Para os
galeses, Cerridwen é uma Deusa Tríplice (donzela, mãe e mulher idosa), cujo
animal totêmico é uma grande porca branca. Ela é a mãe que conserva todos os
poderes da sabedoria e do conhecimento. É ao mesmo tempo Deusa parteira e dos
mortos, pois o mesmo poder que leva as almas para a morte traz a vida. De seu
ventre parte toda a vida e a vida provêm da morte. Do interior de seu caldeirão
emanam porções, com as quais Cerridwen comanda a sincronicidade de todo o
Universo e intervém nos assuntos humanos para auxiliar seus adoradores.
Na mitologia
galesa, a história de Taliesin e Cerridwen nos oferece um exemplo de
renascimento, após a luta mágica de transformação da Deusa Cerridwen e Gwion,
onde Gwion torna-se um grão de trigo e Cerridwen, sob a forma de uma galinha,
engole-o, resultando no seu renascimento em Taliesin.
Mas voltando
a Cerridwen, vamos agora viajar em sua lenda e ver o que ela nos ensina e
presenteia.
Cerridwen
era esposa de Tegid - assim como nos apresentam as tradições de Gales – um
gigante de um olho só -, da união de Cerridwen e Tegid surgem duas crianças:
- Creirwy
descrita como a bela mulher do mundo e adorada por todos pela sua beleza e
fascínio e - Affagdhu possuidor de grande feiura tal assim que ninguém gostava
de permanecer ao seu lado.
Temendo a
tristeza e solidão de seu filho, Cerridwen decide fazer uma poção contendo toda
a sabedoria do mundo e presentear seu filho com ela, assim ele poderia ser bem
visto perante os outros e não mais seria isolado por sua feiura – vemos aqui
duas coisas interessantes: uma seria seus filhos sendo as duas representações
dos polos para o equilíbrio: um era feio e a outra era linda. O segundo ponto é
Cerridwen tentando reestabelecer o equilíbrio através da magia!
Assim
Cerridwen parte em busca das ervas para sua poção deixando dois criados:
Morda (um
cego) cuidaria das chamas do caldeirão atentando para que as mesmas nunca se
extinguissem e Gwion, um garoto, que deveria mexer a poção durante um ano e um
dia evitando que ela fervesse.
Próximo do
grande dia e enquanto Cerridwen se põe a colher as ervas, a poção ferve no
caldeirão deixando respingar três gotas que no dedo de Gwion que para conter a
dor coloca o dedo na boca ingerindo assim toda a sabedoria do mundo. No mesmo
momento graças a esses novos dons proféticos, Gwion tem a visão de Cerridwen,
irada, tentando destruí-lo por vingança.
Assim Gwion
foge temendo a ira de Cerridwen indo para sua terra natal.
Quando
Cerridwen retorna com as ervas e percebe o acontecido, parte ferozmente atrás
de Gwion correndo velozmente, o mesmo prevendo sua aproximação logo se
transforma em uma lebre fazendo uso de seus dons mágicos adquiridos pela poção.
Cerridwen
então se transforma em um cão e corre atrás da lebre e quando está prestes à
apanha lá esta salta em um riacho e se transforma em um veloz peixe. O cão por
sua vez também salta nas águas transformado agora em uma lontra e sai em
disparada atrás do peixe, que abandona as águas do rio se transformando em um
pássaro.
Cerridwen
faz o mesmo saltando do rio e se transformando em um falcão, que vai se
aproximando rapidamente atrás de sua presa.
Gwion fica
em desespero e mergulha em uma pilha de grãos se transformando em um deles e
Cerridwen se transforma em uma galinha e ciscando os grãos encontra Gwion e o
ingere.
Ao ingeri-lo
Cerridwen volta à forma humana agora vingada por seu filho.
Nove meses
depois Cerridwen dá a luz a um lindo garoto.
Ainda com o
coração frio sabendo que o garoto era Gwion, Cerridwen decide matar a criança.
Porém por sua beleza irradiante ela desiste, colocando a criança em um saco de
couro e o jogando nas águas do mar.
O bebê logo
chega a uma costa e é encontrado por um pescador que ao desenrolar o couro e
contemplar o rosto da criança diz:
- Mas que
rosto radiante tem esta criança!
O garoto
sendo Gwion renascido e ainda detentor da sabedoria logo responde:
- Pois rosto
radiante há de ser meu nome!
Ou seja, em
Galês, Taliesin.
No mito
vemos por intermédio de Gwion que quem bebesse do liquido sagrado do caldeirão
de Cerridwen seria capaz de conhecer o verdadeiro significado de todas as
coisas.
Assim
percebemos que para nossos ancestrais celtas os caldeirões tinham um
significado especial, mesmo porque caldeirões fazem parte de muitas das lendas
celtas entre estas lendas de heróis como Cu Chulain e Arthur.
O próprio
Dagda – Thuata de Dannann – das lendas Irlandesas possuía um caldeirão que
fazia parte de um conjunto de objetos mágicos conhecidos como tesouro dos
Thuata de Dannann.
Seu
caldeirão era conhecido como o Inesgotável, provendo alimento eternamente aos
seus seguidores.
Assim sendo
o caldeirão é a própria representação da transformação e abundância da
natureza.
Quando
Cerridwen se frustra em dar toda a sabedoria a seu filho, extraímos desta parte
da lenda algo muito importante, que não podemos controlar e ou desequilibrar
nossa Mãe Terra e seus ciclos o que hoje muito da raça humana já se esqueceu.
Depois de
ser engolido por Cerridwen, Gwion entra em sua verdadeira transformação e passa
pela regeneração dentro do útero de Cerridwen.
Ele renasce
inspirado e com muitos talentos.
Vejo está
parte da lenda nos mostrando que o espírito é imortal e que em todas as nossas
encarnações adquirimos certos conhecimentos dos quais nunca são esquecidos e
ficam estes guardados em nosso inconsciente, no profundo de nossas almas, essa
a meu ver é a raiz da ancestralidade.
As
metamorfoses de Gwion e Cerridwen na lenda nos colocam de frente com as fortes
tradições Xamânicas contidas entre os celtas. Além do que se analisarmos a
fundo estas transformações podemos ver o teor iniciativo da situação.
Cerridwen
persegue Gwion na lenda por Terra, Céu e pelos Mares nos colocando de frente
com os três principais reinos vistos pelos celtas como sagrados além do que a
triplicidade é sempre encontrada em artefatos e símbolos célticos um destes é o
próprio triskle.
A poção de
Cerridwen deveria ser mexida durante um ano e um dia, interessante notar que
este conceito de um ano e um dia corresponde ao ciclo completo das estações do
ano e na verdade um ano e um dia implica em um conhecimento que transcende ao
tempo linear, ou seja nossos ancestrais viam a vida como um eterno ciclo sem
fim. De primavera a primavera, e vivenciar um ano e um dia corresponde a
conhecer os mecanismos que regem a sucessão de eventos da vida. Lembrando que
muitas tradições neo-pagãs também se atentam ao ciclo de um ano e um dia para
suas iniciações.
Gwion se
transforma em grão e Cerridwen o ingere e logo após nove meses recebe Gwion
novamente.
Nada mais
interessante do que notar aqui além da questão de morte e renascimento, a
grande roda e o grande ciclo, com Cerridwen sendo a grande iniciadora.
Gwion
renasce sábio com toda a ancestralidade deixada pelo grande caldeirão de
Cerridwen, agora sua mãe.
Na lenda
vemos as 3 faces da Grande Deusa sendo que torna-se Donzela quando é a caçadora
perseguindo Gwion, transforma-se na Anciã quando devora Gwion, por fim, num
ciclo de nove meses dá a luz a Gwion se tornando Mãe.
Seu aspecto
caracterizado em corpo de uma velha representa o conhecimento de todos os
mistérios que só a idade e a experiência podem proporcionar. Ela é a Deusa que
devemos reverenciar nos momentos de dificuldades e anulação de qualquer tipo de
malefício. Ela é a Deusa do caos e da paz, da harmonia e da desarmonia.
Deusa da
lua, dos grãos, da natureza. A porca branca comedora de cadáveres representando
a Lua. Associa-se a morte, a fertilidade, a inspiração, a astrologia, as ervas,
os encantamentos, o conhecimento...
Cerridwen é
uma deusa celta e seu culto era mais representativo no País de Gales. Era a
"senhora do caldeirão" e representa a poção da vida e da morte. O
caldeirão, seu maior símbolo representa a fertilidade e a regeneração, por isso
também era deusa dos bosques e dos animais. Os rituais para era deusa eram feitos
na lua minguante.
Mensagem da
Deusa pra você:
A aparição
de Cerridwen na sua vida anuncia um tempo de morte e renascimento. Algo está morrendo,
e é preciso deixar que se vá para que algo novo possa nascer. Conhecemos essa
dança de morte e renascimento da Terra com as estações do ano. A matéria não
pode ser criada ou destruída, mas passa por transformações. O mesmo acontece
conosco. Para viver na plenitude e com totalidade é preciso que aceitemos a
vida como ela é que inclui a morte e o renascimento.
Desapegue-se
do que não serve mais para você e para sua totalidade.
Talvez você
tenha chegado ao final de um ciclo, de um relacionamento, de um emprego, e
esteja com medo de deixá-los ir embora. Ou sente que está morrendo, quando
apenas uma parte de você tem de dar lugar ao novo. Talvez a ideia de que existe
morte e apenas morte seja dolorosa demais para você aceitar. O fato de vivermos
em determinada cultura privou a maioria de nós do caminho de morte e
renascimento da Deusa. A totalidade é alimentada quando ficamos conscientes de
que cada passo no caminho da vida também é um passo rumo à morte e ao
renascimento. A totalidade é conquistada quando conseguimos dizer sim e dançar
com a morte e o renascimento.
Cerridwen
diz que você sempre receberá de volta o que der a ela. Isso será mudado,
transformado, mas você o terá de volta.
É Deusa: da
morte, da vida, da fertilidade, lua, magia.
Cores:
preto.
Velas:
preta.
Oferendas:
grãos, caldeirões, velas, imagens da Deusa, coisas que tenham três faces.
Que a Deusa
lhe abençoem e deem sabedoria hoje e sempre
Raffi Souza
ADOREI, PARABÉNS RAFFI!!!
ResponderExcluirOOOOOhhhh não creio vc realmente cumpriu com sua palavra te adoro Raffi Parabéns meu eterno amadinho
ResponderExcluirEsta deusa traz uma lição dura, mas só mesmo tempo uma esperança ou libertação. Muitos relacionamentos, crenças, interesses, amizades, chegam ao fim (nem sempre da nossa parte) mas isso não impede que a semente deixada faça renascer em outro momento. Em momentos duros, como a perda literal, nada muda a dor da separação, mas crer na reencarnação, no renascimento literal, também traz esperança. Um vídeo sobre essa deusa no YouTube, diz que nada existe sem ter morrido, nada morre que não nasça outra vez.
ResponderExcluirOutro conceito interessante dessa deusa é o de "shapeshifter" (que muda de forma). Na nossa selva de pedra precisamos ser como camaleões para sobrevivermos.