29 maio 2015

Cristianismo Esotérico

Cristianismo Esotérico



As chamadas religiões de mistérios, são na verdade correntes teológicas e doutrinarias existentes no plano da tradição religiosa crista.
Estas perspectivas religiosas de fundamento cristão, defendem os princípios da reencarnação e da evolução espiritual.
O Gnosticismo constitui uma das mais reconhecidas expressões deste pensamento místico cristão, sendo que este assumem-se como uma as vertentes esotéricas do Cristianismo.
As religiões de Mistérios, não se tratam de movimentos religiosos de massas, ou seja, não celebram o seu culto através de liturgias públicas e destinadas ao publico em geral. Tratam-se ao contrário, de movimentos religiosos de natureza hermética e ocultista, que tendem a preservar em segredo os seus mistérios espirituais.
Esses mistérios, vão sendo gradualmente desvendados aos seus membros, de cada vez que se evolui um degrau na escala de progresso espiritual. São por isso movimentos de natureza iniciática, e em que não existem sacerdotes que pratiquem actos propriamente litúrgicos, mas antes e apenas mestres que orientam e auxiliam os seus educandos nos desenvolvimento dos estudos místicos e espirituais.
O processo de iniciação, não decorre essencialmente de uma liturgia formal, mas antes de processo espiritual interior por via do qual o iniciado consegue ascender a um plano superior de conhecimento e de existência, conseguindo assim aceder, ou comunicar, ou «ver» uma tal dimensão de existência celestial. 
As religiões dos mistérios professam a sua crença no ciclo de migração das almas e nareencarnação, enquanto um processo de evolução espiritual. Assim sendo, não defendem a visão cristã clássica do «céu» ou do «inferno», sendo que não professam que uma alma após uma única existência terrena, possa ficar eternamente condenada ao inferno e em permanente estado de condenação, nem eternamente no céu em eterno estado de graça. Ao contrário, a generalidade das religiões de mistérios,( nas quais se incluem o cristianismo místico), professam que as almas evoluem através de um ciclo continuado de experiências existenciais,  através das quais edificam um processo de evolução espiritual. O cristianismo místico ou cristianismo esotéricos, defende que a mensagem de Jesus Cristo consistiu precisamente nessa revelação espiritual, que apela o homem a caminhar no sentido das virtudes do amor e do altruísmo, como forma de progressão na escala evolutiva do espírito.
Esta visão, e todas as suas consequências, difere substancialmente dos postulados teológicos tradicionais do cristianismo. A ortodoxia Crista, afirma que Jesus é o salvador da humanidade, e que apenas em Jesus reside a salvação da alma e a conquista da vida eterna. As religiões dos mistérios dizem algo ligeira mas profundamente diferente. Algumas das visões do Cristianismo místico, defendem ao contrario, que a mensagem de Jesus não afirma que Jesus Cristo apenas e «per se» era a salvação, mas antes que aceitar e seguir as palavras de Jesus é que constitui  o caminho para salvação, sendo que essa salvação esta por isso dentro de cada um de nos e na nossa opção em seguir os ensinamentos de Jesus.
Outra diferença substancial entre a teologia ortodoxa crista e as visões do cristianismo esotérico, reside no instrumento que conduz á salvação. A ortodoxia crista, tende a depositar na «fé» o meio fundamental pelo qual se obtêm o perdão e salvação eterna. Ao contrário, o cristianismo místico professa que a salvação não reside determinantemente na «fé», mas antes na «iluminação».
Assim, segundo as doutrinas místicas cristas, a salvação advêm da iluminação, ou seja, da «sabedoria». A salvação advêm por isso de um processo esforçado de evolução espiritual, que apenas se consegue concretizar através da sabedoria. A ignorância, nunca pode conduzir á sabedoria, e por isso nunca pode levar á iluminação e consequentemente á salvação. Assim sendo, apenas um espírito repleto de sabedoria e por isso evoluído, poderá aspirar a uma ascensão. A sabedoria traz consigo compreensão, a compreensão conduz á paz, ao equilibro e á tolerância. A paz, o equilíbrio e a tolerância,  levam ao perdão honesto e consciente. O  perdão honesto e consciente, conduz ao altruísmo, e o altruísmo consciente e repleto de sabedoria é a fonte de iluminação de uma alma. O ciclo evolutivo perfaz-se por isso através deste processo, e não apenas pela fé. A fé, é um instrumento imprescindível, pois é com ela que conseguimos ver as realidades invisíveis. Contudo, a fé que não seja acompanhada de sabedoria, não conduz aos mais elevados planos de ascensão espiritual. A fé é o tijolo com o qual se constrói o edifício da salvação. Mas a sabedoria é o cimento que permite edificar com solidez e douradouramente. Sem a sabedoria, o edifício da fé não consegue produzir o desejado fruto da salvação. 
Outra diferença fundamental entre a ortodoxia crista e o cristianismo esotérico, consiste numa questão de cânones, ou seja, enquanto que a teologia crista ortodoxa apenas aceita os textos do Novo Testamento existentes na Bíblia Sagrada, (aqueles 27 escolhidos e aprovados por são Atanásio da Alexandria e pelo Concílio de Cartago III , no sec IV d.C ), o cristianismo esotérico tende a aceitar na sua literatura oficial, os demais evangelhos e epistolas, ( chamados também de textos  Deuterocanónicos),considerados apócrifos.
Na verdade, em grande parte os textos apócrifos são igualmente considerados de Deuterocanónicos, porquanto são também textos considerados canónicos, ou seja, livros sagrados. Contudo, por não corresponderem a um certo quadro de parâmetros de avaliação sobre o seu teor e origem, sendo que não foram por isso introduzidos na bíblia como livros oficiais da doutrina, ou cânones bíblicos.
O cristianismo esotéricos, também tende a aceitar os ensinamentos de textos apócrifos pré-cristaos, ( textos hebraicos ), ou seja, textos do Antigo Testamento que não foram incluídos no Cânone segundo o Concílio de Jâmnia ( sec I d.C.)

28 maio 2015

WICCA A ESPIRAL DO RENASCIMENTO

WICCA
A ESPIRAL DO RENASCIMENTO


Aparentemente, a reencarnação é, na atualidade, um dos mais controversos tópicos da espiritualidade. Centenas de livros sobre o tema são publicados, como se o mundo ocidental tivesse apenas recentemente descoberto esta antiga doutrina.
A reencarnação é uma das mais valiosas lições da Wicca. A ciência de que esta vida é apenas uma entre muitas, de que não deixamos de existir quando o corpo físico morre, mas sim renascemos em outro corpo, responde a um grande número de perguntas, mas gera outras tantas.
Por quê? Por que reencarnamos? Assim como muitas outras religiões, a Wicca ensina que a reencarnação é o instrumento pelo qual nossas almas são aperfeiçoadas. Uma vida não basta para atingir tal objectivo; portanto, a consciência (alma) renasce inúmeras vezes, cada vida englobando um grupo diferente de lições, até que a perfeição seja atingida.
É impossível determinar quantas vidas são necessárias para tanto. Somos humanos e é fácil aderir a comportamentos não evolucionários. A cobiça, a ira, os ciúmes, a obsessão e todas as nossas emoções negativas inibem nosso crescimento.
Na Wicca, buscamos fortalecer nossos corpos, mentes e almas. Certamente, vivemos vidas terrenas plenas e produtivas, mas tentamos fazê-lo sem prejudicar ninguém, numa antítese à competição, à intimidação e à busca pelo primeiro lugar.
A alma não tem idade, sexo ou físico, possuindo a centelha divina da Deusa e do Deus. Cada manifestação da alma (por exemplo, cada corpo que habita a Terra) é diferente. Não existem dois corpos ou vidas exactamente iguais. Não fosse assim, a alma estagnaria. Sexo, raça, local de nascimento, classe económica e todas as outras individualidades da alma são determinadas por suas acções em vidas passadas e pelas lições necessárias à vida presente.
Isto é de suma importância para o pensamento Wiccano: nós decidimos o desenrolar de nossas vidas. Não há deus, maldição, força misteriosa ou destino sobre o qual possamos atirar a responsabilidade pelos factos de nossas vidas. Nós decidimos o que precisamos aprender para evoluir e, então, espera-se, durante essa reencarnação, trabalharmos em busca desse progresso. Caso contrário, regressamos às trevas.
Existe um fenômeno que atua como auxiliar no aprendizado das lições de cada existência, o qual é chamado de carma. O carma é geralmente mal-compreendido. Não é um sistema de recompensas e punições, mas sim um fenômeno que orienta a alma em direção a ações evolutivas. Destarte, se uma pessoa pratica ações negativas, receberá ações negativas em troca. O bem atrai o bem. Com isto em mente, sobram poucos motivos para praticar atos negativos.Carma significa ação, e é desta forma que atua. Como uma ferramenta, não uma punição. Não há como "apagar" o carma, assim como nem todos os eventos aparentemente terríveis de nossas vidas são um subproduto do carma.
Só aprendemos com o carma quando temos ciência dele. Muitos buscam em suas vidas passadas a descoberta de seus erros, para solucionar os problemas que estão inibindo seu progresso nesta vida. Técnicas de transe e meditação podem ser úteis, mas o verdadeiro auto-conhecimento é o melhor meio para atingir este fim.
A regressão a vidas passadas pode ser perigosa, pois envolve uma grande carga de auto-desilusão. É impossível contabilizar quantas Cleópatras, Reis Artur, Merlins, Marias, Nefertitis e outras pessoas famosas do passado já encontrei por aí usando tênis e jeans. Nossas mentes conscientes, que buscam encarnações passadas, agarram-se facilmente a esses ideais românticos.
Se isto é um problema; se não deseja conhecer suas vidas passadas, ou não tem como fazê-lo, observe esta existência. Pode descobrir qualquer dado relevante sobre suas vidas passadas ao observar esta vida. Se solveu seus problemas em vidas passadas, estes não mais lhe dizem respeito. Caso contrário, os mesmos problemas ressurgirão; portanto, concentre-se nesta vida.
À noite, analise seus atos do dia, atentando tanto para ações e pensamentos positivos, bem como para os negativos. Analise a seguir a semana que se passou, o ano, a década. Consulte agendas, diários ou antigas cartas em seu poder para refrescar sua memória. Você continuamente comete os mesmos erros? Em caso positivo, jure nunca mais repeti-los, num ritual concebido por você mesmo.
Em seu altar, você pode escrever tais erros num pedaço de papel. Podem ser inclusas emoções negativas, medos, prazeres desmedidos, permissão que outros controlem sua vida, intermináveis obsessões amorosas para com homens/mulheres indiferentes a seus sentimentos. Enquanto escreve, visualize-se agindo dessa forma no passado, não no presente.
A seguir, acenda uma vela vermelha. Segure o papel sobre a chama e atire-o num caldeirão ou em outro recipiente a prova de fogo. Grite - ou simplesmente afirme para si mesmo - que tais ações do passado não fazem mais parte de você. Visualize sua vida futura livre de tais comportamentos nocivos, limitadores, inibidores. Repita o ritual enquanto for necessário, talvez em noites de lua minguante, para levar a cabo a destruição desses aspectos de sua vida.
Se ritualizar sua determinação em progredir nesta vida, seu juramento liberará sua força. Quando sentir-se tentado a reincidir em seus velhos modos de agir ou pensar, lembre-se do ritual e sobreponha essa necessidade com seu poder.
O que acontece após a morte? Apenas o corpo fenece. A alma sobrevive. Alguns Wiccanos dizem que ela viaja para um reino conhecido como Terra das Fadas, Terra Brilhante e Terra dos Jovens. Este reino não é nem o paraíso nem o Submundo.
Simplesmente, é - uma realidade não-física, muito menos densa que a nossa. Algumas tradições da Wicca o descrevem como a terra de verão eterno, com campos gramados e doces rios, talvez como a terra antes do advento da raça humana. Outros o vêem vagamente como um local sem formas, onde fluxos de energia coexistem com as energias maiores - a Deusa e o Deus em suas identidades celestiais.
Diz-se que a alma revê a última vida, talvez de um modo misterioso, com as deidades. Isto não é um julgamento, uma pesagem da alma de uma dada pessoa, mas sim uma revisão encantatória. Lança-se luz sobre as lições aprendidas ou ignoradas.
Após um período apropriado, quando as condições da Terra estiverem favoráveis, a alma reencarna e reinicia-se a vida.
A pergunta final: o que ocorre após a última encarnação? Os ensinamentos da Wicca foram sempre vagos quanto a isso. Basicamente, os Wiccanos dizem que após subir a espiral da vida, morte e renascimento, as almas que atingiram a perfeição liberam-se para sempre desse ciclo e coabitam com a Deusa e com o Deus. Nada é desperdiçado. A energia residente em nossas almas retorna à fonte divina da qual se originou.
Por aceitar a reencarnação, os Wiccanos não temem a morte como um mergulho no esquecimento, com seus dias de vida terrena para sempre perdidos no passado. A morte é vista como a porta para o nascimento. Portanto, nossas próprias vidas estão simbolicamente ligadas aos infindáveis ciclos das estações que moldam nosso planeta.
Não tente forçar-se a acreditar na reencarnação. Conhecer é muito superior a acreditar, pois o acreditar é próprio dos mal-informados. Não é muito sábio aceitar uma doutrina importante como a reencarnação sem estudá-la para saber se ela realmente lhe atrai.
Além disso, apesar de poderem existir fortes conexões com os que amamos, acautele-se quanto à noção de almas companheiras, como, por exemplo, pessoas que tenha amado em outras vidas e que você esteja destinado a amar novamente. Por mais sinceros que seus sentimentos e crenças possam ser, eles nem sempre se baseiam em fatos. Durante o desenrolar de sua vida você pode encontrar cinco ou seis pessoas com as quais sinta a mesma ligação, apesar de seu envolvimento atual. Será que todas são almas gémeas?
Uma das dificuldades deste conceito é a de que, se estamos todos intrinsecamente ligados às almas de outras pessoas, ao continuarmos a encarnar com elas não estaremos aprendendo absolutamente nada. Assim, anunciar que encontrou sua alma companheira tem o mesmo efeito de dizer que você não está progredindo na espiral encarnacional.
Um dia você saberá, e não só acreditará, que a reencarnação é tão real quanto uma planta que dá botões, floresce, espalha sua semente, seca e gera outra planta à sua imagem. A reencarnação foi provavelmente intuída pelos povos antigos quando estes observavam a natureza.
Até que tenha chegado a uma conclusão própria, você pode desejar refletir sobre e considerar a doutrina da reencarnação.

(fonte: “Guia essencial da Bruxa Solitária”, de Scott Cunningham)

27 maio 2015

Meditações da Lua

 Meditações da Lua



A Deusa da Lua possui três aspectos: crescente, é donzela; cheia, é a Mãe; minguante é a anciã. Parte do treinamento de cada iniciado implica períodos de meditação sobre a Deusa em seus vários aspectos. Abaixo segue uma meditação para cada um dos três aspectos da lua.

MEDITAÇÃO DA LUA CRESCENTE
Concentre-se e centre-se. Visualize uma lua crescente cor de prata, que se curva para a direita. Ela é o poder daquilo que inicia, do crescimento e geração. Ela é tempestuosa e indomada, como as idéias e planos antes de serem equilibrados pela realidade. Ela é a página em branco, o campo não semeado. Sinta as suas próprias possibilidades escondidas e potenciais latentes; seu poder para iniciar e crescer. Veja-a como uma menina de cabelos prateados correndo livremente pela floresta sob a lua delgada. Ela é virgem, eternamente não penetrada, a ninguém pertencendo, exceto ela mesma. Invoque seu nome, "Nimuël", e sinta poder dentro de você.

MEDITAÇÃO DA LUA CHEIA
Concentre-se e centre-se e visualize uma lua cheia. Ela é a mãe, o poder de realização e de todos os aspectos da criatividade. Ela nutre aquilo que foi iniciado pela lua nova. Veja-a abrindo os braços, os seios abundantes, o ventre desabrochando em vida. Sinta seu próprio poder de nutrir, dar, tornar manifesto o que é possível. Ela é a mulher sexual; seu prazer na união é a força motriz que sustenta toda a vida. Sinta o poder em seu próprio prazer, no orgasmo. Sua cor é o vermelho do sangue, que é vida. Invoque seu nome "Maril" e sinta sua própria capacidade de amar.
MEDITAÇÃO DA LUA MINGUANTE
Concentre-se e centre-se. Visualize uma lua minguante, que se curva para a esquerda, envolta pelo céu escuro. Ela é a anciã, a velha que ultrapassou a menopausa, o poder de terminar, da morte. Todas as coisas devem terminar a fim de suprir os seus inícios. O grão que foi plantado deve ser cortado. A página em branco deve ser destruída, para que a obra seja escrita. A vida se alimenta da morte; a morte conduz à vida e, nesse conhecimento, encontra-se a sabedoria. A velha é a mulher sábia, infinitamente velha. Sinta a sua própria idade, a sabedoria da evolução armazenada em cada célula do seu corpo. Conheça o seu próprio poder para terminar, para perder assim como ganhar, para destruir aquilo que está estagnado e decadente. Veja a velha em seu manto negro sob a lua minguante; invoque seu nome "Anul" e sinta seu poder em sua própria morte.

(Fonte: A Dança Cósmica das Feiticeiras, STARHAWK)