10 fevereiro 2016

Atlântida, o paraíso que se perdeu


Segundo a lenda teria existido há muito tempo um grande continente, chamado Atlântida ou Atlantis. Situava-se no meio do Oceano Atlântico, frente às Portas de Hércules. Essas portas erguiam-se no local onde hoje está o Estreito de Gibraltar, fechando por completo o Mar Mediterrânio.


Atlântida teria sido um paraíso, uma lendária ilha cuja primeira menção conhecida remonta a Platão em suas obras "Timeu ou a Natureza" e "Crítias ou a Atlântida". Na ilha havia grandes e pequenas cidades com exóticas paisagens, clima agradável e belas florestas ao lado de extensas e férteis planícies onde os fortes animais eram dóceis.

Os atlantes eram senhores de uma civilização muito avançada. Tinham palácios e templos cobertos de ouro e outros metais preciosos, que destacavam-se numa paisagem onde o campo e a cidade conviviam em harmonia. Jardins, fontes, ginásios, estádios, estradas, aquedutos e pontes eram mantidos à disposição de todos. Desta abundância nasceram e prosperaram as artes e as ciências com muitos artistas, músicos e grandes sábios.

Mas não viviam completamente tranquilos, pois não estavam sozinhos no mundo. Apesar de cultivarem a paz e a harmonia, nunca deixaram de praticar as artes da guerra já que vários povos movidos pela inveja cobiçavam sua riqueza e tentavam conquistar a ilha. As vitórias obtidas contra os invasores foram tão grandiosas, que logo despertou o orgulho e a ambição de passar ao contra-ataque. 

Já não pensavam em apenas defenderem-se, mas em aumentar o território de Atlântida. Assim o poderoso exército Atlante preparou-se para a guerra. Aos poucos foram conquistando grande parte do mundo conhecido, dominando vários povos e várias ilhas em seu redor, como também uma grande parte da Europa Atlântica e parte do Norte de África. Os seus corações até então puros foram endurecendo como as suas armas. 

Enquanto se perdia a inocência nascia o orgulho, a vaidade, o luxo desnecessário, a corrupção e o desrespeito com os deuses. Poseidon, o deus dos mares, convocou os outros deuses para julgar os atlantes e decidiu aplicar-lhes um castigo exemplar. Como consequência vieram terríveis desastres naturais. 

As terras da Atlântida estremeceram violentamente. O dia fez-se noite e em seguida surgiu o fogo queimando as florestas e campos de cultivo. O mar inundou a terra de Atlântida com ondas gigantes, engolindo aldeias e cidades. Em pouco tempo, junto com seu excessivo orgulho, vaidade e desmedida ambição, a Atlântida desapareceu para sempre...

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Orgulho, vaidade, ostentação, soberba, arrogância, inveja e egoísmo são sete irmãos que convivem conosco. Eles agem como nossos amigos e são necessários para nutrir e fortalecer nosso amor próprio ou auto-estima. Porém se os deixamos crescer demais, eles se juntam podendo se tornar os nossos piores inimigos. 


ORGULHO é um sentimento de satisfação pela realização de algo, um elevado sentimento de dignidade pessoal que pode ser empregado tanto de forma positiva ou negativa. Ter orgulho dos próprios feitos é ser justo consigo mesmo, reconhecendo suas próprias capacidades. É uma forma de elogiar a si mesmo prestando justa homenagem aos seus esforços. Quem nunca olhou para algo que tenha feito e dito: Nem acredito que fui eu que fiz! 

Ter orgulho de si mesmo, admirar-se por um feito ou modo correto de ser é um sentimento positivo diante de conquistas que proporcionam alegria compartilhada com os outros. É uma manifestação de autoestima. Porém o orgulho em excesso pode se tornar negativo, levando a superestimar-se acreditando ser melhor, mais importante ou com grandes capacidades, embora não seja verdade. É aí que o orgulho se transforma na SOBERBA negativa. 

SOBERBA é um sentimento positivo que nos faz esforçar para vencer no mundo competitivo. É a soberba que nos leva a superar limitações e sermos mais competentes. O termo provém do latim Superbia, ou seja, ser melhor, superior,  mais alto, mais destacado. Prêmios e troféus são dados aos soberbos, ou seja, aos melhores. Porém a soberba pode tornar-se destrutiva quando se manifesta no racismo, no elitismo, nos preconceitos ideológicos ou religiosos que só servem para deflagar graves conflitos e hostilidades. 

Algumas vezes a soberba negativa pode-se se manifestar no excesso de humildade focada na inferioridade: se não pode se destacar sendo o melhor tenta se depreciar excessivamente diante dos outros para poder ouvir elogios e destaque de qualidades que não tem. O soberbo negativo tende a exibir-se a qualquer preço e desconhece a humildade para reconhecer a realização dos outros. Enamorado da própria existência, deseja despertar inveja e admiração nos outros para superar sua falta de autoestima. Quando é superado pelos outros, deixa-se dominar pela INVEJA depreciativa. 

A INVEJA não é um sentimento ruim; ruim são as manifestações pejorativas e depreciativas que dela provém. Querer ter poder, riqueza e status igual ao dos outros não é negativo, é uma reação natural do ser humano. Se isso serve como fator de motivação para o esforço de obter as mesmas coisas, aí a inveja é positiva. 

Inveja origina do latim Invidere que significa "não ver". Se há tristeza perante ao que o outro seja ou tem, se há o desejo de querer retirar algo dos outros, isso é cobiça. Cobiçar algo do próximo é sentir-se frustrado por não possuir atributos, qualidades e valor tanto quanto outros, sentindo-se incapaz de alcançá-la seja por incompetência, limitação física ou intelectual. A inveja se torna negativa quando a única intenção é alimentar a VAIDADE negativa.  

VAIDADE não é pecado, desde seja positiva. Pessoas vaidosas cuidam de si, de suas coisas e de outras pessoas. É a vaidade que evita que nos deixemos deteriorar. Porém a vaidade em excesso desperta a necessidade exagerada de cuidados, muitas vezes desrespeitando os próprios limites e submetendo-se a procedimentos e situações apenas para exibir-se. O vaidoso em excesso tem necessidade de se expor precisando receber aplausos de bajuladores, ainda que não sejam honestos. Com tantas bajulações, acaba tornando-se vítima da própria ARROGÂNCIA.  

A ARROGÂNCIA muitas vezes é confundida com a coragem de assumir as próprias opiniões. Ter personalidade é reconhecer os próprios méritos e ideias, desde que se disponha a ouvir a opinião e ideias dos outros. É comum aos arrogantes negativos recusar a aprender algo porque julga que sabe tudo e que suas ideias são melhores. E mesmo que não saiba, finge que sabe. A arrogância é na verdade um excesso de vaidade que impede de reconhecer a sabedoria dos demais. E, por concentrar em si mesmo, se deixa dominar pelo EGOÍSMO.

O EGOÍSMO tende a ser considerado pejorativo, mas na verdade ele é necessário para que cuidemos melhor de nós mesmos, que façamos as coisas primeiro para nós mesmos e assim podermos cuidar dos outros. O egoísmo utilizado de forma positiva chama-se autoestima; quem não ama primeiro a si mesmo não é capaz de amar verdadeiramente o outro. 

O egoísta negativo concentra-se apenas em si mesmo. Recusa-se a compartilhar o que tem e ainda cobiça e deseja o que é dos outros. O egoísta negativo sofre com sua ganância, pois é um eterno insatisfeito que busca ter tudo, talvez para encobrir alguma deficiência que considera insuperável, podendo lhe faltar AUTOESTIMA.   

A AUTOESTIMA está relacionada à nossa capacidade de sentir a vida, tendo a percepção de que somos merecedores do que nos faz bem, nos alegra e nos dá conforto. É reconhecer e respeitar as nossas necessidades e desejos desfrutando dos resultados de nossos esforços. É ter autoconhecimento e autoconfiança, enfrentando os problemas e obstáculos que possam interferir em nossa felicidade. 

A auto-estima é um sentimento positivo, mas se não temos consciência e domínio ela se tornará destrutiva. Tanto o excesso quanto a falta de autoestima são prejudiciais. O excesso de autoestima pode resultar no egoísmo negativo, na ganância de querer tudo somente para si não importando os outros, numa tentativa de superar a falta de autoestima. 

A auto-estima fortalece, dá energia e motivação. Quanto mais elevamos a nossa auto-estima, mais queremos crescer, não necessariamente no sentido profissional ou financeiro, mas dentro daquilo que esperamos viver durante nossa vida. Quanto mais baixa nossa auto-estima, menos desejamos fazer e é provável que menos ou pouco possamos realizar. Isso está diretamente relacionado à AUTOSEGURANÇA.  

A INSEGURANÇA se manifesta na dificuldade para enfrentar os problemas da vida por não confiar na própria capacidade ou pelo medo de expor suas ideias, vontades e necessidades. Pessoas inseguras em geral tem baixa autoestima, não respeitam a si mesmas, se desvalorizam, não se sentem merecedoras de amor e respeito por parte dos outros e se não se acham merecedoras do direito à felicidade.  

Pessoas com autoestima saudável não se envergonham de suas deficiências, limitações e dificuldades. Não tem dificuldade em pedir perdão, pois sabem reconhecer seus erros e culpas. É mais provável encontrarmos simpatia e compaixão em pessoas com auto-estima elevada do que naquelas com baixa auto-estima, pois o nosso relacionamento com o mundo tende a espelhar e refletir o relacionamento que temos com nós mesmos. 

A autoestima saudável produz sentimentos leves e gostosos, alegria, tolerância e paciência com os outros. Também nos dá a capacidade de utilizarmos a nossa inteligência para nos responsabilizarmos por nossos sentimentos; isso se chama Inteligência emocional. Não são os fatos ou as atitudes dos outros que nos incomodam; o que nos incomoda são os nossos sentimentos em relação a eles. 

Quando aprendemos a ter inteligência emocional nossa atenção se volta apenas para o que seja importante. Não nos desgastamos com coisinhas pequenas. Não insistimos numa discussão. Reconhecemos os nossos erros e admitimos nossas falhas, porque consideramos que o mais importante é a harmonia, bem estar e paz. Não estragamos um dia com caprichos infantis e inúteis.  

Desistimos de tratar as coisas de forma radical e nos tornamos mais flexíveis, não para conceder privilégio aos outros mas sobretudo pelo bem que desejamos fazer a nós mesmos. Quando descobrimos que a vida é efêmera e pode acabar num segundo, nossos sentimentos ganham novos valores. Prestamos mais atenção em nós mesmos, percebemos e filtramos os nossos pensamentos. Podemos mudar a nossa vida mudando a qualidade de nossos pensamentos, mas para isso precisamos de HUMILDADE.   

HUMILDADE vem do latim Humus, que significa filhos da terra. Refere-se à qualidade de nos considerarmos iguais, nem superior e nem inferior aos outros. A humildade é uma virtude que dá o sentimento exato ao nosso bom senso, de utilizarmos de cordialidade, honestidade, respeito e simplicidade com as outras pessoas. Quem é humilde não se vangloria do que tem ou do que faz, mas também não pode ser confundida com modéstia que pode ser traduzida como uma depreciação de si mesmo ou falta de ambição. 

A ambição excessiva prejudica, mas dentro dos limites éticos e morais ela se torna positiva. Pessoas positivamente ambiciosas buscam conhecimento e autoconhecimento,são motivadas, persistentes e mantem uma autoestima elevada que se manifesta o egoísmo saudável, desejando obter o melhor para si, para os outros e para o mundo. Elas agem com integridade e sabem que, para atingir seus objetivos, não precisam roubar, mentir e nem passar por cima de outros. 

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