As deusas abelhas!
Em vários países do mediterrâneo foram encontrados vestígios
de antigos cultos (3000 a.C.) de uma Deusa das Abelhas, mas sem que sua exata
identidade fosse conhecida. Gravações em tábuas votivas das escavações do
templo cretense de Phaistos representam a Deusa como uma abelha, com cabelos
trançados como serpentes e com um bico de pomba, combinando assim traços
característicos de Athena, Ártemis, Afrodite e Medusa. Desenhos nas paredes do
palácio de Knossos corroboram para comprovar a existência de uma Deusa das
abelhas na antiga Creta minoica.
A Deusa cultuada na Anatólia (Ásia menor, 3500-1750 a.C.)
era representada usando uma tiara em forma de colmeia; o mel era considerado
sagrado e usado para embalsamar os mortos enterrados em posição fetal em vasos
chamados pythoi. ”Cair no vaso com mel” era a metáfora usada para morrer e o
pythos era o ventre da Deusa na sua manifestação como Pandora, a Doadora, cuja
essência sagrada era o mel.Vários mitos descrevem a restauração da vida após a
morte com o auxílio do bálsamo de mel da Deusa. Deméter era chamada de Mãe
Abelha e no seu festival Thesmophoria, reservado apenas às mulheres, as
oferendas (mylloi) eram constituídas de pães de mel e gergelim em forma de
órgãos sexuais femininos.
O símbolo de Afrodite do Seu templo em Eryx era um favo de
ouro e Suas sacerdotisas eram chamadas Melissas, assim como também as que
serviam nos templos de Deméter, Ártemis, Rhea e Cibele, nos cultos da Grécia,
Roma e Ásia menor. Essas sacerdotisas exerciam funções oraculares, se
alimentavam apenas com pólen e mel e recebiam o dom de falar a verdade da Deusa
Abelha, que a sussurrava nos seus ouvidos.
As abelhas eram consagradas à Deusa desde a antiga
civilização matrifocal de Çatal Huyuk (Anatólia) e aparecem nos mitos gregos
como “pássaros das Musas”, atraídos pelo aroma das flores do qual preparavam o
mel, considerado um néctar divino. Acreditava-se que as abelhas eram almas das
sacerdotisas que serviram às deusas Afrodite e Deméter, acompanhando a passagem
das outras almas entre os mundos.
O nome científico da classe das abelhas – Hymenoptera – que
significa “asas de véu” refere-se ao hymen, o véu que ocultava o altar interno
nos templos da Deusa, assim como sua contraparte no corpo da mulher, que é a
membrana que veda a entrada para o seu santuário íntimo. A defloração era um
ato sagrado realizado com a bênção da Deusa no seu aspecto de Hymen, a
padroeira da noite de núpcias e da lua de mel, que tinha a duração de um ciclo
lunar e menstrual. O noivo podia acessar a fonte de vida tendo relação sexual
durante a menstruação da noiva, momento muito sagrado e poderoso.
No tantrismo o mito relata o batismo ritual (Maharutti) do
deus Shiva no sangue menstrual da deusa Kali Maya, sua mãe e consorte, obtendo
assim virilidade e poder. A combinação de sangue menstrual com mel era
considerada antigamente o elixir sagrado da vida, o néctar criado por Afrodite
e ingerido pelos seus sacerdotes e adeptos. Afrodite era reverenciada como a
Mãe Criadora ancestral, regente da vida e da morte, do amor e da beleza, do tempo
e do destino, conforme comprovam seus múltiplos aspectos como Asherah, Astarte,
Inanna, Mari, Moira, Marina, Pelagia, Stella Maris, Hymen, Vênus, Urânia.
Na cosmologia nórdica o néctar de inspiração, sabedoria,
magia e vida eterna era uma combinação de mel e do “sangue sábio” contido no
caldeirão do ventre da Mãe Terra. Distorções patriarcais atribuíram em mitos
posteriores a origem deste hidromel ao sacrifício de um deus pouco conhecido,
Kvasir, formado do cuspe fermentado dos deuses e de cujo sangue misturado com
mel formou-se o “elixir da inspiração” (uma clara analogia e adaptação da sua
verdadeira origem, o sangue menstrual). No mito finlandês o herói Lemmin
Kainem, oferecido em sacrifício e enviado para o mundo subterrâneo da Deusa da
morte Mana, foi ressuscitado pela sua mãe com a ajuda do mel mágico trazido
pela sua protetora espiritual Mehilainem, a Abelha. Antigas seitas cristãs
celebravam um rito de amor que incluía a ingestão da mistura de mel com sangue
menstrual, para fins de renovação e renascimento.
O mel era valorizado tanto pelo seu aspecto sagrado, quanto
por ser nutridor e preservador, como bactericida. Junto com o sal eram os
únicos conservantes do mundo antigo e considerados agentes de ressurreição e
transmutação. As abelhas eram símbolos do poder feminino da natureza, que
criavam este produto doce e mágico e o guardavam em favos com estrutura
hexagonal. O hexágono era considerado pela escola Pitagórica uma expressão do
espírito de Afrodite (uma dupla deusa tríplice) e as abelhas reverenciadas como
criaturas sagradas, que sabiam como formar hexágonos perfeitos. Nas suas
práticas espirituais os adeptos de Pitágoras meditavam fixando a mente na
estrutura geométrica do triângulo, do hexágono e dos ângulos de 60°, para
compreender melhor os mistérios da simetria cósmica.
No folclore, as abelhas eram associadas tanto com a vida,
quanto com a morte. Se abandonassem sua colmeia, isso era um presságio nefasto
para o dono; em caso de morte de alguém da propriedade, as abelhas deviam ser
“avisadas” e imploradas para não irem embora, suas colmeias sendo viradas
depois na direção contrária à casa. Sonhar com um enxame de abelhas era
prenúncio de desavenças e azar, mas o mel nos sonhos era um bom augúrio. Na
Irlanda as pessoas compartilhavam seus projetos às abelhas por considerá-las
mensageiras dos deuses, assegurando assim a prosperidade. Frases como “pergunte
às abelhas que elas sabem” ou “use a sabedoria das abelhas” são comuns nas
Ilhas Britânicas. A santa católica Gobnait (adaptação cristã de um aspecto da
deusa Brigid) salvou sua paróquia de uma invasão segurando uma colmeia nas
mãos, o enxame de abelhas cercando e cegando os bárbaros.
No seu aspecto transcendental, as abelhas representam
imagens da interconexão sutil e milagrosa da vida. A intrincada estrutura
hexagonal, que guarda a dourada essência da vida, é uma equivalente da teia
invisível da natureza que coordena todas as criaturas e coisas em um padrão
harmonioso. O movimento incessante das abelhas para polinizar as flores e
extrair seu néctar para ser transformado em mel, é um exemplo para os humanos
trabalharem continuamente, para colherem os frutos dos seus esforços e
transformá-los em sustentação e comemoração (os zangões são mortos após a dança
nupcial com a abelha rainha por serem preguiçosos e comilões!).
Em um selo de ouro encontrado em um túmulo cretense de 4000
anos atrás, a Deusa e Suas sacerdotisas vestidas como abelhas aparecem dançando
junto. A Abelha Rainha, cuidada e nutrida por todas as suas súditas, era a
representação neolítica da própria Deusa; o zumbido das abelhas era visto como
sendo a transmissão da voz da Deusa. O mel tinha um importante papel no ritual
do Ano Novo minoico, que começava no solstício de verão, quando a estrela
Sirius nascia junto com o Sol, momento mágico que assinalava o início da
colheita de mel das colmeias escondidas nas florestas e grutas. Fermentado, o
mel virava hidromel, bebida sagrada usada em celebrações e rituais.
Os túmulos em Micenas tinham forma de colmeias, assim como
também era a pedra sagrada do templo oracular de Delfos, omphalos, que
representava o umbigo do mundo. Mesmo depois deste templo inicialmente
consagrado a Gaia ser dedicado a Apollo, a função oracular era sempre exercida
por uma sacerdotisa – Pythia, chamada de Abelha Délfica. As colmeias serviram
de modelo para vários templos da antiguidade; o templo egípcio da deusa Neith
era conhecido com “a casa das abelhas”, o mel servindo como símbolo de proteção
e usado na consagração das fundações e no embalsamento dos faraós.
Uma imagem da deusa Maat a representa como abelha com
grandes asas e segurando um pote com mel, augúrio do renascimento. A estátua de
Ártemis de Éfeso, considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo, tinha
inúmeras protuberâncias no seu corpo, cuja natureza não foi elucidada. Uma das
teorias as considera seios, daí o nome de Ártemis com mil seios, outras teorias
as veem como frutas de palmeiras, berinjelas, cachos de uvas, ovos de avestruz,
bolsas para amuletos ou cornucópias. Mas também podem ser interpretadas como os
ovos que a Abelha Rainha deposita diariamente nos favos, Ártemis sendo vista
como a representação da Deusa Abelha, cujo dom era gerar continuamente a vida e
consagrar a morte como uma etapa que antecedia a ressurreição.
Atualmente bilhões de abelhas estão morrendo no mundo
inteiro, sem que seja encontrada uma causa ou explicação, além da evidente e
crescente poluição do meio ambiente e a destruição das espécies vegetais. A
crise é um alerta global, pois sem abelhas diminuirá cada vez mais a
polinização e a humanidade ficará privada de frutas e verduras, aumentando
assim as ameaças da fome mundial.
Como mulheres que cultuam e reverenciam a Deusa, precisamos
lembrar e refletir sobre a importância – mítica e mágica – do mel e das
abelhas, consagrados à Deusa nas Suas várias manifestações das culturas
matrifocais. Devemos honrar e invocar as bênçãos da Deusa Abelha com cantos,
música, danças, oferendas de mel e orações, pedindo sua clemência para evitar a
extinção das Suas súditas no planeta Terra.
Mesmo depois deste templo inicialmente consagrado a Gaia ser
dedicado a Apollo, a função orácular era sempre exercida por uma sacerdotisa - Pythia,
chamada de Abelha Délfica. As colméias serviram de modelo para vários templos
da antiguidade; o templo egípcio da deusa Neith era conhecido com “a casa das
abelhas”, o mel servindo como símbolo de proteção e usado na consagração das
fundações e no embalsamento dos faraós. Uma imagem da Deusa Maat a representa
como abelha com grandes asas e segurando um pote com mel, augúrio do
renascimento. A estátua de Ártemis de Éfeso, considerada uma das sete
maravilhas do mundo antigo, tinha inúmeras protuberâncias no seu corpo, cuja
natureza não foi elucidada. Uma das teorias as considera seios, daí o nome de
Ártemis com mil seios, outras teorias as vêem como frutas de palmeiras,
berinjelas, cachos de uvas, ovos de avestruz, bolsas para amuletos ou
cornucópias. Mas também podem ser interpretadas como os ovos que a Abelha
Rainha deposita diariamente nos favos, Ártemis sendo vista como a representação
da Deusa Abelha, cujo dom era gerar continuamente a vida e consagrar a morte
como uma etapa que antecedia a ressurreição. Atualmente bilhões de abelhas
estão morrendo no mundo inteiro, sem que seja encontrada uma causa ou
explicação, além da evidente e crescente poluição do meio ambiente e a
destruição das espécies vegetais. A crise é um alerta global, pois sem abelhas diminuirá
cada vez mais a polinização e a humanidade ficará privada de frutas e verduras,
aumentando assim as ameaças da fome mundial. Como mulheres que cultuam e reverenciam
a Deusa, precisamos lembrar e refletir sobre a importância mítica e mágica do
mel e das abelhas, consagrados à Deusa nas Suas várias manifestações das
culturas matrifocais. Devemos honrar e invocar as bênçãos da Deusa Abelha com
cantos, musica, danças, oferendas de mel e orações, pedindo sua clemência para
evitar a extinção das Suas súditas no planeta Terra.
ENCANTAMENTO
PARA A DEUSA MÃE-ABELHA
Cada dia, consome uma colherada pequena de mel de abelhaEm
cada Lua Crescente ou cheia consome mel de abelhaTrês dias antes da Magia de
Abundância Quando queiras Abundância Amor, romances, boas relações Quando
queiras viagens e prosperidadeConsome mel e faz esta Invocação antes de
consumir o Mel…
INVOCAÇÃO
Deusa da Doçura
Protetora do Amor
Invoco os Poderes
Que trazes do Sol
Dourada Abundância
Guardiã do Coração
Ativa meus sentidos
Em uma Mágica expressão
Mel Amada, Mel Dourada
Dá-me a Pureza das Fadas
E em um ato de Amor
Dá brilho ao meu olhar
Honro tua presença
Tua beleza, tua inocência,
Agradeço-te eternamente
Com o brilho de minha Essência.
Que sejamos capazes
De entregar
Tua Magia de Abundância
E compartilhá-la
sempre ainda
Em tua ausência
Que sejamos capazes
De alcançar
O segredo da vida
E consumir o néctar
Do Silêncio
Deusa da Doçura
Protetora do Amor
Invoco os Poderes
Que trazes do Sol
Que sejam prósperos.
Raffi Souza.