06 fevereiro 2019

O Deus dos Médicos: Esculápio!


O Deus dos Médicos: Esculápio!


Esculápio (em latim: Aesculapius) ou Asclépio (em grego: Ἀσκληπιός, transl.: Asklēpiós), na mitologia grega e na mitologia romana, é o deus da medicina e da cura.
Existem várias versões de seu mito, mas as mais correntes o apontam como filho de Apolo, um deus, e Corônis, uma mortal. Teria nascido de cesariana após a morte de sua mãe, e levado para ser criado pelo centauro Quíron, que o educou na caça e nas artes da cura. Aprendeu o poder curativo das ervas e a cirurgia, e adquiriu tão grande habilidade que podia trazer os mortos de volta à vida, pelo que Zeus o puniu, matando-o com um raio.
O seu culto disseminou-se por uma vasta região da Europa, pelo norte da África e pelo Oriente Próximo, sendo homenageado com inúmeros templos e santuários, que atuavam como hospitais. A sua imagem permaneceu viva e é um símbolo presente até hoje na cultura ocidental.
A história de Esculápio é reconstituída através da coleção de lendas e mitos criados pelo paganismo grego. Sua religião era politeísta, com uma infinidade de divindades e semidivindades associadas a todos os aspectos da vida humana e a vários lugares especialmente sagrados, como alguns rios e fontes, montanhas e florestas. Essa multidão de deuses estava subordinada a um grupo de poderosas deidades principais, cuja maioria habitava, segundo eles, o monte Olimpo, e estes por sua vez eram presididos por Zeus. Entre os deuses principais estava Apolo, filho de Zeus, deus do sol, da luz, da música e das artes, da profecia e da cura, patrono dos jovens, da palestra e regente das musas, que foi, segundo algumas versões do mito, o pai de Esculápio.
O mais antigo registro de seu nome é encontrado na Ilíada de Homero, e nessa citação aparentemente ele ainda era considerado um mortal, descrito como o governante de Tricca e também como um médico que havia aprendido a arte do centauro Quíron e a ensinado a seus dois filhos, Podalírio e Macaão. Uma vez que atualmente o relato homérico sobre a Guerra de Troia é considerado a poetização de um evento possivelmente histórico, Esculápio pode ter existido de fato, vivendo em torno de 1200 a.C., e sido mais tarde divinizado. Na cultura grega era comum que heróis célebres fossem objeto de culto após sua morte. Escrevendo no século I, explicou que pelo fato de ter aperfeiçoado as artes médicas, antes primitivas, ele mereceu um lugar entre os imortais. As origens de seu nome são obscuras. É possível que significasse "curador gentil", também foi relatado que a princípio ele se chamava Epios, e que depois de curar Ascles, tirano de Epidauro, passou a se chamar Asclepios. Seu status divino não era unânime entre os antigos, alguns o tinham como um deus, outros como um herói-deus ou como um semideus. Em torno do século V a.C., já havia uma grande quantidade de folclore criado a seu respeito, e Píndaro escreveu dizendo que ele era filho de Apolo com a mortal Corônis, filha de Flégias, o governante da Tessália. O local de seu nascimento era disputado por várias cidades: Lacereia, Tricca e Epidauro.
Bem mais tarde o poeta romano Ovídio deixou um relato sobre sua história em suas Metamorfoses. Segundo a narrativa, não havia donzela mais formosa em toda Tessália do que Corônis. Apolo estava apaixonado por ela e se tornaram amantes, mas o corvo do deus descobriu que ela havia se deitado com o jovem Ischys, filho de Elatus, e voou até seu mestre para relatar o fato. Enfurecido, Apolo tirou uma seta da aljava e disparou contra o peito daquela que que havia abraçado tantas vezes. Arrancando a seta ensanguentada, Corônis bradou: "Oh Febo Apolo, decerto eu mereci esta punição, mas por que não esperaste até que eu desse à luz ao nosso filho? Agora ambos morremos!" E assim dizendo, expirou. Arrependido do que fizera, Apolo sentiu ódio de si mesmo, e o corvo que levara tão nefasta notícia, que era branco, foi amaldiçoado e suas penas se tornaram negras. Então Apolo desceu dos céus e foi para seu lado, tomou o corpo sem vida em seus braços, mas seus poderes não bastaram para devolvê-la ao mundo dos vivos. Quando ela foi posta sobre uma pira para ser cremada, Apolo, tomado pela dor, derramou perfumes sobre seu peito e iniciou a celebração dos ritos fúnebres. Mas antes que as chamas consumissem o corpo de Corônis, retirou o filho ainda vivo do ventre materno e o levou para Quíron, o sábio centauro que havia educado vários heróis, para que o criasse. A filha de Quíron, Ocirroé, que podia prever o futuro, ao chegar à caverna de seu pai, viu a criança e disse: "Menino, tu que trazes a saúde para todo o mundo, que possas crescer e florescer! Os mortais muitas vezes deverão suas vidas a ti, e te será concedido o poder de trazer de novo à vida os que morreram. Mas um dia deixarás os deuses zangados por tamanha ousadia, e o raio de teu avô impedirá que o repitas, e de um deus imortal serás reduzido a um cadáver inerte. Mas depois, deste cadáver mais uma vez serás tornado um deus, e por uma segunda vez, renovarás o teu destino".
Outros autores clássicos acrescentaram detalhes: Apolodoro disse que Quíron o criou e lhe ensinou as artes da cura e da caça. De Atena ele recebeu o sangue mágico da Górgona, por cujo poder o seu próprio sangue que corria pelo seu lado esquerdo podia tirar a vida de alguém, e o do seu lado direito ressuscitava os mortos. Quando Zeus matou Esculápio, Apolo, em vingança, como não podia agir contra seu pai, matou os ciclopes que forjavam os raios de Zeus, pelo que foi punido e enviado sem seus poderes à Terra para servir o mortal Admeto por um ano. Diodoro explicou o motivo de sua morte dizendo que seu poder curativo era tão grande que restaurava a saúde para muitos desenganados, e que por isso se dizia que ele ressuscitava os mortos. Como Hades, o deus dos mortos, estava tendo seu reino despovoado, exigiu de Zeus uma solução para este ultraje. Outras fontes referem Hígia, Panaceia, Telésforo, Acésio e Iaso como também seus filhos.
Teodoreto disse que alguns, como Hesíodo, o tinham como filho de Arsinoé de Messênia, e deu outra versão para o seu nascimento de Corônis, dizendo que ao nascer foi abandonado pela mãe numa montanha e foi achado por um pastor junto de um cão, que lhe dava de comer. Confiado a Quíron, depois de crescido passou a exercer a Medicina em Tricca e Epidauro. Pausânias repetiu versões em que o pastor se chamava Arestanas ou Autolaus, mas que este, vendo uma aura de luz divina ao redor da criança, atemorizou-se, e foi embora. Também referiu que em vez de um cão que o alimentava, teria recebido leite de uma cabra, que Corônis teria sido morta por Ártemis, para punir o ultraje a seu irmão Apolo, e quem o teria tirado do ventre da mãe teria sido Hermes. Cirilo[desambiguação necessária] escreveu dizendo que corriam versões de Corônis sendo seduzida por um sacerdote do templo de Apolo, o qual teria ensinado a Esculápio sua arte. Lactâncio disse que o corvo foi tornado negro porque havia sido posto como guardião de Corônis, e falhara em sua função. Além disso, disse que sua alta reputação não era justa, pois só teria curado Hipólito. Outros disseram que ele tinha pais desconhecidos, que ele teve uma esposa, Epione, que seu pai fora Arsipo ou o próprio Zeus, amara Hipólito, tivera uma irmã chamada Eriopis, e que o pai de Corônis teria ficado furioso quando soube que Corônis fora violada por Apolo, teria ateado fogo ao templo do deus e assim matado involuntariamente a filha que lá estava. Também corriam versões, derivadas de Píndaro, que o descreviam como avarento, cobrando em ouro pela sua arte, e arrogante, chamando a si mesmo de um deus, sendo por isso morto por um raio em punição de sua húbris, mas Platão refutou as acusações dizendo que se ele fosse filho de um deus não poderia ter tais defeitos, e se os tivesse, não era filho de um deus. Tertuliano também duvidava delas como sendo indignas. Algumas versões do mito dizem que depois de morto com o raio Zeus o transformou na constelação do Ofiúco, para que Apolo fosse consolado. O oráculo de Delfos foi certa vez consultado sobre quem era a mãe de Esculápio e onde nascera, e a pitonisa disse que era Corônis, e que ele viera ao mundo em Epidauro. Algumas versões do mito dizem que depois de morto Esculápio foi ressuscitado por Zeus, permitindo-lhe continuar sua prática, desde que não mais interferisse no destino final dos mortais, tornando-se conhecido por sua bondade e compaixão no trato dos doentes, e dedicando sua atenção antes para os pobres
Suas curas
Entre as curas que teria operado, estão as de vários heróis feridos em Tebas, de Filocteto em Troia, do tirano de Epidauro, Ascles, de uma doença nos olhos, as filhas de Proetus que haviam sido enlouquecidas por Hera, restaurou a visão aos filhos de Fineu, curou com ervas as feridas de Hércules em sua luta contra a Hidra de Lerna, devolveu à vida Órion, Hipólito, Himeneu, Tindareu, Glauco, Capaneu, Panassis e Licurgo. Após sua morte outras curas lhe foram atribuídas. Rufus de Éfeso, um dos grandes médicos em torno de 100 a.C., disse que por intervenção de Esculápio um epilético foi salvo; um médico de Smirna dedicou uma estátua a ele em c. 200 d.C. por ter evitado muitas doenças seguindo o seu conselho; Élio Aristides, depois de buscar a cura para um volumoso tumor na perna junto de muitos doutores, sem sucesso, apelou para ele, teve uma visão do deus e foi curado milagrosamente, e assim como estas mais continuaram acontecendo em seus santuários ao longo de séculos, como provam os muitos ex-votos preservados nas ruínas de vários deles. Mas é interessante assinalar algumas mudanças verificadas nesse período de tempo. Enquanto que no santuário de Epidauro, de onde se irradiou seu culto, os médicos não atuavam, mas apenas os sacerdotes, ele aparecia nos sonhos dos pacientes e intervinha diretamente nas doenças, mais tarde ele passou a aparecer de forma mais indireta, dando conselhos e orientando a atuação de médicos convencionais, como as crônicas antigas referem sobre suas curas em Pérgamo, outro grande santuário, já do período helenista. Algumas de suas intervenções em sonhos eram dramáticas. Uma mulher relatou que o deus lhe apareceu em sonho e cortou fora seu olho doente, imergiu-o em uma poção e colocou-o de volta na órbita, e ao acordar ela estava curada. Outro paciente disse que foi buscar a cura para um abcesso no abdômen, sonhou que o deus o amarrou sobre uma prancha e cortou a área, removendo o abcesso, costurando a pele em seguida. Acordando, estava curado, mas o chão em seu redor estava banhado de sangue. Outra pessoa chegou ao templo com a ponta de uma lança cravada dentro de sua mandíbula, onde estava há seis anos. Dormiu e sonhou que Esculápio a removia, e acordou com o ferro entre as mãos, curada. Um que era calvo acordou com cabelos na cabeça, e um que não possuía um dos olhos acordou com ambos. Além dessas curas extraordinárias e de outras mais prosaicas, Esculápio também era invocado para encontrar pessoas desaparecidas ou para resolver problemas de relacionamento ou dificuldades do cotidiano. Um porteiro que havia quebrado um vaso reuniu os fragmentos e se dirigiu ao santuário, e lá chegando abriu o saco onde os trazia e viu o vaso reintegrado. Curiosamente, apesar dos muitos testemunhos sobre suas aparições em sonho, não sobrevive nenhum relato sobre sua aparência física.
Além de sua ligação direta com a Medicina, Esculápio teve sua imagem transformada e magnificada, assumindo outros significados. Os neoplatônicos acreditavam que Esculápio era a alma do mundo, através da qual a Criação era mantida coesa e organizada com simetria e equilíbrio. Élio Aristides disse que ele era o guia e regente de todas as coisas, o salvador do universo e o guardião dos imortais. Juliano declarou que ele era o curador dos corpos e, com a ajuda das Musas, de Hermes e de Apolo, era o educador das almas. Sua figura foi assimilada sincreticamente à de Imhotep no Egito, a Eshmun na Fenícia, a Zeus em Pérgamo, e a Júpiter em Roma, onde era chamado de Aesculapius Optimus Maximus.

Ele é representado usualmente como um homem maduro, vestido de uma túnica que lhe descobre o ombro direito, e apoiado a um cajado onde se enrola uma serpente. Às vezes aparece a seu lado um menino, símbolo da recuperação da saúde, ou a de Telésforo, uma espécie de elemental da terra encapuzado que levava o processo de cura a bom termo, e que algumas fontes dizem ser seu filho. Também pode ser mostrado junto de algum de seus outros filhos, especialmente Higéia, que se tornou uma figura importante em seu culto e chegou a ter templos próprios. Sobrevivem da Antiguidade várias de suas estátuas e imagens em moedas e camafeus. A estátua de seu principal templo, em Epidauro, fora feita, segundo Pausânias, de ouro e marfim, tinha cerca de seis metros de altura, e ele aparecia sentado em um trono, pousando sua mão direita sobre uma serpente, enquanto que com a esquerda segurava um cajado. Tinha um cão ao seu lado. Esculápio foi representado em moedas cunhadas por 46 imperadores e imperatrizes romanos, e essas moedas circulavam em todo o Império Romano.
O principal símbolo de Esculápio é um bastão ou cajado com uma serpente enrolada, que muitas vezes tem sido confundido erroneamente com o caduceu, que possui duas serpentes. A origem do símbolo é muito antiga, anterior aos gregos. Mais de 5 mil anos atrás os mesopotâmios usavam um bastão com uma serpente como emblema de Ningizzida, o deus da fertilidade, do matrimônio e das pragas. Para os gregos e romanos a serpente estava associada a Apolo por ele ter matado a Píton de Delfos, e era um símbolo da cura porque periodicamente abandona sua pele velha e aparentemente renasce, da mesma forma que os médicos removem a doença dos corpos e rejuvenescem os homens, e também porque a serpente era um símbolo de atenção concentrada, o que era requerido dos curadores. Era conhecido também dos judeus antes de Cristo, como se lê no relato bíblico de Moisés erguendo um poste com uma serpente de bronze para livrar o seu povo de uma praga de serpentes. Ao longo do desenvolvimento do Cristianismo este símbolo foi transformado, e o poste se tornou um Tau.
A ligação de Esculápio com a serpente deriva de uma das lendas associadas ao seu mito. Chamado para socorrer Glauco, que havia sido morto por um raio, viu uma serpente penetrar no aposento onde estava, e a matou com seu bastão. Logo uma segunda serpente entrou, carregando ervas em sua boca, que depositou sobre a boca da outra morta, fazendo-a voltar à vida. Tomando dessas ervas, Esculápio colocou-as na boca de Glauco, que também ressuscitou, e desde então fez da serpente seu animal tutelar. Seu bastão se tornou o símbolo da Medicina na contemporaneidade em grande número de países do mundo e está presente na bandeira da Organização Mundial da Saúde. O outro animal a ele associado era o cão, presente em uma das versões de seu mito como o animal que lhe trouxe comida ao ser abandonado ainda bebê nas montanhas, e por ser capaz de seguir uma trilha invisível com seu olfato, o que simbolizava a capacidade do médico de identificar a doença através de sintomas invisíveis para os leigos. Finalmente o galo, que era amiúde sacrificado em sua honra, era o símbolo do raiar do sol, o astro regido por Apolo, o seu pai divino
Asclépio era o antigo deus grego da medicina, filho do deus Apolo e Coronis, filha de Phlegyas, Rei dos Lapiths.
Ele era casado com Epione, a deusa da calmante; juntos, eles tinham um número de filhos; suas filhas eram Panacea (deusa de medicamentos), Hygeia (deusa da saúde), Iaso (deusa da recuperação), Aceso (deusa do processo de cicatrização), Aglaea ou Aegle (deusa da magnificência e esplendor).
Eles também tiveram quatro filhos; Machaon e Podalirius eram curandeiros lendários que lutaram na guerra de Tróia; Telesphorus que acompanhou sua irmã, Hygeia, e simbolizava recuperação; e Arato.
Asclépio foi dado ao centauro Chiron, que o ressuscitou e lhe ensinou a medicina e as artes da cura.
Em algum momento, Asclépio curou uma cobra, que em troca lhe ensinou conhecimento secreto – cobras eram consideradas seres divinos que eram sábios e poderia curar.
Isto é como o símbolo de Asclépio e cura mais tarde foi coroado com uma haste de uma cobra.
Asclépio era tão bom em cura que ele tinha conseguido enganar a morte e trazer as pessoas de volta a partir do submundo.
O culto a Asclépio/Esculápio, deus greco-romano da medicina, teve muito prestígio no mundo antigo, quando seus santuários converteram-se em sanatórios.
Os textos primitivos não concediam caráter divino a Esculápio, que os gregos chamavam Asclépio.
Homero o apresenta na Ilíada como um hábil médico e Hesíodo e Píndaro descrevem como Zeus o fulminou com um raio, por pretender igualar-se aos deuses e tornar os homens imortais.
Com o tempo, passou a ser considerado um deus, filho de Apolo e da mortal Corônis, com o poder de curar os enfermos.
Seu templo mais famoso era o de Epidauro, no Peloponeso, fundado no século VI a.C.
O teatro dessa cidade foi construído para acolher os peregrinos que acorriam para a festa em honra de Esculápio, a Epidauria. Era também patrono dos médicos e sua figura aparecia nos ritos místicos de Elêusis.
Seu culto foi iniciado em Roma por ordem das profecias sibilinas, conjunto de oráculos do ano 293 a.C.
Na época clássica, Esculápio era representado, quer sozinho, quer com sua filha Higia (a saúde), como um homem barbudo, de olhar sereno, com o ombro direito descoberto e o braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu, em volta do qual se enroscam duas serpentes, e que se transformou no símbolo da medicina.
Deus da Medicina
Asclépio é o Deus da Medicina, filho de Apolo e Corónis, uma princesa mortal.
Ao contrário do Seu pai, que se preocupa com o equilíbrio entre a saúde e a doença, visionando a população em geral, e cujos métodos abrangem mais a área da Cura Espiritual, Asclépio preocupa-se com a saúde de cada indivíduo em si, com os pequenos problemas do homem e com a Medicina mais física.
Asclépio nasceu como mortal, mas os Seus feitos eventualmente fizeram com que se tornasse num Deus que não encontramos no Hades entre os mortos nem no Olimpo entre os Deuses, mas antes caminha na Terra, entre os homens.
As serpentes são a sua epifania e está presente no espírito dos médicos e profissionais de saúde, estimulando a um conhecimento do corpo humano e também das ervas e drogas. Este Deus não é, ao contrário do seu pai, um Deus distante que se preocupa pouco com a parte física do homem, mas um dos que mais toma nas suas mãos a proteção da humanidade e estende a sua mão para nos auxiliar.
De fato, podemos dizer que é tão bem-feitor para o homem como Prometeu, pois se o Titã nos ensinou a destruir e a criar, Asclépio ensina-nos a preservar.
Origem
Asclépio, ou Esculápio para os romanos, era filho de Apolo com a mortal Corônis, filha única de Flégias, rei da Beócia.
Este, revoltado com a gravidez inesperada de sua herdeira, incendiou o templo de Delfos consagrado ao deus, e por esse crime foi lançado ao Tártaro, onde permanece com um grande rochedo suspenso sobre si, ameaçando cair a qualquer momento e esmagar sua cabeça.
Asclépio teve muito prestígio no mundo antigo, embora os textos primitivos apresentem-no apenas como herói, sem o caráter divino.
Segundo a lenda, o centauro Quiron foi quem lhe ensinou a arte de curar as feridas e as doenças, transmitindo-lhe também o conhecimento das plantas medicinais e o da composição dos remédios.
A partir daí ele se transformou em um médico extremamente hábil, conseguindo tantas curas que chegou mesmo a ressuscitar os mortos.
Essa situação desagradou a Zeus (Jupiter), que um dia, incomodado com o fato de um mortal pretender igualar-se aos deuses e estender aos homens a imortalidade divina, o fulminou com um raio.
Com o passar do tempo Asclépio também passou a ser considerado um deus pelos gregos, com poder de curar os enfermos, e algumas fontes afirmam que ele se transformou em uma constelação: o Serpentário..
O culto a Asclépio concentrou-se primeiramente na Tessália, região onde nasceu, espalhando-se depois, gradativamente, por toda a Grécia, especialmente pelas regiões de Trica, Cós, Pérgamo, Epidauro e Atenas, em cujas cidades ficavam seus principais santuários, sendo o mais importante de todos o de Epidauro, no Peloponeso, erguido no século 6 a.C., onde também foi construído um teatro e um monumento abobadado destinado a acolher os peregrinos que acorriam à festa celebrada em honra ao deus (Epidáurias, para os gregos, e depois, Esculápias, para os romanos). Em escavações realizadas nas duas últimas cidades mencionadas, foram encontrados muitos objetos relacionados com a prática religiosa.
Por volta do século 3 a.C. as profecias sibilinas, feitas por oráculos ou profetas conhecidos como sibilas, seres misteriosos que pretendiam receber mensagens do deus Apolo e que chegaram a constituir uma importante instituição do mundo antigo, transformando-se em um dos temas mais complicados de sua vida religiosa, induziram os romanos ao culto de Esculápio, que passou a ser representado como um homem barbudo, de olhar sereno, com o ombro direito descoberto e o braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu, em volta do qual se enroscam duas serpentes, e que se transformou no símbolo da medicina.
Sobre este símbolo, Joffre M. de Rezende, Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, esclarece que várias esculturas encontradas nos templos greco-romanos de Asclépio, o representam segurando um bastão com uma serpente em volta.
Muito embora os historiadores da medicina não sejam unânimes sobre o simbolismo do bastão e da serpente, as seguintes interpretações têm sido admitidas por eles:
Em relação ao bastão:
Árvore da vida, com o seu ciclo de morte e renascimento.
Símbolo do poder, como o cetro dos reis
Símbolo da magia, como a vara de Moisés
Apoio para as caminhadas, como o cajado dos pastores
Em relação à serpente:
Símbolo do bem e do mal, portanto, da saúde e da doença.
Símbolo do poder de rejuvenescimento, pela troca periódica da pele
Símbolo da sagacidade
Ser ctônico (subterrâneo) que estabelece a comunicação entre o mundo inferior e a superfície da Terra; elo entre o mundo visível e o invisível
As serpentes não venenosas eram preservadas nos lares e templos da Grécia não só por seu significado místico como pelo seu fim utilitário, já que devoravam os ratos.
O culto de Asclépio
A Medicina racional grega não implicou uma ruptura com as crenças mágico-religiosas, mantendo-se um florescente culto a Asclépio, depois latinizado como Esculápio.
Asclépio é filho de Apolo e da ninfa Coronis. Como deus solar (não o deus do sol: Hélios), Apolo é também deus da saúde (Alexikakos), devido às propriedades profilácticas do sol.
O fato de Apolo ter tirado o filho do ventre da mãe no momento em que esta se encontrava na pira funerária, confere-lhe o simbolismo de deus da medicina logo à nascença: a vitória da vida sobre a morte.
A arte da medicina foi-lhe ensinada pelo centauro Quirón e uma serpente ensinou-lhe como usar uma certa planta para dar vida aos mortos.
Acusado de diminuir o número dos mortos, Asclépio foi morto por um raio de Zeus. Esta saga heróica, cantada pelo poeta Píndaro (ca. 522-443 a.C.), traduziu-se depois na deificação de Asclépio, transformado em Deus e tornado imortal por vontade divina.
O seu culto terá começado em Epidauro, mas também existiam templos ou santuários (asklépieia) em outros locais, como Kos, Knidos e Pérgamo, onde os sacerdotes se dedicavam à cura de doentes.
Asclépio é representado com o caduceu, bastão com uma serpente enrolada.
Dos filhos de Asclépio e de Epione são particularmente importantes Panaceia e principalmente Higeia, a qual foi intimamente associada ao culto a seu pai.
A cura nos templos de Asclépio era feita através da incubatio, que consistia em os doentes passarem a noite no templo, normalmente em grupo, onde eram visitados individualmente pelo deus no seus sonhos.
Este curava-os dando-lhes indicações a seguir no seu tratamento ou praticando um milagre, que tomava a forma de uma administração de medicamentos ou de um ato cirúrgico, praticado pelo próprio deus.
O enorme número de pedras votivas encontradas nas imediações dos templos, agradecendo a intervenção e a cura dos deuses, mostra que a crença no seu culto era muito difundida e foi muito persistente no tempo.
Também é interessante referir que as pedras votivas referem diferentes intervenções de Asclépio em diversos períodos.
Assim, nas pedras encontradas em Epidauro e datando do Séc. IV a.C., a intervenção de Asclépio é feita prestando diretamente cuidados curativos, enquanto nas de Pérgamo, datando do Séc. II d.C., ele se limitava a indicar qual a prescrição a ser seguida pelo doente quando saísse do templo.
A ausência de incompatibilidade entre a medicina racional grega e o culto de Asclépio é atestada pelo fato de este ser geralmente considerado o patrono dos médicos, um papel que seria anterior ao da difusão do seu culto como deus.
O próprio juramento de Hipócrates se inicia com a invocação aos deuses: “Juro por Apolo médico, por Asclépio, por Higeia e Panaceia, por todos os deuses e deusas, fazendo-os minhas testemunhas, que eu cumprirei inteiramente este juramento de acordo com as minhas capacidades e discernimento”.
O voto de pureza do juramento é também uma estatuição presente numa inscrição epigráfica em Epidauro: “Puro deve ser aquele que entra neste fragrante templo”
Que sejam prósperos.
Raffi Souza.