procurá-la por todo o reino durante um ano e aguardará aqui como meu hóspede."
Um ano depois, os homens regressaram sem obter nenhuma notícia da tal moça. Culhwch, muito triste, disse: - "Deixarei esse lugar com uma parte da vossa honra."
"Como se atreve insultar nosso rei?", gritou Kay. "Venha conosco e poderá ver com seus próprios olhos que a mulher que procuras não se encontra em lugar algum."
Kay é um dos grandes heróis da corte de Arhur. Diz a lenda que ele sustentou a respiração durante nove dias e nove noites, para se curar de um ferimento de espada. Além disso, podia crescer até a altura de uma árvore e acender uma fogueira apenas com o calor da palma da sua mão, se assim o quisesse.
Arthur selecionou Kay e mais alguns dos seus heróis para acompanhar Culhwch em sua busca impetuosa.
Escolheu também Bedwyr (Bedivere), que andava sempre junto a Kay e que nenhum outro homem do reino, exceto Arhtur, poderia superá-lo com a lança, pois tinha o mesmo poder de nove lanças, embora ele tivesse uma mão só, possuía a força equivalente a de três guerreiros.
Kynddelig seria o guia da expedição, pois ele conhecia todos os lugares sem mesmo nunca ter ido a qualquer um deles antes.
Arthur chamou Gwrhyr que sabia falar todas as línguas dos homens e dos animais; o seu sobrinho e herdeiro do trono, Gwyar (Gawain) que nunca regressava de uma missão sem cumpri-la.
E, finalmente, Menw, que podia lançar encantamentos para que o grupo ficasse invisível aos seus inimigos.
Os heróis cavalgaram pelas montanhas durante dias, até chegar a uma grande planície, onde avistaram um magnífico castelo e seguiram em sua direção. Mas quanto mais andavam, menos se aproximavam do tal castelo, que parecia envolto numa bruma misteriosa.
Em um monte próximo do castelo havia um pastor gigante, pastoreando suas ovelhas, que pareciam se estender até o horizonte. Falaram com o pastor, que os alertou que nenhum homem jamais saíra vivo daquele castelo.
Vieram, a saber, depois, que o pastor chamava-se Custennin e era irmão de Yspaddaden Penkawr, pai de Olwen. Imediatamente, Culhwch ofereceu um anel de ouro a ele, como recompensa pela informação dada. Custennin, então, convidou-os a irem até a sua cabana e levou o anel para sua esposa.
Entraram na cabana do pastor e a mulher serviu-lhes o jantar. Depois, perguntaram sobre Olwen. - "Ela vem aqui todos os sábados para lavar os cabelos, mas prometa-me que não lhe farão mal algum, pois ela é a mais bela e adorável donzela do reino." Disse a senhora.
-"Sim, nós prometemos", disseram eles. E, assim, uma mensagem foi enviada até ela.
A moça, então, chegou ao vale com um lindo vestido de seda da cor do fogo, com uma gola de ouro avermelhado, adornado com rubis e esmeraldas. O seu cabelo era mais dourado que o amarelo do sol e sua pele mais branca que a espuma do mar. Os seus olhos brilhavam como os de um falcão e flores brancas surgiam por onde ela pisava, por isso, era chamada de Olwen, que significa "Rastro Branco".
Culhwch declarou o seu amor pela moça e Olwen retribuiu-lhe o amor, mas antes de qualquer envolvimento, ele deveria executar algumas tarefas determinadas por seu pai, para merecer a sua mão. Olwen conduziu Culhwch e os seus companheiros até o castelo e apresentou-lhes o rei.
-"Saudações do céu e dos homens a ti, Yspaddaden Penkawr", disseram eles. "Viemos pedir a mão de tua filha, Olwen, em casamento para Culhwch, filho de Celyddon." E Yspaddaden, respondeu: - "Deixe-me ver que espécie de homem deseja ser meu genro."
Quando Yspaddaden viu Culhwch, mandou o grupo embora prometendo uma resposta no dia seguinte, mas quando eles se retiraram, o velho rei lançou um dardo envenenado às suas costas. Bedwyr ouviu o sibilar do dardo e apanhando-o no ar, devolveu-o a Yspaddaden, atingindo-lhe no joelho. Aos berros ele diz: - "É assim que meu genro me trata?”, e continuou: "Vou coxear eternamente por causa da sua rudeza, maldita seja a bigorna do ferreiro que forjou esse dardo!"
Culhwch e os guerreiros retornaram à cabana do gigante e no dia seguinte foram até Yspaddaden, para saber a sua decisão. - "Deverás pedir a permissão aos quatro bisavós de Olwen.", disse o rei. E quando se viraram para sair, Yspaddaden, lançou outro dardo de ferro em suas costas, mas desta vez foi Menw quem devolveu o dardo ao dono, atingindo-o no peito. - "Uma praga eu rogo a esse genro sem coração!", e disse: - "Agora não poderei mais subir a colina por causa da dor no peito, maldita seja a bigorna do ferreiro que forjou esse dardo!"
No dia seguinte, mais uma vez, os guerreiros compareceram diante do rei, que novamente, lançou outro dardo a suas costas, ao que desta vez, Culhwch apanhou no ar e lançou no olho de Yspaddaden. - "Nunca mais enxergarei como antes, por causa da insolência do meu genro." E disse: - "Maldita seja a bigorna do ferreiro que forjou esse dardo!"
Depois disso, todos se sentaram à mesa para comer e Yspaddaden voltou-se a Culhwch, dizendo: - "Como você realmente pretende se casar com minha filha, primeiro deverá me prometer que nunca irá lhe ofender injustamente. Em segundo lugar, deverá me trazer o que lhe pedir e só depois disso a minha filha será sua."
-"Então, faça o seu pedido, meu rei", respondeu Culhwch.
-"Há anos minha barba e o meu cabelo não são cortados, porém o único pente e navalha que farão esse serviço se encontram entre as orelhas do grande javali Twrch Trwyth. Será impossível caçá-lo sem a ajuda de Mabon, mas antes você deverá descobrir onde ele reside agora e somente Eidoel, seu primo, poderá encontrá-lo."
Culhwch e os guerreiros partiram em busca de Eidoel, seguindo o conselho de uma ave encantada, o melro de Cilgwri, que com a ajuda de Gwrhyr, perguntou-lhe: "Diga-nos onde encontraremos Mabon, que foi roubado de sua mãe, nas três primeiras noites de vida."
- "Há muito tempo atrás havia uma bigorna, na qual dei muitas bicadas até reduzi-la ao tamanho de uma noz e durante todo esse tempo, nunca ouvi falar de Mabon. Mas, há uma raça de animais que nasceram muito antes de mim, vou levá-los até eles."
E o melro de Cilgwri levou-os até o veado de Redynvre.
- "Viemos até aqui, grande ser sagrado, pois não há nenhum animal mais velho que você, portanto, diga-nos onde podemos encontrar Mabon, o Caçador?" Perguntou Gwrhyr.
- "Há muito tempo atrás havia uma grande planície neste lugar, mas nela nada crescia exceto um carvalho que eu vi se transformar numa árvore enorme e, com o passar dos anos, definhou até restar apenas um toco. Durante todo esse tempo, nunca ouvi falar de Mabon. Mas, vou levá-los a uma criatura que é mais velha que eu."
Então, o veado de Redynvre levou-os à coruja de Cwn Cawlwyd.
- "Diria se soubesse", disse a coruja a Gwrhyr. "Quando eu vim para essas paragens pela primeira vez, esse vale era todo arborizado, até que nasceu a raça dos homens e arrancou todas as árvores. Durante todo esse tempo nunca ouvi falar do homem que procuram. Mas, vou levá-los a um animal mais antigo do que eu, a águia de Gwern Abwy."
- "Muitas eras se passaram desde que cheguei aqui", comentou a águia com Gwrhyr. "Este rochedo era tão alto que durante a noite eu podia bicar as estrelas do céu, mas hoje ele tem apenas um palmo de altura. Durante todo esse tempo nunca ouvi falar de Mabon. Porém, há muitos anos, quando pairava por cima das águas de Llyn Llyw em busca de comida, avistei um salmão. Quando mergulhei para apanhá-lo, ele me arrastou ao fundo, mas conseguiu fugir. Depois disso ficamos amigos. Ele deve ser mais velho que eu, então, vou levá-los até o salmão de Llyn Llyw."
Chegando ao local, a águia disse ao salmão: - "Vim aqui visitá-lo, velho amigo, pois esses homens são da corte do rei Arthur e estão à procura de Mabon."
- "O que posso dizer é que testemunhei muitos fatos, rio acima," respondeu o salmão. "Venha comigo para averiguar aquilo que eu vi." Aos pulos percorreu as águas geladas, levando-os até um castelo junto ao rio, de onde altos gritos ecoavam de uma masmorra. - "Quem chora tão desoladamente, dentro dessa prisão de pedra?" Perguntou Gwrhyr.
Ao que se ouviu como resposta: - "Sou eu, Mabon, filho de Modron." Imediatamente, os guerreiros voltaram à corte de Arthur, que reuniu todo seu exército para sitiar o tal castelo de nome Cloucester. Durante a batalha, Kay e Gwrhyr, entraram na masmorra do lado do rio e libertaram Mabon, que fugiu nas costas do salmão de Llyn Llyw.
Em seguida, Arthur convocou todos seus guerreiros da ilha da Bretanha para capturarem o javali Twrch Trwyth, que agora vivia na Irlanda. A caçada, então, começou e os cães foram soltos atrás do javali, que fugiu para o País de Gales, mas finalmente, na Cornualha, foi capturado por Mabon que, juntamente com Kay, apanhou a navalha e depois o pente de ouro. Twrch Trwyth - o javali - desapareceu mar adentro, para nunca mais ser visto.
Por fim, os guerreiros retornaram ao castelo de Yspaddaden e sua barba e cabelo foram cortados. Culhwch perguntou ao rei: - "Sua barba e seu cabelo estão bem feitos? " - "Sim", disse Yspaddaden, "Minha filha agora é sua! Mas você nunca a teria ganhado sem a ajuda de Arthur e eu nunca teria desistido dela por minha livre e espontânea vontade. Então, agora eu morro ao perdê-la!"
E foi assim que Culhwch casou-se com Olwen, a filha de Yspaddaden Penkawr.
Que sejam prósperos.
Raffi Souza.