18 março 2015

MABON, O SABBAT WICCANO DA SEGUNDA COLHEITA

MABON, O SABBAT WICCANO DA SEGUNDA COLHEITA


Primeiramente, antes de falarmos especificamente sobre o Mabon, temos que entender perfeitamente o que são os sabbats e a Roda do Ano Wicca.
Os principais rituais Wiccanos são os Sabbats que celebram as mudanças das estações do ano e o percurso do Deus, simbolizado pelo Sol, através dos ciclos sazonais.
O Wiccano vê o ano como uma grande roda sem começo nem fim e por isso os oito sabbats são chamados conjuntamente de Roda do Ano. Eles possuem grande significado para os wiccanos e é uma das chaves principais para o entendimento da religião.
A Wicca vê uma relação profunda entre o ser humano e o ambiente onde ele vive. Acreditamos que a natureza é a própria manifestação da Deusa e dessa forma são celebradas as mudanças das estações.
A Roda do Ano é vista como um ciclo ininterrupto de vida, morte e renascimento. Assim, reflete a passagem das estações do ano, bem como as mudanças interiores e exteriores provocadas por elas e a nossa própria ligação com o mundo.
Para o wiccano, tudo que vive e respira é divino e celebrando a vida através das mudanças de estações estabelecemos contato com o mundo dos Deuses, atraindo as energias do mundo natural para dentro de nós, alcançando assim a unidade  com o mundo divino.
Um Bruxo procura sempre se conectar com a natureza em todas as suas manifestações, não só observando, mas também sentindo o fluxo dela em nós e as mudanças provocadas na vida cotidiana através dela. Os Mistérios da Deusa e do Deus e seus diferentes aspectos estão contidos em cada estação. A Roda do Ano simboliza a história ancestral da Deusa e o ciclo de morte e renascimento do Deus.
Existe muito simbolismo na Roda do Ano e ao entendê-la, assimilá-la e integrá-la ao nosso modo de vida estaremos compreendendo a essência da religião Wicca.
A Roda do Ano representa a forma como vemos o universo, celebramos os ciclos da natureza e entendemos seus reflexos em nossa vida.
Sempre girando, estes ciclos internos e externos irão retornar à sua fonte primordial de energia, ao início e começarão  e terminarão muitas vezes mostrando que depois da morte sempre há o renascimento. Isto é refletido no cair das folhas e florescer das flores; no germinar das sementes e colheita dos grãos semeados, consumidos e replantados; no apogeu e declínio do Sol.
Atualmente, com os avanços científicos e tecnológicos pode ser difícil  compreender como uma religião de civilizações agrárias antigas pode fazer sentido nos tempos modernos e o que ela pode nos oferecer.
Para responder a esta questão basta olhar ao nosso redor. Se fizermos  isso acuradamente, perceberemos que independentemente de nossa vontade as estações continuam mudando e que a força da natureza é infinitamente maior do que todos os avanços alcançados pelo homem moderno, e que nós precisamos  da natureza mas que ela  não precisa de nós.
Conhecendo o que acontece no mundo e ao nosso redor, alcançaremos um grande entendimento de onde viemos, aonde chegamos e as possibilidades que nos aguardam.
A Roda do Ano nos mostra que o Universo reflete o ciclo da mudança sempre em constância.

A Roda do Ano Wicca possui dois significados:
Roda de Celebração da Natureza: Os Wiccanos se reúnem nos dias de Sabbats para celebrar a Deusa, o Deus e as bênçãos que eles concedem à Terra através das mudanças de estações.
Roda da Iniciação: Expressando os ensinamentos dos Antigos através das estações, pois os Deuses e a Natureza são um só.
A Roda do Ano é dividida em 4 Sabbats maiores chamados Samhain, Imbolc, Beltane e Lammas que celebram o ciclo agrícola da Terra, marcando a semeadura, o plantio e a colheita, cujo nome e origem são Celtas. E 4 menores nomeados de Yule, Ostara, Litha e Mabon, que marcam os Equinócios e Solstícios e a trajetória do Sol pelo céu.
É importante ter em mente que os dias de comemoração dos Sabbats variam de acordo com o hemisfério, pois quando no Hemisfério Norte é verão, aqui no Hemisfério Sul é inverno. É importante ter em mente que os Sabbats são celebrações de uma época do ano e não de uma data.
Para melhor entendimento das comemorações dos Sabbatts, segue breve relato em forma de história que ilustra perfeitamente a sequência de comemorações solares.

Sempre buscando a Grande Deusa , o apaixonado Deus Cornífero muda de forma e rosto a cada Estação. E desta eterna  busca surge a Roda do Ano.

Em Samhain, o Festival do retorno da morte, os portões dos mundos se abrem e a Deusa transforma-se na velha sábia, a Senhora do Caldeirão e o Deus é o Rei da Morte que guia as almas perdidas através dos dias escuros de inverno.

Em Yule, a escuridão reina como se estivéssemos no caldeirão da Deusa. Assim, o Rei das Sombras, transforma-se na Criança da Promessa, o Filho do Sol, que deverá nascer para restaurar a natureza.

Em Imbolc a luz cresce. O Deus nascido em Yule se manifesta com todo o seu vigor e a Criança da Promessa cresce com toda a vitalidade e é festejada. Assim, os dias tornam-se visivelmente mais longos e renova-se a esperança.

Em Ostara luz e sombra são equilibradas. A luz da vida se eleva e o Deus quebra as correntes  do Inverno. A Deusa é a virgem e o Deus renascido é jovem e vigoroso. O Amor sagrado da Deusa e do Deus traz a promessa do crescimento e da fertilidade.

Em Beltane, a Deusa se transforma em um lindo Cervo Branco e o jovem Deus é o caçador Astado. Ao ser perseguido pela floresta, o Cervo Branco se transforma em uma linda mulher. E assim eles se unem e a sua paixão sustenta o mundo e toda a vida.

Chega então Litha. A Deusa é a Rainha do verão e o Deus um homem de extrema força e virilidade. O sol começa a minguar e o Deus começa a caminhar rumo ao país de verão. A Deusa é pura satisfação e demonstra isso através das folhas verdes e das lindas flores do verão.

Em Lammas a Deusa dá a luz e o Deus prepara-se para morrer em amor à ela. A Deusa precisa de sua energia, de sua vida para que a vida possa crescer e prosseguir. O Deus se sacrificará para que os filhos da Deusa sejam nutridos. Mas através do grão, ele renasce. No ápice de sua abundância ele retorna através dela.

Em Mabon as luzes e as trevas se equilibram novamente. Porém, o Sol começa a minguar mais rapidamente e o Deus torna-se então o Ancião, o Senhor das Sombras, cruzando os portais da morte.

Chega novamente Samhain e então o ciclo recomeça e tudo retorna à Deusa.
Assim sempre foi e assim sempre será!

O QUE COMEMORA-SE NO MABON....


 Mabon é celebrado no Equinócio de Outono que ocorre por volta de 20 de Março no Hemisfério Sul e por volta de 20 de Setembro no Hemisfério Norte. Mabon é  o equinócio de Outono e marca o festival da segunda colheita.
Agora o Sol caminha mais rapidamente em direção ao inverno e o plantio feito em Ostara chega à sua colheita final iniciada em Lammas. É hora de agradecer pela abundância, fartura e também reconhecer o equilíbrio da vida, pois nos equinócios o dia e a noite possuem o mesmo tempo de duração.
Era o momento onde os povos antigos começavam a estocar seus alimentos e armazenar os grãos para que houvesse comida suficiente durante o período de inverno.
Mabon é o Festival de Ação de Graças Pagã, onde lembram-se as conquistas alcançadas. Por isso, uma das tradições deste Sabbat é colocar um cálice com vinho ao meio da mesa do almoço ou jantar e deixá-lo passar de mão em mão enquanto cada pessoa presente faz seus agradecimentos e desejos de felicidade.
Mabon é o tempo do equilíbrio, gratidão, agradecimento, e tempo de meditar sobre a escolha de nossos projetos e agradecer tudo que tivemos no ano que passou. A morte do Deus está por vir pois ele doou todos os seus poderes aos humanos através da colheita.
Este Sabbat é particularmente a celebração da vinha e está associado com as maças como símbolo de vida renovada. Neste dia sagrado tradicionalmente se celebra o vinho e colhe-se uma maça colocando-a no altar em homenagem ao Povo das Fadas. Isto é um altar simbólico de gratidão pela colheita da vida e desejo de viver em comunhão com tudo.
E este é o Festival em que devemos pedir pelos que estão doentes e pelas pessoas mais velhas, que precisam de nossa ajuda e CONFORTO . Também é nesse festival que homenageamos as nossas Antepassadas Femininas, queimando papéis com seus nomes no Caldeirão e lhes dirigindo palavras de gratidão e bênçãos.
Muitas tradições wiccanas realizam um rito especial para a descida da deusa Perséfone ao Submundo, como parte da celebração do Equinócio do Outono. De acordo com o mito antigo, no dia do Equinócio de Outono, Hades (o deus grego do Submundo) encontrou-se com Perséfone, que colhia flores. Ficou tão encantado com sua beleza jovem que, instantaneamente, se apaixonou por ela, Agarrou-a, raptou-a e levou-a em sua carruagem para a escuridão do seu reino a fim de governar eternamente ao seu lado como sua imortal Rainha do Submundo. A deusa Deméter procurou, por todos os lugares, sua filha levada à força, e, não a encontrando, seu sofrimento foi tão intenso que as flores e as árvores murcharam e morreram. Os grandes deuses do Olimpo negociaram o retorno de Perséfone; porém, enquanto ela estava com Hades, foi enganada e comeu uma pequena semente de romã, tendo, então, que passar metade de cada ano com Hades no Submundo, por toda a eternidade.
Os alimentos pagãos tradicionais do Sabbat do Equinócio do Outono são os produtos do milho e do trigo, pães, nozes, vegetais, maçãs, raízes (cenouras, cebolas, batatas, etc.), cidra e romãs (para abençoar a jornada de Perséfone ao tenebroso reino do Submundo).

O RITUAL DE MABON



Instrumentos mágicos usuais
1 instrumento que represente um chifre de boi ou búfalo enfeitado com fitas de várias cores.
Moedas
Incensos de Mirra
Várias velas marrom, verde e amarelas
Cálice com água
Grãos de cereais em geral
Espigas de Milho
Caldeirão com uma vela preta apagada

Procedimento:
Espalhe as velas e os incensos por toda parte e acenda-os.
Coloque o chifre, as fitas, as moedas, as espigas de milho, o cálice e os grãos crus sobre o altar. O caldeirão com a vela apagada é colocado aos pés do altar.
Trace o Círculo Mágico e após traçá-lo diga:

“Luz e Escuridão são iguais, porém aqueles que conhecem a arte sabem que tudo tem seu próprio ritmo, pois aquilo que está embaixo é como aquilo que está encima. Tudo o que está embaixo deve subir e tudo o que está encima deve descer. É a lei da vida, é a eterna Roda do Ano e seus ciclos.”

Acenda a vela do Caldeirão e diga:

“A Roda do Ano segue imutável e incansavelmente o seu ritmo. Que a Senhora da abundância e fartura e o Senhor das Folhagens e das Colheitas possam nos abençoar.”

Após acender a vela do caldeirão erga o chifre acima do altar dizendo:

“ Que a sagrada cornucópia, símbolo da prosperidade e riqueza espalhe sua sagrada luz sobre nós e sobre nossos entes queridos. Que assim seja, e que assim se faça.”

Comece então a amarrar as fitas coloridas no chifre, mentalizando a concretização de seus desejos. Após atar todas as fitas ao chifre, comece a colocar dentro dele as moedas e os grãos mentalizando abundância, fartura, sucesso e prosperidade. Então diga:

“ Oh Grande Deusa, de onde provém toda vida, abençoada seja ti, Senhora da prosperidade e da fartura. Que o mistério da vida seja revelado, porém selado, e que seus frutos possam nos sustentar, através do mistério do renascimento presente em cada semente.”
Com o chifre erguido aos céus, em sinal de apresentação, comece a andar pelo Círculo no sentido horário até completar 3 voltas. Tenha em mente que é por causa do renascimento das sementes que você e todos os seres da Terra serão nutridos e assim poderão continuar sua caminhada rumo à evolução. Coloque o chifre sobre o altar. Pegue o cálice, erga-o aos céus e diga:

“Que através do poder da água, todos os frutos da Terra possam ser fertilizados.
Oh, Senhor da Colheita, das Folhagens e da Fartura e Senhora da Abundância e Prosperidade é a vós e por vós que é feita esta libação.”

Tome um pequeno gole da água e depois derrame sobre o chão. Recoloque o cálice sobre o altar.
Destrace o Círculo Mágico, agradecendo o auxílio dos Deuses.


Coloque o chifre sobre a porta de entrada de sua casa. No Sabbat do Equinócio de Outono do ano seguinte troque os grãos enterrando  os velhos.



Grasi Marchioro

2 comentários:

  1. Feliz Mabon amadinhos !!!!! GRASI quem nao tiver um Caldeirão. .?
    Espero um dia poder comemorar os sabbat com vcs

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  2. Feliz Mabon amadinhos !!!!! GRASI quem nao tiver um Caldeirão. .?
    Espero um dia poder comemorar os sabbat com vcs

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