11 abril 2015

ALFA: O ESTADO ALTERADO DE CONSCIÊNCIA

ALFA: O ESTADO ALTERADO DE CONSCIÊNCIA


 As Bruxas acreditam firmemente que o poder psíquico é confiável. Usam-no em sortilégios, adivinhação, círculos mágicos e rituais. O poder psíquico – ou mágico — baseia-se na ciência e pode ser ensinado a outros. Tem sido estudado e pesquisado cientificamente e estudos demonstram que experimentos de funcionamento psíquico podem ser simples, facilmente controlados, padronizados, repetíveis e sujeitos à análise estatística profissional. Desde então, investigadores desenvolveram dezenas de técnicas de pesquisa em novos e excitantes métodos experimentais. Há um crescente respeito na comunidade científica por esse gênero de investigação e seus resultados.

A ciência da Feitiçaria baseia-se em nossa capacidade de entrar num estado alterado de consciência a que chamamos "alfa", quando as ondas cerebrais registram de 7 a 14 ciclos por segundo. Esse é um estado de consciência associado ao relaxamento, à meditação e à atividade onírica.
Os mais rápidos de 14 a 30 ciclos do estado beta ocorrem quando estamos mentalmente alertas, despertos e empenhados em atividade física. Também acompanham a excitação, o medo, a tensão e a ansiedade.
As mais lentas ondas teta, 4 a 7 ciclos por segundo, estão associadas à sonolência e tranqüilidade profunda.
As ondas delta de 1 a 3 ciclos por segundo ocorrem no sono profundo e sem sonhos.
Em alfa, a mente abre-se para formas incomuns de comunicação, como a telepatia, a clarividência e a precognição.
Também podemos experimentar, nesse estado, sensações extracorporais e psicocinéticas, ou receber informação mística, visionária, que não chega através dos cinco sentidos. Em alfa, os filtros racionais que processam a realidade ordinária são enfraquecidos ou removidos, e a mente é receptiva a realidades não-ordinárias.
Podemos também definir o estado de Alfa como o princípio geral subjacente,ou seja, é um estado alterado de consciência que nos permite funcionar em realidades que não nos são normalmente acessíveis.
A razão pela qual a informação não usualmente disponível torna-se acessível em alfa é que o próprio cérebro é um holograma. Estudos na década de 1960 levaram-no a sugerir que o cérebro armazena recordações de maneira holográfica. Os cientistas que estudam o cérebro sabiam há anos que as recordações estão dispersas por todo o cérebro mas ninguém podia elucidar os mecanismos que explicariam o aspecto de o-todo-em-cada-parte da armazenagem e recuperação de recordações.
Como toda a informação do universo está em nossas mentes, é simplesmente uma questão de colocar o cérebro no estado apropriado para recuperar essa informação, de um modo semelhante ao de recuperação de uma lembrança armazenada na memória. Alfa é esse estado, e o gatilho para a recuperação é a energia da luz.
Quase todas as culturas têm usado estados alterados de consciência, como alfa, para rituais religiosos coletivos, ritos espirituais pessoais, adivinhação e trabalho de cura.
Num estado alfa ocorrem mudanças maravilhosas. Os nossos egos são menos dominantes, devido a isto podemos processar a informação em termos diferentes dos de nossa própria segurança e sobrevivência pessoal. O potencial holográfico do cérebro/mente passa a ter plena atuação: as lembranças são mais acessíveis, as ligações entre diferentes peças de informação ocorrem prontamente; o contato com materiais e imagens inconscientes acontece de maneira espontânea. As possibilidades imaginativas são focalizadas com maior nitidez.
A compreensão intuitiva da natureza íntima das coisas, os insights, é mais clara. Temos menor consciência das categorias espaço-temporais que usamos para processar a experiência.
Como disse Einstein, "tempo e espaço são modos pelos quais pensamos, não as condições em que vivemos." Alfa altera as nossas percepções, de modo que nos libertamos desses construtos mentais de espaço-tempo e podemos captar a experiência de outros tempos e lugares. Por essas razões, as Bruxas efetuam a maior parte de seu trabalho mágico em alfa.
Toda a informação e todas as experiências energéticas nos chegam em alfa porque toda a informação no universo (e todos os fenômenos no universo) consiste em energia luminosa. A luz penetra na glândula pineal, ou Terceiro Olho, localizada no centro da cabeça entre as sobrancelhas, onde muitos psíquicos dizem ter sensações físicas quando recebem informação extra-sensorial. Em alguns estados de transe, os olhos de uma pessoa rolam naturalmente para cima, fixando-se nesse local de poder acima dos olhos.
Situada no centro da cabeça, sob o mais espesso e duro osso do crânio, essa glândula-mestra pareceria estar enterrada profundamente demais para poder receber luz. Durante muitos anos, os pesquisadores souberam que a luz diurna afetava as glândulas pineais de animais, regulando a hibernação e o cio, por exemplo, mas tinham dúvidas sobre se a luz tinha qualquer efeito sobre as glândulas pineais de seres humanos. Mas recentes investigações científicas indicam que a luz afeta, de fato, a glândula pineal humana, regulando numa base diária sua capacidade de segregação de melatonina, um hormônio que tem importante efeito sobre a produção de outros hormônios.
Além disso, o termo "Terceiro Olho" não é mera metáfora fantasiosa inventada pelas Bruxas e os psíquicos para se darem um ar misterioso. Os anatomistas acreditam que a glândula é, com efeito, o remanescente de um terceiro olho que nunca se desenvolveu no transcurso da evolução. Desde as mais recuadas eras, sábios, magos e Bruxas têm falado do Terceiro Olho como a porta de acesso para todo o conhecimento. Os povos antigos entenderam intuitivamente a importância desse local de poder e reverenciaram-no de várias maneiras. No Oriente é um dos sete chakras. Os monarcas egípcios usavam um ornamento com cabeça de cobra no centro da testa. As sacerdotisas célticas pintavam a área de azul. As culturas que usam pintura ritual nos rostos realçam freqüentemente essa área em frente da glândula pineal para que atraia uma atenção especial.
A glândula pineal não só capta informação visual mas também percebe sons que não são captáveis pelo ouvido. Ambas as espécies de informação viajam como energia luminosa. E minha convicção que luz e som não podem ser separados. Quando a luz chega, o mesmo acontece com a visão e o som. E por isso que a informação que recebemos em alfa pode ser ou visual ou auditiva. Algumas pessoas são mais propensas a uma do que a outra: algumas têm visões, outras escutam vozes.
Como Bruxas, acreditamos estar destinadas a saber como tudo funciona — terra, ar, fogo, água, estrelas, planetas, espíritos. Esse conhecimento está ao nosso alcance. Além disso, somos responsáveis por saber como tudo no universo funciona, porque somos responsáveis pelo universo. A nossa missão é ecológica, estamos aqui para equilibrar energias, reconciliar opostos e corrigir erros projetando mentalmente para que todas as coisas sejam corrigidas. E nossa responsabilidade é promover a saúde e a vida em todas as suas formas.
Entramos em alfa e observamos cada área da vida humana que é importante para nós, de modo que possamos oferecer ajuda quando necessária, nutrir o que requer crescimento, ensinar e servir aos menos capazes de cuidar de si mesmos.
Somos seres psíquicos porque penetramos na sabedoria do universo, mas tal dom não é raro. Todos o possuem e cada um de nós pode reaprender — ou recordar — como usá-lo. Isso pode, entretanto, levar algum tempo, assim como foi necessário para cada um de nós aprender a engatinhar antes que pudéssemos caminhar e correr.


OS PODERES DA COR E DO NÚMERO



Um método muito fácil para entrar em alfa e ver com o terceiro Olho chama-se "Contagem Regressiva de Cristal", um método baseado nos princípios pitagóricos de cor e número.
Semelhantes às teorias da física moderna, os ensinamentos de Pitágoras postularam que Deus (isto é, o universo) era circular e composto da substância da luz (ou energia). Também ensinou que a natureza de Deus (isto é, o universo) era a substância da verdade, a qual, como diriam alguns físicos de hoje, é o padrão de inteligência objetiva que está subjacente em todos os fenômenos.
A filosofia de Pitágoras baseia-se em números, com os números de um a dez constituindo a década sagrada. Cada número contém poder e significado numa vasta gama de experiência humana.
Número um simboliza o que é separado, inteiro e estável; é o começo c o fim; é a mente.
Dois é a morte, a ciência, as gerações, tudo o que é dual e todos os opostos.
Três é a paz, justiça, prudência, devoção, temperança e virtude.
Quatro abrange a harmonia, o vigor, a virilidade, a impetuosidade, e é chamado "a fonte da Natureza".
Cinco governa a reconciliação, a alternação, a cordialidade, a vitalidade, a saúde e a providência.
Seis é tempo, panacéia, o mundo e a suficiência.
Sete é o número da religião, vida, fortuna e sonhos.
Oito é amor, lei e conveniência.
Nove simboliza o oceano, horizonte, fronteiras e limitações.
Dez é a idade, o poder, a fé, a memória e a necessidade.
Segundo Pitágoras, a espantosa harmonia no universo, seja musical ou moral, pode ser explicada e vivenciada como números.
Com os anos descobriu-se que a harmonia matemática, quando conjugada com as harmonias da cor, equilibra e centra a mente, tornando-a mais receptiva às energias externas do universo.
Fechando os olhos e decompondo a luz em suas cores componentes, como num prisma, e contando regressivamente de sete a um, podemos baixar as nossas ondas cerebrais de beta para alfa, o transe ligeiramente alterado para o qual deslizamos durante o dia quando estamos ”perdidos" em devaneios, rabiscando numa folha de papel, correndo, escutando música atraente ou meditando. Em todos esses estados, visualizamos espontaneamente, vemos quadros ou escutamos informação.
Em alfa podemos diagnosticar doenças, enviar energia curativa para outros, absorver conhecimentos importantes, vigiar seres queridos onde quer que estejam, recuar ou avançar no tempo (pois as categorias mentais de tempo e espaço estão suspensas em alfa) e criar mudanças no mundo material desde que seja para o bem de todos e não prejudique ninguém.
De um modo geral, fomos condicionados para não dar valor, apreciar ou induzir as espécies de atividade que promovem o estado alfa: fitar o vazio por um certo período de tempo, devanear, deixar a mente divagar, observar silenciosamente sem o incessante diálogo interior que conversa e comenta sobre tudo o que vivenciamos. Não recordamos, registramos ou recapitulamos os nossos sonhos noturnos.
Algumas pessoas dedicam-se superficialmente à Feitiçaria pensando que, uma vez adquiridos poderes mágicos, elas estarão aptas a ignorar ou até a subverter as leis físicas do universo para seus próprios fins egoístas. Que rude despertar o delas quando se dão conta de que estar informado sobre os processos da magia significa trabalhar tanto com as leis físicas quanto com as superiores.

A CONTAGEM REGRESSIVA DE CRISTAL

Alfa é o ponto de partida para todas as operações psíquicas e mágicas. É o cerne da Feitiçaria. O estado alfa é a base científica para a magia. Para desenvolver os próprios poderes psíquicos e aprender os métodos da Arte é imprescindível aprender a controlar alfa. O seguinte exercício ensinará a fazer precisamente isso. É simples mas de extrema importância. Deve-se dominá-lo primeiro antes de passar a qualquer outro sortilégio, ritual ou exercício.
Ler na íntegra as instruções para a Contagem Regressiva de Cristal repetidas vezes antes de tentar fazê-la. Assegurar-se de que está familiarizada com todas as fases antes de começar, porque não poderá deter-se no meio do exercício para consulta.
Para colocar-se em alfa, procurar um lugar tranqüilo, sentar-se confortavelmente, fechar os olhos e passar um minuto respirando profundamente e relaxando.
• Quando se sentir centrada, ou equilibrada, mantenha os olhos fechados e com o Terceiro Olho — o olho da mente - visualize uma tela vazia (como uma tela de televisão) cerca de 30 centímetros à sua frente e logo acima das pálpebras. Na realidade, a tela em que o Terceiro Olho projeta imagens cerca-lhe toda a cabeça como um capacete, mas a maioria das pessoas somente vê imagens no segmento frontal.
É possível que note os olhos pestanejando um pouco, embora continuem fechados. Podem tender até a revirar-se de baixo para cima, como se isso ajudasse a ver melhor a tela.
Trata-se de um reflexo automático porque as pessoas estão treinadas para "ver" unicamente com os olhos abertos e fixados no objeto que se está vendo. Chega agora o momento de treinar para ver sua mente. Com o tempo, o pestanejar cessará. Não esqueça que em alfa não é necessário "ver" com os olhos físicos.
Está-se olhando com o olho da mente.
Em seguida, na tela veja um número sete em vermelho. Se este não aparecer com facilidade, tentar ver apenas um sete ou apenas um campo vermelho. Se tiver dificuldade em esparrinhar as cores na tela, recordar algum objeto que seja da cor que quer visualizar e ver com o olho da mente — por exemplo, um carro vermelho de bombeiros, uma laranja, uma banana amarela.
Praticar isso até ser capaz de ver o campo de cor. Com o tempo, será capaz de colocar o sete no campo vermelho e, finalmente, verá o sete vermelho.
Não desanime. Lembre-se de que a sociedade nos disse que não é natural "ver" com os olhos fechados ou que somente sonhos e alucinações — coisas que não são "reais" – aparecem quando fechamos os olhos.
Quando enchergar o sete vermelho, retenha-o por um momento e depois solte-o. Visualize em seguida um seis laranja, retê-lo e soltá-lo. Prosseguir de cima para baixo ao longo do espectro de cores: um cinco amarelo, um quatro verde, um três azul, um dois índigo e o um lilás.
Essa seqüência cromática é uma realidade científica universalmente reconhecida. Apresenta-se no arco-íris e em toda decomposição prismática da luz. Esse espectro de cores ou arco-íris é também uma poderosa imagem arquetípica em todas as culturas. É freqüentemente um símbolo para outras realidades mágicas e novos mundos. No Gênese, o arco-íris é sinal de um recomeço para a sociedade humana após o Dilúvio — uma promessa do  Jeová de que não o faria de novo. A Rainbow Coalition na política americana promete uma nova era de harmonia racial e cooperação. Os índios norte-americanos viram o arco-íris como um reflexo da unicidade em meio à multiplicidade na natureza e o ideal de paz e equilíbrio entre todas as criaturas. No folclore céltico, o arco-íris indicava a presença de gnomos, fadas e um possível vaso de ouro. Os mitos nórdicos falam de uma ponte de arco-íris, Bifrost, a qual só os deuses podem atravessar. No folclore moderno, o arco-íris separa a banalidade do Kansas dos esplendores de Oz.
O dois índigo é realmente uma cor mais carregada e de nível inferior ao que se necessita, de modo que, quando o um violeta (ou lilás) aparece, sentir-se-á a percepção ligeiramente realçada. Quando se fixa no um lilás, contar regressivamente de dez a um mas agora sem cores, para aprofundar o estado alfa.
Dizer então mentalmente para si mesmo, com toda a convicção:
"Estou agora em alfa, e tudo o que fizer será acurado e correto, e assim é."
Neste ponto, executar-se-á a tarefa que tiver sido previamente decidida.
Ter em mente que o estado alfa não é como estar adormecido.
Muito embora tenha sido feita a contagem regressiva, você esteja relaxado e tenha os olhos fechados, ainda se encontra no controle total do que lhe acontece. Ouvirá sons á sua volta e terá plena consciência do local onde se encontra. A qualquer momento que sinta como se quisesse sair de alfa, poderá fazê-lo.
De fato, a qualquer momento que sinta querer recomeçar, você pode.
Quando tiver concluído a sua tarefa e desejar retornar ao que a ciência chama o nível beta das ondas cerebrais, ou à consciência vígil normal, apague com as mãos o que está na tela.
Depois, ainda em alfa e ainda de olhos fechados, dê-se uma total desobstrução de saúde da seguinte maneira: Colocar a mão uns 15 cm acima da cabeça, a palma voltada para baixo. Depois, num movimento suave, abaixar a mão para diante do rosto, peito e estômago, ao mesmo tempo que volta a palma para fora e estende o braço para a frente. Dizer para si mesmo: "Estou me curando e a minha saúde está totalmente desobstruída.'' Isso deve ser feito todas as vezes que se preparar para sair de alfa. Por meio desse simples procedimento, serão eliminadas quaisquer energias perniciosas que estiverem presentes, e você projetará uma imagem forte e saudável de si mesmo.
Em seguida, contar lentamente de um a dez, depois de um a sete. Não é necessário ver cores quando se conta progressivamente, uma vez que se está voltando à luz plena e as cores convergirão por conta própria assim que se abrir os olhos.
Pode-se, é claro, interromper alfa repentina e simplesmente abrindo os olhos, mas não aconselho isso. Ser arrancado de forma brusca de um sono profundo ou sonho é sempre desorientador, e algo parecido ocorre quando se sai de alfa
depressa demais. Conte-se progressivamente, abrindo os olhos devagar e dando-se conta de sua presença na sala.

Esse procedimento básico para ingressar em alfa é a chave para todo trabalho futuro na nossa Arte. Pratique-o todos os dias, durante cinco semanas, pelo menos, a fim de o aperfeiçoar. Quando se sentir mais à vontade e proficiente na contagem regressiva para alfa, entrará em alfa com extrema facilidade e sentir-se-á perfeitamente cômoda nele. E assim deve ser, pois alfa é um estado natural, no qual se ingressa todo dia ou toda noite em sonhos e devaneios. A única diferença é que com a Contagem Regressiva de Cristal estamos controlando e usando esse estado consciente e deliberadamente para trabalho psíquico.

Grasi Marchioro