22 fevereiro 2016

Bruxaria e encruzilhadas



A mais forte bruxaria, ( seus rituais e feitiços), é praticada em encruzilhadas. Sabe porque é que desde tempos imemoriais, a bruxaria é praticada em encruzilhadas?

As encruzilhadas, enquanto local de praticas magicas profanas, encontram-se mencionadas nas sagradas escrituras. No livro de Ezequiel, podemos ler.

Tu porém confiaste demais na tua beleza (…) mas para cúmulo de todas as tuas maldades (…) construíste lugar de pecado nas encruzilhadas

Ezequiel 16, 1-25

As encruzilhadas são desde os tempos imemoriais, locais de eleição para a prática de bruxaria, rituais mágicos e feitiços.

Já nos tempos Greco-Romanos, era nas encruzilhadas que se colocavam estátuas de Hecate, a Deusa da magia, Deusa da noite, Deusa das bruxas e da bruxaria, a senhora dos infernos.

A estátua de Hecate consistia numa mulher de 3 faces, ou em 3 corpos femininos que se cruzam num só. As 3 faces ou 3 corpos de Hecate, representavam o domínio desta Deusa sobre o submundo infernal, ( a terra), a terra, ( onde a Deusa vagueava nas noites de Lua Cheia e Lua Nova),  e o mar, ( onde a Deus tinha os seus casos de luxúria).

Era perante essa estátua feminina de 3 faces ou 3 corpos, situada que estava numa encruzilhada, que os espíritos eram invocados através de rituais mágicos, e que a bruxaria era praticada.

Assim sucedeu desde sempre, pois a encruzilhada tem um significado oculto e espiritual:

Acreditava-se em tempos idos, que a encruzilhada era o local onde almas perdidas, assombrações e fantasmas acabavam por acorrer em certo tipo de noites.

Tratando-se todos eles de espíritos confusos e perdidos, acreditava-se alguns deles procuravam um caminho certo para aceder ao mundo espiritual, ao passo que outros deles procuravam simplesmente o caminho de regresso á sua casa.

Na sua desorientação, acabavam por se perder e tinham a tendência de permanecer indecisos numa encruzilhada, ponderando por qual dos caminhos deveriam optar para chegar ao seu desejado destino.

Também por esse motivo, nas religiões Greco-Romanas, acreditava-se que Hecate aparecia nas encruzilhadas, de forma a poder recolher as almas daqueles que deviam descer ao submundo, ou ao mundo dos mortos.

Por isso, as encruzilhadas eram locais preferenciais para a celebração de rituais de magia, feitiços e bruxarias, uma vez que nesse local era mais fácil aceder e convocar certo tipo de espíritos. 

È esse o motivo, pelo qual se enraizou a crença esotérica de que as encruzilhadas favorecem a bruxaria, e ainda nos dias de hoje subsiste a pratica de magia, ( dos mais diversos tipos), nas encruzilhadas.

19 fevereiro 2016

Amuletos e Talismãs


Amuleto é um objeto consagrado (geralmente uma pedra pequena e colorida, uma pedra preciosa ou parte de uma planta) magicamente carregado com poder para trazer amor ou boa sorte. Os amuletos, como as rezas e os talismãs, também podem ser usados para estimular a saúde, impedir os perigos e proteger contra as influências negativas, como o olho-grande.
Os amuletos para o amor são usados pelos Bruxos como instrumentos mágicos para inspirar o amor e o romance, unir amores distanciados, atrair um cônjuge, evitar que um caso de amor se rompa e outras situações afins.

Quase tudo pode ser usado como amuleto: uma pedra preciosa, uma figura religiosa, uma raiz, uma flor ou um osso. Podem ser levados na mão ou no bolso, usados como jóias, podem ser enterrados ou secretamente colocados em algum lugar dentro de casa, de um celeiro e até de um automóvel. Podem ser comprados, achados ou feitos. Podem também ser pintados ou receber inscrições de palavras mágicas ou de poder e/ou símbolos para atrair determinadas influências.
O uso de amuletos é universal em quase todas as culturas, sendo familiar aos europeus e americanos mais modernos sob a forma do pé de coelho para dar boa sorte, dos trevos de quatro folhas, das ferraduras, dos anéis com a pedra do signo e das moedas de boa sorte.
Outro tipo de amuleto é o patuá: uma bolsinha de couro, seda ou algodão cheia de objetos mágicos, usada ou levada junto da pessoa para proteger ou para atrair determinadas coisas. Um patuá com ervas mágicas, folhas, flores ou raízes é chamado de “patuá de ervas para o amor” ou “sachê de Bruxo”. Usados para a magia do amor são chamados de “patuás do amor” ou “mojos”. Na região sul dos Estados Unidos, são conhecidos como “hoodoo hans”, “tricks” e “tricken bags”. Os nativos americanos chamam-nos de “medicine bundles”, e, na áfrica, recebem o nome de “gris-gris”.
Talismã é um objeto feito a mão, de qualquer feitio ou material, carregado de propriedades mágicas para trazer boa sorte ou fertilidade e para repelir a negatividade.
Para carregar formalmente um talismã com poder é preciso primeiro gravá-lo e depois consagrá-lo. Inscrever nele os signos solar, lunar, astrológico, a data do nascimento, nome rúnico ou outro símbolo mágico que o personalize e lhe empreste um propósito.
O mais famoso de todos os talismãs mágicos é o triângulo Abracadabra que, nos tempos antigos, se acreditava possuir o poder de afastar as doenças e curar a febre quando as suas letras eram arrumadas em forma de pirâmide invertida (figura sagrada e símbolo da trindade) num pedaço de pergaminho, usado em torno do pescoço, enrolado com linho por nove dias e nove noites e, então, atirado sobre o ombro esquerdo num regato que corresse para o leste. (Diz-se que abracadabra é palavra cabalística derivada do nome “Abraxas”, deidade gnóstica mística cujo nome significa “não me atinge”.)
Na magia de Abramelin, talismãs mágicos poderosos, conhecidos como “quadrados mágicos”, são feitos de filas de números ou letras do alfabeto arrumadas de modo que as palavras possam ser lidas vertical e horizontalmente como palíndromos, e o total dos números é o mesmo quando somados em ambas as direções.
Para que um quadrado mágico de números funcione apropriadamente, devem ser incluídos números consecutivos partindo do um até que o quadrado esteja completo e, de acordo com as regras da numerologia, cada número só pode ser usado uma vez em cada quadrado.

12 fevereiro 2016

Nêmesis, a justiça divina


Nix, a noite acima da terra, unindo a Érebus criou Éter - a luz atmosférica e Hemera - a luz do dia. Desdobrando-se sozinha, Nix gerou divindades como as Hespérides, as Moiras, Éris, Lete e Nêmesis. Quase todos os descendentes de Nix foram abstrações personificadas como Nêmesis, que simboliza a indignação pela injustiça praticada e a punição divina diante do comportamento desmedido dos mortais. Os romanos a qualificavam como a inveja. Sua função essencial era restabelecer o equilíbrio quando a justiça deixa de ser praticada. No significado da palavra, em grego significa distribuir; assim Nêmesis é a justiça distributiva. 

Quando Gaia entregou Temis aos cuidados das deusas do destino, Temis e Nêmesispassaram a ser criadas juntas no Olimpo, tendo atributos em comum. Têmis tornou-se a personificação da ética e Nêmesis a personificação da vingança divina. Em Ramnunte localizava-se o templo de Nêmesis, onde havia uma estátua das duas deusas juntas. Quando os persas tentaram tomar a cidade de Atenas, Nêmesis interferiu encorajando o exército ateniense, pois os persas demonstram demasiada confiança na vitória, considerado sinal de desmesura - Hibrys. 

Nêmesis representa a força encarregada de abater toda a desmesura - Hibrys, como o excesso de felicidade de um mortal ou o orgulho dos reis em sua supremacia, etc. Essa é uma concepção fundamental do espírito helênico: tudo o que se eleva acima da sua condição, tanto no bem quanto no mal, expõe-se a represálias dos deuses. Tende, com efeito, a subverter a ordem do mundo, a pôr em perigo o equilibrio universal e, por isso, devia ser castigado para garantir que o universo se mantivesse como era. 

A palavra Nêmesis originalmente significava "distribuição da sorte", nem boa nem má, simplesmente, na proporção devida a cada um segundo seu merecimento. Poderia também ser o ressentimento quando alguém sofria por uma atitude alheia e Nemêsis não permitia que o ofensor passasse impune. Nas tragédias gregas, Nêmesis apareceuprincipalmente como o vingadora do crime e castigadora da arrogância, assemelhando-se às Erínias. 

Alguns a chamavam de Adrastéia que significa "aquela de quem não há escapatória". Como deusa da devida proporção e equilibrio, ela punia toda transgressão dos limites da moderação e restaurava a normal e boa ordem das coisas. E ao punir a ostentação desenfreada, ela se tornou uma divindade de castigo e vingança. Ostentando uma espada que representa a justiça, traz nas mãos uma ampulheta que adverte que a justiça pode demorar, mas é certeira. Por isso, muitas vezes é relacionada ao karma.

Nêmesis era também chamada "a inevitável". Atualmente, o termo Nêmesis é usado para descrever o pior inimigo de uma pessoa, normalmente alguém ou algo que é exatamente o oposto de si mas que é, também, de algum modo muito semelhante a si. É algo como o seu arquiinimigo, algo que o anula, mas nutre-lhe um grande respeito e admiração.


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Jung, médico suíço, foi um dos discípulos prediletos de Freud até se tornar um herege da psicanálise. Jung criou a psicologia arquetípica ou os modelos, padrões recorrentes e fixos que variam na forma, mas se repetem no conteúdo subjacente, mudam na superfície, mas não nos alicerces, mantendo a mesma essência com variadas máscaras.Dois dos muitos arquétipos são a híbris e a nêmesis.

A híbris é a arrogância do poder; a nêmesis é a punição dessa arrogância. Elas estão presentes quando a natureza pune a pretensão dos que se acham poderosos o suficiente para manipular o mundo e a vida a seu bel prazer. Às vezes é possível ser híbris e nêmesis ao mesmo tempo, provocando reações mistas. 

É compreensível que tenhamos orgulho das nossas conquistas resultantes dos nossos esforços, representada pela hybris. Porém, quando isso se torna motivo de soberba, com certeza veremos as nêmesis chegando até nós através dos que se afastam ou nos condenam diante da nossa reprovável arrogância e prepotência. Isso se aplica às pessoas, às nações, times de futebol e qualquer outro que tenha excesso de confiança, esquecendo que o equilibrio está na moderação. A arte imita a vida, e o filme Titanic expressou isso muito bem; um iceberg foi a nêmesis que causou o naufrágio do navio considerado inaufragável...