19 dezembro 2014

A DEUSA E O DEUS

A DEUSA E O DEUS



 "No momento infinito a Deusa se elevou do caos e criou tudo aquilo que é, foi e será"
Trecho do mito Wiccaniano da Criação

A Wicca é uma religião matrifocal e exatamente por isso honra o Sagrado Feminino em todas as suas muitas manifestações.
Para as crenças Wiccanianas, o universo e tudo o que existe foi criado pela Deusa, que é considerada a primeira divindade da humanidade desde o início dos tempos, de acordo com as evidências arqueológicas. 
Estatuetas representando a Deusa foram encontradas em diversos sítios arqueológicos de diferentes culturas, demonstrando assim que um dia uma Deusa, e não um Deus, foi a divindade central de culto para as antigas civilizações. Algumas dessas esculturas são tão antigas que datam do paleolítico superior, que ocorreu por volta de  25000 AEC, e foram sempre encontradas perto de grutas, cavernas, círculos de pedras e cemitérios o que seguramente as conecta com algo sagrado.
Uma segunda divindade representando os aspectos masculinos da criação também é celebrada. Ele é o Deus Cornífero, chamado muitas vezes simplesmente de o Deus, protetor das florestas e dos animais que presidia principalmente a caça.  Seu culto foi proeminente no Paleolítico, aproximadamente 12 mil anos atrás, onde os homens o representaram nas paredes das cavernas.
Desta forma, mesmo sendo considerada uma religião centrada no Sagrado Feminino, a Wicca é baseada na dualidade que reflete o equilíbrio e energia da natureza. A Deusa é considerada a doadora da vida enquanto o Deus é o fertilizador. 
Em muitas civilizações antigas a Deusa era simbolizada pelo lua e o Deus pelo sol, expressando mais uma vez o perfeito equilíbrio das forças naturais. A Deusa e o Deus são considerados parte de nós e estão vivos em todas as coisas e em todos os lugares, uma vez que a Wicca encara o Divino de forma Panteística.
Como os diferentes Deuses são apenas a compreensão do Divino pelos muitos povos, há uma crença comum entre a maioria das diferentes vertentes da Arte, que afirma todas as Deusas serem a Deusa e todos os Deuses serem o Deus. Exatamente por este motivo, os panteões escolhidos por uma ou outra pessoa para expressar o seu entendimento do Divino pode variar substancialmente. Você encontrará alguns Bruxos que cultuam Deuses do panteão celta e outros que trabalham com o egípcio, nórdico, grego, sumeriano, romano ou com todos eles, variando à cada ritual.  Outros Bruxos, no entanto, preferem não nomear a face feminina e masculina do Sagrado e limitam-se a chamá-los apenas de a Deusa e o Deus.
Para as práticas Wiccanianas a Deusa se expressa de forma Tríplice como a Donzela, a Mãe e a Anciã, representando os diferentes estágios da vida da mulher e a lua respectivamente como crescente, cheia e minguante. Essas são consideradas as três faces da Deusa e é por este motivo que Ela muitas vezes é chamada de a Deusa Tripla do Círculo do Renascimento, pois mostra sua face de Donzela na fase crescente, torna-se a Mãe na Cheia, é a sábia Anciã na Minguante, aparentemente desaparece nos primeiros dias da nova, quando não há lua no céu, e renasce novamente na crescente, jovem e bela.
Como Donzela, Ela representa o início, o idealismo e o florescer da vida. Sua cor sagrada nesta face é o branco.
Como a Mãe, Ela representa o nascimento, a fertilidade e a maternidade. Sua cor sagrada nesta face é o vermelho.
Como a Anciã , Ela representa a sabedoria, o conhecimento e a transformação. Sua cor sagrada nesta face é o preto.
O Deus Cornífero é o filho e consorte da Deusa. Ele é o senhor da fauna e da flora e também o protetor da criação da Deusa.
É necessário deixar claro que a visão do Deus para a Wicca em nada se parece com o patriarcal Deus expresso pelas religiões judaico-cristãs. O Deus da Wicca é vivo, forte, sexual, ligado aos animais, não sendo em nada semelhante ao assexuado e transcendental Deus monoteísta. Ele representa tudo o que é bom e prazeroso como a vida, o amor, a luz, o sexo, a fertilização. 
Com a chegada do Cristianismo na Europa com todo o seu conjunto de pecados, proibições e tabus sexuais, o Deus Cornífero foi transformado na figura do Demônio e do mal pelos primeiros cristãos. Até então o Diabo jamais tinha sido representado com chifres na cabeça e isso só aconteceu para denegrir a imagem do Deus dos Bruxos.
O Deus Cornífero orna chifres em sua cabeça não por ser o Diabo, pois Bruxos nem nele acreditam, mas por causa da sua ligação com os animais e a caça. Ele não é de nenhuma forma o Demônio e muito menos é o Deus cristão.
Por ser simbolizado pelo próprio Sol, o Deus mostra suas diferentes faces através da viagem do astro pelas 4 estações do ano.  Isto reflete as mudanças dos ciclos sazonais. Ele nasce no Solstício de inverno como um jovem bebê, cresce na Primavera e tornado-se um jovem viril, no verão ele atinge sua maturidade e no outono torna-se o sábio Ancião e se prepara para retornar ao ventre da Deusa e renascer no primeiro dia do inverno.
A união da Deusa e do Deus traz vida e luz à Terra e por isso é sagrada. Eles estão ligados a todos os aspectos da vida humana e a tudo o que existe. 
Os Wiccanianos cultuam seus Deuses para pedirem por saúde, paz, harmonia, sucesso e prosperidade da mesma forma que os praticantes de quaisquer outras religiões fazem. No nosso dia a dia desenvolvemos uma prática constante de meditações, rituais e invocações que possibilitam o desenvolvimento de nossa relação com o Sagrado.  Qualquer pessoa pode e deve explorar a energia e poder da Deusa e do Deus. 
Sua lei é o amor em suas múltiplas formas.
Se você for capaz de amar você poderá alcançá-los. Eles estão dentro de todos nós, esperando o nosso chamado para que possamos nos tornar um reflexo do seu amor.

Grasiela Marchioro

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