MABON, O SABBAT WICCANO DA SEGUNDA COLHEITA
Primeiramente, antes de falarmos especificamente sobre o
Mabon, temos que entender perfeitamente o que são os sabbats e a Roda do Ano
Wicca.
Os principais rituais Wiccanos são os Sabbats que celebram
as mudanças das estações do ano e o percurso do Deus, simbolizado pelo Sol,
através dos ciclos sazonais.
O Wiccano vê o ano como uma grande roda sem começo nem fim e
por isso os oito sabbats são chamados conjuntamente de Roda do Ano. Eles
possuem grande significado para os wiccanos e é uma das chaves principais para
o entendimento da religião.
A Wicca vê uma relação profunda entre o ser humano e o
ambiente onde ele vive. Acreditamos que a natureza é a própria manifestação da
Deusa e dessa forma são celebradas as mudanças das estações.
A Roda do Ano é vista como um ciclo ininterrupto de vida,
morte e renascimento. Assim, reflete a passagem das estações do ano, bem como as
mudanças interiores e exteriores provocadas por elas e a nossa própria ligação
com o mundo.
Para o wiccano, tudo que vive e respira é divino e
celebrando a vida através das mudanças de estações estabelecemos contato com o
mundo dos Deuses, atraindo as energias do mundo natural para dentro de nós,
alcançando assim a unidade com o mundo
divino.
Um Bruxo procura sempre se conectar com a natureza em todas
as suas manifestações, não só observando, mas também sentindo o fluxo dela em
nós e as mudanças provocadas na vida cotidiana através dela. Os Mistérios da
Deusa e do Deus e seus diferentes aspectos estão contidos em cada estação. A
Roda do Ano simboliza a história ancestral da Deusa e o ciclo de morte e
renascimento do Deus.
Existe muito simbolismo na Roda do Ano e ao entendê-la,
assimilá-la e integrá-la ao nosso modo de vida estaremos compreendendo a
essência da religião Wicca.
A Roda do Ano representa a forma como vemos o universo,
celebramos os ciclos da natureza e entendemos seus reflexos em nossa vida.
Sempre girando, estes ciclos internos e externos irão
retornar à sua fonte primordial de energia, ao início e começarão e terminarão muitas vezes mostrando que
depois da morte sempre há o renascimento. Isto é refletido no cair das folhas e
florescer das flores; no germinar das sementes e colheita dos grãos semeados,
consumidos e replantados; no apogeu e declínio do Sol.
Atualmente, com os avanços científicos e tecnológicos pode
ser difícil compreender como uma
religião de civilizações agrárias antigas pode fazer sentido nos tempos
modernos e o que ela pode nos oferecer.
Para responder a esta questão basta olhar ao nosso redor. Se
fizermos isso acuradamente, perceberemos
que independentemente de nossa vontade as estações continuam mudando e que a
força da natureza é infinitamente maior do que todos os avanços alcançados pelo
homem moderno, e que nós precisamos da
natureza mas que ela não precisa de nós.
Conhecendo o que acontece no mundo e ao nosso redor,
alcançaremos um grande entendimento de onde viemos, aonde chegamos e as
possibilidades que nos aguardam.
A Roda do Ano nos mostra que o Universo reflete o ciclo da
mudança sempre em constância.
A Roda do Ano Wicca possui dois significados:
Roda de Celebração da Natureza: Os Wiccanos se reúnem nos
dias de Sabbats para celebrar a Deusa, o Deus e as bênçãos que eles concedem à
Terra através das mudanças de estações.
Roda da Iniciação: Expressando os ensinamentos dos Antigos
através das estações, pois os Deuses e a Natureza são um só.
A Roda do Ano é dividida em 4 Sabbats maiores chamados
Samhain, Imbolc, Beltane e Lammas que celebram o ciclo agrícola da Terra,
marcando a semeadura, o plantio e a colheita, cujo nome e origem são Celtas. E
4 menores nomeados de Yule, Ostara, Litha e Mabon, que marcam os Equinócios e
Solstícios e a trajetória do Sol pelo céu.
É importante ter em mente que os dias de comemoração dos
Sabbats variam de acordo com o hemisfério, pois quando no Hemisfério Norte é
verão, aqui no Hemisfério Sul é inverno. É importante ter em mente que os
Sabbats são celebrações de uma época do ano e não de uma data.
Para melhor entendimento das comemorações dos Sabbatts,
segue breve relato em forma de história que ilustra perfeitamente a sequência
de comemorações solares.
Sempre buscando a Grande Deusa , o apaixonado Deus Cornífero
muda de forma e rosto a cada Estação. E desta eterna busca surge a Roda do Ano.
Em Samhain, o Festival do retorno da morte, os portões dos
mundos se abrem e a Deusa transforma-se na velha sábia, a Senhora do Caldeirão
e o Deus é o Rei da Morte que guia as almas perdidas através dos dias escuros
de inverno.
Em Yule, a escuridão reina como se estivéssemos no caldeirão
da Deusa. Assim, o Rei das Sombras, transforma-se na Criança da Promessa, o
Filho do Sol, que deverá nascer para restaurar a natureza.
Em Imbolc a luz cresce. O Deus nascido em Yule se manifesta
com todo o seu vigor e a Criança da Promessa cresce com toda a vitalidade e é
festejada. Assim, os dias tornam-se visivelmente mais longos e renova-se a
esperança.
Em Ostara luz e sombra são equilibradas. A luz da vida se
eleva e o Deus quebra as correntes do
Inverno. A Deusa é a virgem e o Deus renascido é jovem e vigoroso. O Amor
sagrado da Deusa e do Deus traz a promessa do crescimento e da fertilidade.
Em Beltane, a Deusa se transforma em um lindo Cervo Branco e
o jovem Deus é o caçador Astado. Ao ser perseguido pela floresta, o Cervo
Branco se transforma em uma linda mulher. E assim eles se unem e a sua paixão
sustenta o mundo e toda a vida.
Chega então Litha. A Deusa é a Rainha do verão e o Deus um
homem de extrema força e virilidade. O sol começa a minguar e o Deus começa a
caminhar rumo ao país de verão. A Deusa é pura satisfação e demonstra isso
através das folhas verdes e das lindas flores do verão.
Em Lammas a Deusa dá a luz e o Deus prepara-se para morrer
em amor à ela. A Deusa precisa de sua energia, de sua vida para que a vida
possa crescer e prosseguir. O Deus se sacrificará para que os filhos da Deusa
sejam nutridos. Mas através do grão, ele renasce. No ápice de sua abundância
ele retorna através dela.
Em Mabon as luzes e as trevas se equilibram novamente.
Porém, o Sol começa a minguar mais rapidamente e o Deus torna-se então o
Ancião, o Senhor das Sombras, cruzando os portais da morte.
Chega novamente Samhain e então o ciclo recomeça e tudo
retorna à Deusa.
Assim sempre foi e assim sempre será!
O QUE COMEMORA-SE NO MABON....
Agora o Sol caminha mais rapidamente em direção ao inverno e
o plantio feito em Ostara chega à sua colheita final iniciada em Lammas. É hora
de agradecer pela abundância, fartura e também reconhecer o equilíbrio da vida,
pois nos equinócios o dia e a noite possuem o mesmo tempo de duração.
Era o momento onde os povos antigos começavam a estocar seus
alimentos e armazenar os grãos para que houvesse comida suficiente durante o
período de inverno.
Mabon é o Festival de Ação de Graças Pagã, onde lembram-se
as conquistas alcançadas. Por isso, uma das tradições deste Sabbat é colocar um
cálice com vinho ao meio da mesa do almoço ou jantar e deixá-lo passar de mão
em mão enquanto cada pessoa presente faz seus agradecimentos e desejos de
felicidade.
Mabon é o tempo do equilíbrio, gratidão, agradecimento, e
tempo de meditar sobre a escolha de nossos projetos e agradecer tudo que
tivemos no ano que passou. A morte do Deus está por vir pois ele doou todos os
seus poderes aos humanos através da colheita.
Este Sabbat é particularmente a celebração da vinha e está
associado com as maças como símbolo de vida renovada. Neste dia sagrado
tradicionalmente se celebra o vinho e colhe-se uma maça colocando-a no altar em
homenagem ao Povo das Fadas. Isto é um altar simbólico de gratidão pela
colheita da vida e desejo de viver em comunhão com tudo.
E este é o Festival em que devemos pedir pelos que estão
doentes e pelas pessoas mais velhas, que precisam de nossa ajuda e CONFORTO .
Também é nesse festival que homenageamos as nossas Antepassadas Femininas,
queimando papéis com seus nomes no Caldeirão e lhes dirigindo palavras de
gratidão e bênçãos.
Muitas tradições wiccanas realizam um rito especial para a
descida da deusa Perséfone ao Submundo, como parte da celebração do Equinócio
do Outono. De acordo com o mito antigo, no dia do Equinócio de Outono, Hades (o
deus grego do Submundo) encontrou-se com Perséfone, que colhia flores. Ficou
tão encantado com sua beleza jovem que, instantaneamente, se apaixonou por ela,
Agarrou-a, raptou-a e levou-a em sua carruagem para a escuridão do seu reino a
fim de governar eternamente ao seu lado como sua imortal Rainha do Submundo. A
deusa Deméter procurou, por todos os lugares, sua filha levada à força, e, não
a encontrando, seu sofrimento foi tão intenso que as flores e as árvores murcharam
e morreram. Os grandes deuses do Olimpo negociaram o retorno de Perséfone;
porém, enquanto ela estava com Hades, foi enganada e comeu uma pequena semente
de romã, tendo, então, que passar metade de cada ano com Hades no Submundo, por
toda a eternidade.
Os alimentos pagãos tradicionais do Sabbat do Equinócio do
Outono são os produtos do milho e do trigo, pães, nozes, vegetais, maçãs,
raízes (cenouras, cebolas, batatas, etc.), cidra e romãs (para abençoar a
jornada de Perséfone ao tenebroso reino do Submundo).
O RITUAL DE MABON
Instrumentos mágicos usuais
1 instrumento que represente um chifre de boi ou búfalo
enfeitado com fitas de várias cores.
Moedas
Incensos de Mirra
Várias velas marrom, verde e amarelas
Cálice com água
Grãos de cereais em geral
Espigas de Milho
Caldeirão com uma vela preta apagada
Procedimento:
Espalhe as velas e os incensos por toda parte e acenda-os.
Coloque o chifre, as fitas, as moedas, as espigas de milho,
o cálice e os grãos crus sobre o altar. O caldeirão com a vela apagada é
colocado aos pés do altar.
Trace o Círculo Mágico e após traçá-lo diga:
“Luz e Escuridão são iguais, porém aqueles que conhecem a
arte sabem que tudo tem seu próprio ritmo, pois aquilo que está embaixo é como
aquilo que está encima. Tudo o que está embaixo deve subir e tudo o que está
encima deve descer. É a lei da vida, é a eterna Roda do Ano e seus ciclos.”
Acenda a vela do Caldeirão e diga:
“A Roda do Ano segue imutável e incansavelmente o seu ritmo.
Que a Senhora da abundância e fartura e o Senhor das Folhagens e das Colheitas
possam nos abençoar.”
Após acender a vela do caldeirão erga o chifre acima do
altar dizendo:
“ Que a sagrada cornucópia, símbolo da prosperidade e
riqueza espalhe sua sagrada luz sobre nós e sobre nossos entes queridos. Que
assim seja, e que assim se faça.”
Comece então a amarrar as fitas coloridas no chifre,
mentalizando a concretização de seus desejos. Após atar todas as fitas ao
chifre, comece a colocar dentro dele as moedas e os grãos mentalizando
abundância, fartura, sucesso e prosperidade. Então diga:
“ Oh Grande Deusa, de onde provém toda vida, abençoada seja
ti, Senhora da prosperidade e da fartura. Que o mistério da vida seja revelado,
porém selado, e que seus frutos possam nos sustentar, através do mistério do
renascimento presente em cada semente.”
Com o chifre erguido aos céus, em sinal de apresentação,
comece a andar pelo Círculo no sentido horário até completar 3 voltas. Tenha em
mente que é por causa do renascimento das sementes que você e todos os seres da
Terra serão nutridos e assim poderão continuar sua caminhada rumo à evolução.
Coloque o chifre sobre o altar. Pegue o cálice, erga-o aos céus e diga:
“Que através do poder da água, todos os frutos da Terra
possam ser fertilizados.
Oh, Senhor da Colheita, das Folhagens e da Fartura e Senhora
da Abundância e Prosperidade é a vós e por vós que é feita esta libação.”
Tome um pequeno gole da água e depois derrame sobre o chão.
Recoloque o cálice sobre o altar.
Destrace o Círculo Mágico, agradecendo o auxílio dos Deuses.
Coloque o chifre sobre a porta de entrada de sua casa. No
Sabbat do Equinócio de Outono do ano seguinte troque os grãos enterrando os velhos.
Grasi Marchioro