16 outubro 2018

A Deusa Mãe: Parvati!


A deusa Mãe: Parvati!


Parvati (em sânscrito: Pārvatī, पार्वती) ou Mahadevi é a Deusa Mãe no Hinduísmo e, nominalmente, a segunda consorte de Shiva, o deus hindu da destruição e renovação (a primeira é Sáti). No entanto, ela não é diferente de Sáti, sendo considerada a reencarnação da ex-consorte de Shiva. É a mãe de Ganexa e de Escanda. Algumas comunidades também acreditam que ela é a irmã de Vishnu. Ela é considerada como a Divina Shákti - a encarnação da energia total do Universo.
Em muitas interpretações das escrituras, Parvati é também considerada como uma representação de Shákti, embora com aspecto mais suave da Deusa Mãe, do que seus outros aspectos, como Kali e Durga. Ela é considerada a filha simbólica do Himalaia e irmã do rio Ganges. Parvati, quando retratada junto com Shiva, aparece com duas armas, mas, quando sozinha, é mostrada com quatro braços, e monta um tigre ou leão.
Manifestações de Parvati
Geralmente, é considerada uma deusa benigna, mas tem aspectos tanto sombrios, como Durga, Kali, Chandi e os Mahavidyas, como benevolentes, como Mahagauri, Shailputri e Lalita. Às vezes, Parvati é considerado como a suprema Mãe Divina, com todas as outras deusas referidas como encarnações ou manifestações dela. Outras deusas hindus, como Uma, Cali e Durga, costumam ser consideradas manifestações de Parvati.
Simbolismo
Como esposa de Shiva (que era um asceta mas que, mesmo assim, foi levado ao casamento graças à determinação de Parvati), Parvati representa a unidade entre homem e mulher.
Mas espera, quem era Sati e porque Parvati é considerada a reencarnação dela? Bem vamos ver sobre Sati aqui rapidamente:
Satī (em devanágari: सती, o feminino de sat "verdade") ou Dākshāyani é uma deusa hindu da felicidade conjugal e longevidade; ela é particularmente adorada pelas esposas, a fim de procurar prolongar a vida de seus maridos. Um dos aspectos de Devi, Dākshāyani é a primeira consorte de Shiva, em segundo lugar Parvati, a sua reencarnação.
Outros nomes para Dākshāyani incluem: Uma, Aparnā, Sivakāmini, e mais de mil outros; uma lista pode ser obtida no Lalithā Sahasranāmam.
A Ato de Sati, em que uma viúva hindu se suicida sobre a pira funerária do seu marido como a consumação de um ato final de fidelidade e devoção, tornou-se constante após a Deusa Sati, de quem o nome do ato é derivado.
Lenda
A Deusa Sati, personificação da divina Prakrti, teve nascimento humano de Brahma. Ela nasceu como filha de Daksha Prajāpati, um filho de Brahmā e Prasuti. Foi nomeado Gaurī, "a de cor de açafrão", uma vez que ela era dourada como o açafrão. Como é a filha de Daksha, ela também é conhecida como Dākshāyani.
Dakshayani desposa Shiva
No momento que a Deusa Sati toma a forma humana durante seu nascimento, Brahmā determina que ela deveria devotar-se a Shiva com humilde devoções e desposá-lo. Era natural que Sati, como uma criança, adorasse os contos e lendas associadas a Shiva e com isso cresceu dentro de si uma fervorosa devoção.
Quando Sati foi crescendo, a ideia de casar-se com ninguém mais que Shiva, tal como foi proposto pelo seu pai, se tornou um anátema para ela. A cada proposta de reis valentes e ricos a fez ansiar cada vez mais o asceta de Kailāsa, o deus dos deuses.
Para ganhar o respeito do asceta Shiva, a filha de Daksha abandonou o luxo do palácio de seu pai e se mudou para uma floresta, para dedicar-se a austeridades e ao culto de Shiva. Muitas rigorosas foram suas provas que gradualmente foi reduzindo a sua alimentação a um "bilva" de folhas por dia; essa particular abstinência valeu-lhe a alcunha de Aparnā. Sua orações finalmente deram frutos quando, após testar a sua resolução, Shiva finalmente aderiu à sua vontade e consentiu em fazer dela sua noiva.
Uma Sati em êxtase retornou à casa do seu pai para aguardar seu noivo, mas não o encontrou feliz com os acontecimentos. O casamento foi realizado na devida época, e Gaurī habitou com Shiva em Kailāsa. Daksha, ilustrado na lenda como um rei arrogante, não aceitou bem o enlace e basicamente retira a filha de sua família natal.
A arrogância de Daksha
Certa ocasião, Daksha organizou uma grande yagna para que todos os deuses fossem convidados, com exceção de Sati e Shiva. Querendo visitar seus pais, parentes e amigos infância, Gaurī procurou minimizar essa omissão. Valendo-se que que seus pais tivessem negligenciado fazer um convite formal para eles apenas porque, como família, tal formalidade fosse desnecessária; certamente, não seria necessário convite para visitar a sua própria mãe e, portanto, iria de qualquer forma. Shiva tentou dissuadi-la, mas ela estava resolvida a seguir adiante; sendo assim, ele determinou uma escolta de seus ganas e pediu a ela que não provocasse nenhum incidente.
O suicídio de Dakshayani
Sati foi recebida friamente por seu pai. E logo estavam em meio a uma discussão acalorada sobre as virtudes (e a alegada falta delas) de Shiva. A cada momento tornava-se mais claro a Gaurī que seu pai era inteiramente incapaz de apreciar as excelentes qualidades de seu marido. A conscientização de Gaurī a respeito disso tão somente porque Shiva a havia desposado, ela foi a causa da desonra de seu marido. Ela se consumiu de raiva contra o seu pai e aversão por sua mentalidade.
Pedindo em oração para que pudesse, em algum futuro nascimento, nascer filha de um pai a quem ela poderia ter respeito, Dākshāyani invocou seus poderes yogic e se suicidou.
A ira de Shiva
A ira de Shiva ao perceber esta catástrofe foi incalculável. Ele criou Virabhadra e Bhadrakāli, duas ferozes criaturas que grassaram e mutilaram no local do horrível incidente. Quase todos os presentes foram abatidos indiscriminadamente durante a noite. O próprio Daksha foi decapitado.
De acordo com algumas tradições, acredita-se que um irado Shiva realizou a temível dança Tāndava com o corpo carbonizado de Sati sobre seus ombros. Durante esta dança, o corpo de Sati foi se desfazendo e os pedaços caíram em vários lugares na terra. De acordo com outra versão, Shiva colocou o corpo de Sati em seus ombros e correu sobre o mundo, demente de tristeza. Os Deuses clamaram ao Senhor Vishnu para trazer a sanidade à Shiva. Vishnu usou seu Sudarshana chakram para desmembrar o corpo sem vida de Sati, após o qual Shiva recuperou a sua sanidade. Ambas as versões afirmam que o corpo do Sati foi, assim, desmembrado em 51 pedaços que caíram sobre a terra em diversos locais. Estes 51 lugares são chamados Shakti Peethas, e são locais de peregrinação. Esta lenda, porém não é aceita pelas principais tradições do Sul da Índia e noutros locais.
Depois da noite de horror, Shiva trouxe à vida todos os que foram mortos e concedeu-lhes a sua bênção. Mesmo o abusivo e culpado Daksha teve restaurada tanto a sua vida quanto o seu reinado. Sua cabeça decapitada foi substituída pela de uma cabra. Tendo aprendido a sua lição, Daksha viveu o resto da sua vida como um servo de Shiva.
Ato final
Dākshāyani renasceu como Pārvatī, filha de Himavan, o rei da montanha, e sua esposa, a apsara Menā. Desta vez, ela nasceu filha de um pai a quem ela poderia respeitar, um pai que apreciava Shiva ardentemente. Naturalmente, Pārvatī solicitou e recebeu Shiva como seu marido.
Esta lenda aparece em detalhes na literatura Tantra, em Puranas e na canção de Kalidasa, Kumārasambhavam, um épico que trata principalmente do nascimento de Subrahmanya.
Agora que explicamos quem era Sati, vamos continuar falando sobre Parvati.
A Deusa Parvati é a Deusa indiana do amor e do casamento. Parvati é a segunda esposa de Shiva, o Deus indiano da destruição e da transformação (a primeira esposa foi Sati, uma encarnação anterior de Parvati). O casal possui dois filhos: Ganesha e Kartikeya, sendo Ganesha o Deus da Sabedoria e Kartikeya o Deus da Guerra.
A Deusa Parvati é uma das muitas manifestações da Deusa Durga, a Deusa Hindu que representa o grande poder feminino. Parvati retrata um lado gentil e maternal da Deusa. Juntamente com a Deusa Sarasvati (Deusa das artes e da sabedoria) e com a Deusa Lakshmi (Deusa da riqueza e da prosperidade), Parvati faz parte da trindade de Deusas Hindus conhecida como Tridevi.
Atribuições: Deusa do amor, do casamento, da devoção, da fertilidade, da força divina e do poder, protetora das mulheres
Símbolos: Elefantes, Tigres, Tridente, flor de lótus e a dança
Local: Índia
A Deusa Parvati é uma Deusa Hindu serena, tranquila e cheia de amor. Parvati também é considerada uma Deusa da fertilidade e seus devotos geralmente pedem por bons casamentos, para resolver problemas amorosos e para atrair o amor de forma geral.
Existem muitas representações diferentes da Deusa Parvati e a maioria delas mostra a Deusa usando um vestido avermelhado e ao lado de seu marido, o Deus Shiva.
Sempre que está ao lado de Shiva, a Deusa Parvati possui apenas dois braços e geralmente segura uma lótus em sua mão direita. Quando vista sozinha ela é geralmente representada com quatro braços e pode segurar diversos itens em suas mãos como uma concha, um espelho, uma coroa, um rosário, um sino, um prato de arroz, uma ferramenta de agricultura ou cana de açúcar.
Uma de suas mãos podem estar na posição Abhaya mudra (não tenha medo) e a outra pode estar segurando um de seus filhos, sendo mais comum segurar Ganesha. Parvati também é represetada com pele dourada ou amarelada e o bronze é o material mais usado para fazer suas esculturas.
Parvati e Shiva representam o casal perfeito que conseguiu superar todas as dificuldades para se manterem juntos através do amor. Um dos episódios mais trágicos da história de Parvati possui diversas variações, mas o final é sempre o mesmo.
Uma das versões conta que: Uma vez, com a ausência de Shiva, a Deusa Parvati moldou uma criança a partir do barro e a imbuiu de vida. Um dia enquanto tomava banho, Parvati pediu para que seu filho vigiasse a entrada do local onde se banhava para prevenir intrusos. Neste momento Shiva retornou de uma viagem e foi impedido pela criança de entrar em sua morada. Num ataque de fúria, Shiva decaptou a criança com seu tridente. Parvati, triste, contou que Shiva havia matado seu próprio filho e ordenou que ele restaurasse a vida da criança. Shiva então utilizou a cabeça do primeiro ser que encontrou para poder trazer a criança de volta à vida. E esse ser foi um elefante. Assim, nasceu Ganesha.
A Deusa Parvati é normalmente encontrada ao lado do Deus Shiva na maioria dos templos hindus localizados no sul e sudeste da Ásia. Alguns deles celebram grandes eventos na vida da Deusa. Os templos de Khajuraho são um dos quatro principais locais associados à Deusa Parvati, junto com Kedarnath, Kashi e Gaya. De acordo com a mitologia hindu, Khajuraho é o lugar onde Parvati e Shiva se casaram.
Uma grande parte das pessoas buscam ajuda da Deusa Parvati para resolverem problemas conjugais. O mantra de Parvati Swayamvara Parvathi, segundo seus devotos, tem o poder de trazer o casamento, resolver problemas entre o casal ou, ainda, prevenir uma má união. Esse é um mantra que deve ser pronunciado 1008 vezes por dia, durante 108 dias seguidos para que a energia necessária para o seu funcionamento seja gerada.
Deusa Parvati – Invocação
A Deusa Parvati é comumente invocada para assuntos conjugais. Porém, ela também possui vários outros atributos e pode chamada em momentos de fraqueza ou impotência diante de alguma situação.
Você pode entrar em sintonia com a Deusa honrando diariamente e presenteando de coração aberto alguma mulher que você admire. A Deusa Parvati está fortemente presente nessa relação.
Caso queira, também pode realizar rituais ou entoar mantras para que a aproximação com a Deusa seja maior. É importante que os rituais sejam feitos durante a Lua Crescente, fase que mais se identifica com a Deusa Parvati e seu consorte, o Deus Shiva.
Itens necessários:
Símbolo de Parvati (de sua escolha)
Incenso (opcional)
Sua música preferida ou algum mantra
Não importando o período do dia, tome um banho para relaxar e acenda o incenso.
Mentalize seus pedidos e, com o símbolo em mãos, comece a dançar como seu corpo mandar.
Extravase e deixe os pensamentos ruins de lado, focando somente em Parvati e em sua benevolência. Dance até cansar ou sentir que foi o suficiente, e se possível, repita durante os dias do quarto crescente.
No Ramayana e no Shiva Purana, nos quais se diz que Parvati renasceu a partir de Sati, a primeira esposa de Shiva, já que os dois jamais poderiam ser separados. Porem pela morte de Sati, Shiva, imerso em profunda tristeza e solidão, retirou-se do mundo e prestou em silenciosa meditação. Parvati só sabia lamentar o inacabável ascetismo de seu amado e se cansara de permanecer junto a ele em vá adoração, pois Shiva, imerso em suas meditações, nem sequer dava-se conta da presença dela.
Num dia de primavera, os deuses, para retirar Shiva de sua atitude contemplativa, enviaram ao auxilio da bela Parvati o deus Kamadeva (patrono do amor) e sua esposa Rati (a luxuria e o prazer sensual).
Elegendo o momento em que Parvati encontrava-se perto de Shiva, Kamadeva preparou-se para disparar uma de suas flechas mágicas, mas nesse instante, Shiva o olhou com seu terceiro olho e reduziu instantaneamente em cinzas. Desde então, denomina-se o deus do amor com o nome de Ananga (privado de membros). Rati derramou rios de lagrimas por aquele que imaginava ter perdido para sempre, mas ela ouviu uma voz que lhe dizia: “Teu esposo terá novamente o corpo e voltará para teu lado quando Shiva casar-se com Parvati.” Nesse momento Parvati prostrou-se diante de Shiva ate’ que finalmente Shiva reconheceu Sati em Parvati e prometeu a ela seu amor. Parvati pediu para Shiva render-se a seu a seus desejos femininos e que devolvesse a kamadeva a forma de seu corpo, a fim de que Rati pudesse desfrutar do marido. Aceita as condições, Shiva e Parvati retiraram-se para o Monte Kailasa nos Himalaia.
Casada com Shiva, Parvati teve dois filhos, também deuses: Ganesha (o removedor de obstáculos) e Skanda, karti Keya ou Subramanya (o deus da guerra).
Antes, para obter o amor de Shiva, Parvati teve de seguir o caminho da austeridade, disciplina e da virtude pura. Parvati é considerada a deusa do casamento, e também é louvada como a deusa da família, daí a origem da palavra parivar (família).
Parvati, filha de Himavat e de Mena é consorte bondosa, austera e disciplinada de Shiva. Muitas vezes, ela é considerada a Mãe Suprema – Maha Devi, a que acolhe a todos os filhos, com seu infinito amor maternal, que os protege e os guia nas sendas da lei do karma, sempre mostrando aos mesmos os caminhos corretos e orientando-os passos que devem dar.
Ela é também a deusa da beleza, a virtuosa, e ressurge com diferentes manifestações, na forma de outras deusas, daí ser chamada de deusa das mil faces. Tem muitos atributos e, desde a era védica, um dos principais é a fertilidade, a forca que gera a procriação no mundo e nas espécies. É a própria geração da energia criadora, em sânscrito chamada de shakti.
Entre seus muitos nomes e manifestações vamos encontrar, de acordo com textos, seus atributos e características: Uma (a luz ou a sabedoria), Sati, Parvati, Ambika, Haimavati, Durga ou Mahamaya, Kali, Mahakali, Badrakali, Bhairavi, Devi, Mahadevi, Gauri, Bhavani, Jagatambe, Jagatmata, Kalyayani, Kapila, Kapali, Kumari, etc.

Mantra da “Deusa Mãe"
JAY MATA
KALI MATA
UMA PARVATI
ANANDA MAH (REPETE 7 VEZES ESTA PARTE)
Fontes:


Que sejam prósperos.
Raffi Souza.

05 outubro 2018

O deus dos oceanos: Aegir!


O deus dos oceanos: Aegir!


Na mitologia nórdica, Aegir (em nórdico antigo Ægir, ou "mar") é o deus dos mares e oceanos. Algumas interpretações indicam-no como um deus Vanir do panteão nórdico, outras como um gigante (jotun).
Aegir e as suas nove filhas
Ele era ao mesmo tempo cultuado e temido pelos marinheiros, pois estes acreditavam que Aegir aparecia de vez em quando na superfície para tomar a carga, homens e navios com ele para seu salão no fundo do oceano. Por isso eram feitos sacrifícios para apaziguá-los, muitas vezes sendo sacrificados prisioneiros antes de se começar a velejar. Aegir também é conhecido pelo entretenimento generoso que ele providenciava aos outros deuses.
Sua esposa era a deusa Ran com quem ele teve nove filha (as donzelas das ondas), que vestiam mantos e véus brancos.
Tinha dois servidores fiéis: Eldir e Fimafeng. Fimafeng foi morto pelo deus Loki durante um banquete realizado pelos deuses no salão submarino de Aegir próximo da ilha de Hler.
Há intérpretes da mitologia nórdica ainda que afirmam que Aegir não é um deus, nem Aesir e nem Vanir, mas sim um gigante amistoso aos deuses, como sua esposa Ran e suas filhas, as Wave Nikr. Ele está mais associado à regência das viagens marítimas e coisas mundanas, do que à essência do mar, do oceano e do princípio da água, pois estes já são regidos por uma divindade vanir, conhecido como Njord. Sendo assim Aegir ou Ægir seria o comandante das criaturas aquáticas e dos Jotun marinhos, os chamados Fjortun, sendo ele quem prepara o Hidromel dos Aesir.
Era um gigante e semideus da mitologia nórdica, também conhecido como Gymir ou Hler. Pertencia à casta divina dos Vanir e era filho de Mistarblindi e irmão de Kari, o Ar, e Loki, o Fogo.
Aegir era um dos deuses que existiam antes do panteão ser formado, havendo inclusive a lenda de que ele devastou tudo o que viu exceto o deus do fogo Surtr. Veio provavelmente de Ginnungagap, o Vazio universal que originou a terra dos gigantes do fogo, Muspelheim, e Nifleheim, uma terra gelada e enevoada. Casado com Ran, sua irmã, tinha nove filhas muito perversas e combativas. Estas filhas, sempre vestidas de branco, tinham nomes sinónimos de onda: Kolga, Himingaleva, Hefring, Hunn, Hron, Bilgia, Bara, Duffa e Blodughadda.
O gelo derretido por Surtr tinha formado o oceano de onde nasceram os primeiros seres, a vaca Auduhmla e o gigante Ymir. Aegir foi então designado para reinar sobre o oceano e morava debaixo da ilha Hlesey.
Os deuses faziam festins com cerveja todos os invernos no seu palácio, uma vez que Aegir era o fornecedor desta bebida para todo o panteão divino. As taças nunca ficavam vazias enchendo-se por magia.
No entanto, um dia disse que nunca mais servia cerveja enquanto não lhe trouxessem um recipiente suficientemente grande para fermentar toda a cerveja, o que levou Thor a passar por inúmeras peripécias para o conseguir.
Aegir ao receber os deuses colocava ouro no chão para providenciar luz em vez de acender uma fogueira; por esta razão o ouro era também conhecido como "o fogo de Aegir".
O palácio de Aegir era um local sagrado, como se pode verificar pelo episódio em que os deuses se reuniram para lamentar a morte de Balder. Aparece entretanto Loki, incitador da morte de Balder, que insulta inadmissivelmente todos os presentes; mas, como não podia ser cometida nenhuma violência em casa de Aegir, nenhum mal lhe foi feito. Loki, enraivecido, ao sair mata Fimafeng, que juntamente com Eldir era um dos ajudantes de Aegir.
Os Saxões primitivos ofereciam sacrifícios a um deus do mar, possivelmente Aegir. As tempestades causadas pela ira frequente deste deus provocavam o afundamento dos navios e os marinheiros acreditavam que Aegir podia aparecer de repente para arrastar navios e tripulantes em direção aos seus domínios submarinos.
Em algumas partes dos Edda, compilações de contos do século XIII, Aegir aparece não como um semideus, mas como um homem conhecedor das artes mágicas que morava na ilha de Hlesey. Tinha ido visitar os deuses ao Asgard, sítio onde morava a raça divina dos Aesir, e nesta visita ouviu Bragi a contar as aventuras dos deuses.
É também mencionado na Saga de Egil, a propósito do afogamento de Bothvar, filho de Egil.
Origem do nome

Segundo estudos etimológicos [1] o nome Ægir está ligado à raiz Proto-Germânica *akhwo, ao Proto-Indo-Germânico *akwa- (“água”), origem de termos como aqua- (latim), o Gótico ahua (“rio”, “águas”) e o Inglês Antigo ea “rio”. Na poesia skaldica seu nome era um sinônimo de mar. Também é chamado de Hlér (do Proto-Nórdico *hlewa-z e Nórdico Antigo hlē-r — ambas palavras poéticas para  “mar” ou “oceano”) [1a] [1b].
Parentesco
Aegir é muitas vezes considerado um deus Vanir, mas pouco se sabe de suas origens. Alguns o classificam como um jotun. Todavia, é famoso por ser esposo de Rán, e dessa relação ser pai das nove Ondinas.
Atributos
Aegir é o deus do mar agitado. De seu nome, como já mencionado, tinha-se um sinônimo poético para o mar; e em outras metáforas como “cavalo de Aegir” (barco ou navio) e “filhas de Aegir” (ondas) podemos ver a influência deste deus na consciência dos povos germânicos [2]. Mas não apenas isso: o ouro era chamado de “fogo do mar” ou “fogo de Ægir” justamente porque era o que o deus usava para iluminar o seu salão enquanto ele entretinha os Aesir.
Aegir tinha dois servidores fiéis: Eldir e Fimafeng.
História
Antigas lendas saxãs contam que ele surgia do mar com olhos penetrantes, uma longa barba branca como a espuma e um sorriso benevolente no rosto anunciando a chegada das tempestades e demais fenômenos, ele e sua esposa Rán capturavam os afogados com redes ao contrário de quem era jogado, já que era considerado um sacrifício ou oferta para bênçãos [3].
Ele era ao mesmo tempo cultuado e temido pelos marinheiros, pois estes acreditavam que Aegir aparecia de vez em quando na superfície para tomar a carga, homens e navios com ele para seu salão no fundo do oceano. Por isso eram feitos sacrifícios para apaziguá-lo, muitas vezes sendo sacrificados prisioneiros antes de se começar a velejar e todo marinheiro carregava consigo moedas de ouro, para se caso o pior acontecesse, fosse aceito no salão de Aegir e Rán.
Embora furioso e de grande força, é bastante generoso e amistoso, dando bênçãos aos homens e sendo receptivo aos demais Deuses [4].
“Os poemas eddaicos muitas vezes mostram Ægir como anfitrião aos deuses. Hymiskvida acontece porque os deuses esperam visitar Ægir e vão precisar de um enorme caldeirão no qual fabricarão a cerveja que será consumida.O poema diz como Thor consegue o caldeirão do gigante Hymir. O próximo poema no Codex Regius da Edda Poética é Lokasenna, discórdia de Loki (isto é, duelo verbal) com os deuses, e situa-se em uma festa organizada por Ægir. Na verdade, os manuscritos de papel chamam o poema Ægisdrekka (Festa de bebidas de Ægir). De acordo com o cabeçalho em prosa para o poema, “Ægir, que também foi chamado Gymir, tinha preparado cerveja para os Æsir”” [5].
É nesse banquete próximo da ilha de Hler que o seu servo Fimafeng foi morto por Loki.
Assim como outros deuses, existiram registros históricos de seres antigos relacionados ao seu nome e atributos: “Um homem era chamado de Ægir ou Hlér; ele viveu naquela ilha que agora é chamado de Ilha de Hlér [atual Læssø, na Dinamarca]. Ele tinha muito conhecimento mágico. Ele fez o seu caminho para Asgard, mas os Æsir sabiam de sua viagem com antecedência. Ele foi bem recebido, mas muitas coisas foram feitas com ilusões” [6].
O início da Orkneyinga Saga (A Saga dos Ilhéus de Orkney) é às vezes chamado Fundinn Noregr (Noruega Encontrada), e está intimamente relacionado com uma seção do Flateyjarbók chamado Hversu Noregr byggdisk (Como a Noruega foi Habitada). Ela começa com um rei chamado Fornjót, que governou no norte da Noruega. “Fornjót teve três filhos. Um foi nomeado Hlér, a quem chamamos Ægir, o segundo Logi, o terceiro Kári”. Como já mencionado, Hlér era um kenning para Ægir, significando poeticamente “mar”. O substantivo Logi significa “fogo” (notou alguma semelhança com Loki?), e Kári é listado no Þulur (thulur) como “vento”. Assim, Ægir como uma personificação do mar parece ter sido considerado como um dos três elementos em uma tradição genealógica que presumivelmente foi localizada na Noruega [7].
Há intérpretes da mitologia nórdica ainda assim que afirmam que Aegir não é um deus, nem Aesir e nem Vanir, mas sim um gigante amistoso aos deuses, como sua esposa Ran e suas filhas, as Wave Nikr. Ele estaria assim mais associado à regência das viagens marítimas e coisas mundanas, do que à essência do mar, do oceano e do princípio da água, pois estes já são regidos por uma divindade Vanir, Njord. Sendo assim Aegir ou Ægir seria o comandante das criaturas aquáticas e dos Jotun marinhos, os chamados Fjortun, sendo ele quem prepara o Hidromel dos Aesir.
Mas não é isso que pensa Lindow [8]: “Desde que Rán é listada entre as deusas no Þulur e Ægir tem uma relação pacífica com os deuses, sua inclusão no Þulur como um gigante parece questionável”

Que sejam prósperos.
Raffi Souza.